Elementos fundamentais da cultura portuguesa
Às vezes não há mais do quevárias mentalidades em conflito real ou latente, que, com o decorrer da história, vão to-mando alternadamente a orientação do conjunto. Convém compreender como tal fenómenose passa, pois, muitas vezes, podem tomar-se como características dum povo aspectosculturais duma só região. Também pode suceder que tomemos por cultura nacional ascaracterísticas duma classe que deixou de ser a expressão superior de todo o povo, para sersimplesmente uma autocracia que impõe a esse povo normas de conduta e cuja cultura nãocorresponde à personalidade-base da nação. Há povos em que a homogeneidade das partes que os constituem e a colaboraçãoextensiva de indivíduos de todas as classes, por um elevado nível de instrução geral,tornam particularmente fácil o estudo da sua cultura. Estão neste caso, por exemplo, asnações escandinavas e a Holanda. Noutros casos, as diferenças regionais muito acentuadasimpediram ou dificultaram a unificação, que só se fez tardiamente ou por imposição maisou menos forçada duma dessas regiões sobre as outras. São estes, por exemplo, os casos daItália e da Alemanha, onde ainda hoje se mantêm dialectos e formas de cultura superiorque são simplesmente regionais. De qualquer maneira, a unificação das nações com regiõesculturais heterogéneas tem de se apoiar num poderoso elemento polarizador das energiasnacionais. A maior parte das vezes esse elemento é político e resulta da imposição, mais oumenos violenta, dos padrões de cultura