Concepções de território para entender a desterritorialização
p. 45 – “Como sabemos, o conceito de território é amplamente utilizado não apenas na Geografia, mas também em áreas como a Ciência Política (especialmente no que se refere ao Estado) e a Antropologia (principalmente em relação às sociedades tradicionais, com vínculos espaciais mais pronunciados).
p. 45 – “Fica evidente que a resposta a esses referenciais irá responder, sobretudo, da posição filosófica a que estiver filiado o pesquisador. Assim, um marxista, dentro do materialismo histórico e dialético, irá defender uma noção …exibir mais conteúdo…
É assim que o território cultural precede o território político e com ainda mais razão precede o espaço econômico (ib., p. 10). Nas sociedades agrícolas pré-industriais e nas sociedades ‘primitivas’ de caçadores e coletores,
O território não se definia por um princípio material de apropriação, mas por um princípio cultural de identificação ou, se preferirmos, de pertencimento. Este princípio explica a intensidade da relação ao território. Ele não pode ser percebido apenas como uma posse ou como uma entidade exterior à sociedade que o habita. É uma parcela de identidade, fonte de uma relação de essência efetiva ou mesmo amorosa ao espaço (ib., p. 13).
p. 51 – “Os autores enfatizam que a ligação dos povos tradicionais ao espaço de vida era mais intensa porque, além de um território-fonte de recursos, o espaço era ‘ocupado’ de forma mais ainda intensa através da apropriação simbólico-religiosa.
Pertencemos a um território, não o possuímos, guardamo-lo, habitamo-lo, impregnamo-los dele. Além disso, os viventes não são os únicos a ocupar o território, a presença dos mortos marca-o mais do que nunca com o signo do sagrado. Enfim, o território não diz respeito apenas a função ou ao ter, mas a ser. Esquecer esse princípio espiritual e não material é se sujeitar a não compreender a violência trágica de muitas lutas e conflitos que afetam o mundo de hoje: