A Loucura e a Alienação em Doença Mental e Personalidade e Doença Mental e Psicologia
A visão do filósofo e psicólogo francês Michel Foucault sobre a Psicologia e sua relação com a doença mental, a loucura, a alienação e a verdade sofreu transformações entre os anos de 1954, quando ele escreveu a obra Doença mental e personalidade, e 1962, quando ele escreveu a segunda edição intitulada Doença mental e psicologia. Em 1954, Foucault tinha como influências o marxismo e a obra Sonho e Existência de Binswanger, enquanto que suas influências em 1962 eram Nietzsche, com sua ideia de verdade como acontecimento histórico, e Blanchot.
As diferenças entre uma obra e outra são encontradas logo na introdução. Na do texto de 1954, o autor busca …exibir mais conteúdo…
Na Introdução da Segunda parte de ambas as obras, Foucault afirma que “a doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal.” 6 e então expõe o pensamento de Durkheim de que qualquer indivíduo localizado acima ou abaixo do nível “normal” é considerado doente; e o pensamento de Benedict de que o indivíduo que não possui qualidades com valor para sua cultura é considerado doente. Foucault discorda das duas visões, pois elas veem a doença como algo marginal (não se encaixa na cultura) e virtual (para Durkheim, como uma variação estatística, e, para Benedict, como cultural – em ambos os casos, é uma visão de doença sem realidade). O que Foucault afirma é que a marginalidade da doença é algo da nossa cultura, mas não algo natural. Ao discordar das visões marginal e virtual da doença, Foucault conclui a Introdução da Segunda Parte com duas perguntas, e a primeira delas desencadeia duas visões completamente divergentes entre uma obra e outra, que são apresentadas nos capítulos que se seguem.
Essa pergunta é: “Como chegou nossa cultura a dar à doença o sentido de desvio, e ao doente um status que o exclui?” 7. Em 1954, Foucault defende que foi