Uma perspectiva não escolar no estudo sociológico da escola
MARILIA PONTES SPOSITO
MARILIA PONTES
SPOSITO é professora da Faculdade de Educação da USP.
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Se a escola tem ocupado o centro da
reflexão sociológica sobre a educação, no
Brasil, é preciso reconhecer que essa mesma reflexão apresenta algumas rupturas e delimita, também, possíveis continuidades.
Sem realizar um balanço da sociologia da educação, como outros já o fizeram, é possível retomar alguns aspectos dessa tradição, sobretudo aquela que nasce na USP no início da década de 1950, para evidenciar o quanto algumas dessas orientações permitem, ainda hoje, oferecer caminhos sugestivos, capazes de enriquecer a compreensão sobre a instituição …exibir mais conteúdo…
REVISTA USP, São Paulo, n.57, p. 210-226, março/maio 2003
1 Ao analisar essa formulação de Bourdieu, Catani, Catani e
Pereira (2001, p. 128) alertam que, para ele, “a questão a ser pesquisada em cada caso particular – entendido sempre como ‘modalidade do possível’, isto é, ‘o invariante na variante observada’ – é sempre a contribuição do sistema de ensino e a forma específica pela qual esta se reveste para a reprodução da estrutura das relações, simultaneamente de força e simbólicas, entre todos os agentes sociais (grupos, classes, instituições)”.
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o estudo da escola ainda constitui campo importante da reflexão sociológica sobre a educação, desde que incorporado no quadro de uma maior complexidade das relações entre as agências socializadoras (2).
A pertinente expressão de Heloísa Fernandes (1994) “sociedade escolarizada” retém a relevância da escola quando afirma estar essa instituição no centro das referências identificatórias do mundo moderno, independente de nossa adesão ou crítica.
Uma orientação mais aberta impediria não só que a sociologia da educação se transformasse apenas em uma sociologia da escola, mas resultaria em uma