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Coerência entre foto e texto nos jornais Diário Catarinense e sul Brasil (página 3)

Cristiane Ramos do Prado
Partes: 1, 2, 3, 4

Mas afinal, qual é o futuro do fotojornalismo? Uma pergunta que cala e ao mesmo tempo grita no ouvido dos profissionais dessa estirpe. Até quando terão os "fotojornalistas" espaço, numa era que o redator é o mesmo que tira a foto, e que o texto é "quase" o mais importante. O século dos "fotojornalistas" passou. Foram eles que deram à história a visão do passado e presente, fato que não tem comparação com qualquer período da existência da raça humana. O registro da realidade tornou-se possível numa fração de segundos e foi o fotojornalismo que ofereceu a informação acima de tudo. A fotografia é sim, sem sombra de dúvida, uma das principais revoluções da história midiática e antropológica, e aquele que a nega, nega parte da história, bem como a si mesmo.

8 PERFIL DOS JORNAIS DIÁRIO CATARINENSE E SUL BRASIL

8.1 História do grupo RBS

Em 1957, teve início a RBS, fundada por Maurício Sirotsky Sobrinho e Frederico Arnaldo Ballvé. Para concretizarem um sonho, eles implantaram, em Porto Alegre, uma estação-chave, a Rádio Gaúcha. Cinco anos depois, inauguraram, em Porto Alegre, a TV Gaúcha, que em 1965 afiliou-se à Rede Globo de Televisão.

A inovação da rede continuou ano após ano, e em 1969, a RBS TV expandiu-se com 12 emissoras no Rio Grande do Sul e cinco em Santa Catarina. Já em 1970 o Grupo RBS assumiu o controle acionário do jornal Zero Hora, que tinha sido fundado seis anos antes, iniciando uma fase de atuação nas três mídias: televisão, rádio e jornal. "Dentro da mídia impressa foram feitas modificações para haver dinamismo, nova linha editorial, tudo para atender às necessidades do leitor", escreve o responsável pelo site do Diário Catarinense.

Outras datas que fazem parte da trajetória do Grupo RBS:

- 1973, é formada a rede de Rádio FM;

- 1979, acontece a expansão da RBS para o Estado de Santa Catarina;

- 1982, é criada a Fundação RBS, hoje Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho;

- 1986, nasce em Florianópolis o jornal Diário Catarinense;

- 1992, é adquirido o Jornal de Santa Catarina, em Blumenau, e no mesmo ano, é feita a operação de sistema de TV por assinatura nos três Estados do Sul: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná;

- 1995, é lançada a TV COM, a primeira TV Comunitária Brasileira;

- 1996, é realizada à Associação com a Nutecnet para desenvolver o primeiro portal Brasileiro na Internet; e

- 2000, é lançado o projeto RBS interativa[25]

8.2 Jornais do grupo RBS

A RBS tem cinco jornais em nível estadual e regional nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os jornais Zero Hora, com abrangência em todo o Rio Grande do Sul, e o Diário Gaúcho, de abrangência na região metropolitana da capital, ambos com sede em Porto Alegre e o jornal Pioneiro, localizado em Caxias do Sul, que faz cobertura na região Nordeste do Estado.

Em Santa Catarina, a cobertura impressa se dá através do Diário Catarinense, jornal que atua em caráter estadual, e o Jornal de Santa Catarina, que faz cobertura dentro da região do Vale do Itajaí.

8.3 Jornal Diário Catarinense: sonho que virou realidade

A criação do D.C. foi uma demonstração do adicional da crença da Rede Brasil Sul na importância social dos meios de comunicação. O jornal estreitou ainda mais os laços da empresa com a comunidade catarinense, que já eram fortes devido à atuação da RBS TV e das rádios. A continuidade nos investimentos em nossos jornais é prova do quanto acreditamos no futuro da mídia impressa. Catastróficos de plantão previam que os jornais em papel seriam extintos e "engolidos" pelos meios de comunicação eletrônicos. Estamos demostrando o contrário. Os jornais se consolidaram, novos títulos surgem, inclusive servindo-se dessas novas tecnologias como a Internet. Mesmo afirmando que a RBS sempre estará aberta às novas tecnologias, Jayme Sirotsky reitera o propósito da empresa de continuar investindo nas mídias convencionais- jornal, rádio, televisão. Temos hoje um conceito de liderança, uma intimidade, uma relação de confiança com os leitores do D.C. E é nisto que continuaremos apostando no futuro. (Comentário do presidente do Conselho de Administração do grupo RBS, Jaime Sirotsky, sobre a edição nº 5000 do Diário Catarinense).

Dentre os 293 municípios existentes em Santa Catarina, o jornal Diário Catarinense circula em 234.

O Diário Catarinense possui 91% do mercado publicitário da mídia impressa na Capital do Estado Catarinense, Florianópolis, e 61,3% no resto do Estado. Esse jornal, em formato tablóide, é o único do Grupo RBS que não foi adquirido através de terceiros. Inaugurado em 1986 foi ousado e inovador ao tornar-se o primeiro jornal informatizado no país.

O nome do jornal, Diário Catarinense, foi alvo de muitas críticas porque não tinha uma imagem satisfatória perante o Estado, fato que foi desconsiderado pela empresa. Isso aconteceu porque em outra época, Diário Catarinense foi o nome do jornal da Cadeia Diários Associados, jornal redigido em Florianópolis, editado e impresso nas oficinas do jornal de Joinville, durante anos. Além desse problema, na época, a maioria dos jornais existentes não tinha nenhuma credibilidade perante os leitores, porque eram ligados a partidos políticos, Isso dificultou em muito a fixação do veículo no Estado, até porque, em 1986 o jornalismo impresso era composto por 72 veículos, mas que apenas atendiam regiões isoladas do Estado e não o Estado por inteiro. Com isso, o Diário Catarinense adquiriu diferenciação dos demais.

Em 4 de maio de 1986, através da participação do governador em exercício, Esperidião Amim, foram ativadas as rotativas localizadas em Florianópolis, oficializando a primeira edição do jornal. Antes disso, porém, uma equipe de profissionais participou na produção de 49 pilotos feitos de janeiro a abril do mesmo ano, com projeto gráfico do professor Mário Carramello Garcia.

A filosofia central, a linha editorial do jornal, é advinda dos próprios fundadores, Maurício Sirotsky Sobrinho e Frederico Arnaldo Ballvé,

Todo homem, numa sociedade inteiramente livre e democrática, tem o direito de transmitir e receber informações e idéias através dos meios de comunicação. Por esta razão, temor, através de muitas dificuldades em anos passados, buscando servir, em igualdade de condições, a todos, garantindo à sociedade a informação, a discussão e o debate, sempre numa linha de imparcialidade, deixando que as opiniões aflorem, sem magoar intencionalmente a quem quer que seja.

8.4 Cadernos especiais

O Diário Catarinense oferece várias opções de cadernos, todos destinados a atender às necessidades de seus leitores e oferecer aos anunciantes espaços adequados para que encontrem seu público específico.

8.5 Cadernos semanais: Variedades, Revista DC, Revista da TV, Esporte

O caderno de variedades é bem ilustrado com informações sobre os acontecimentos culturais, shows, obras de arte e destaques culturais do dia e da semana. É publicado de segunda à sábado. A Revista DC publicada no domingo apresenta tudo sobre moda, decoração, gastronomia, beleza, cultura, roteiros de cinema e muitas outras informações.

A Revista da TV, também publicada no domingo, mostra o que acontece na TV, resumo das novelas, filmes, perfil de atores e curiosidades dos bastidores do mundo artístico. O caderno de Esportes traz um elevado número de leitura mostrando o melhor do esporte estadual e nacional, com destaque para o esporte amador. Além de informações sobre tudo que foi e será notícia durante a semana.

8.6 Caderno quinzenal: Bella

O caderno publicado na sexta-feira com grande tráfego de leitura entre as mulheres. Dá dicas de moda e beleza, abordando tendências e lançamentos.

8.7 Caderno mensal: Casa nova

Este caderno dá informações sobre decoração de ambientes, construção, reformas, paisagismo, projetos e revela tendências para esse segmento. Dia de publicação - terça-feira.

8.8 Cadernos classificados: Diversos, Veículos, Imóveis

Publicados nos domingos, terças, quartas e quintas-feiras.

O Caderno Diversos trata-se do maior guia de ofertas de empregos de Santa Catarina, sendo uma fonte de emprego para empregados e empregadores em relação aos veículos. Traz um roteiro completo de mercado de compra e venda, e nos imóveis, tem as melhores ofertas do segmento em Santa Catarina.

8.9 Informação obtida via telefone referente ao Jornal Diário Catarinense

Diário Catarinense - Com Thelmo Kussel - Diretor do Departamento de Marketing.

Linha Editorial: o Jornal Diário Catarinense tem ligação com a comunidade. Sua função é mostrar o mundo para as empresas, buscando a satisfação do cliente, sem vínculos.

8.10 Estrutura do Diário Catarinense

Na época de inauguração, o jornal atingia 166 municípios, com circulação média de 26 mil exemplares, tanto em relação aos vendidos em banca, quanto aos exemplares advindos de assinatura. Hoje, possui uma circulação média de 38 mil exemplares nos dias úteis e mais de 60 mil exemplares nos domingos.

Dentro do Diário Catarinense a publicidade varia entre 40 a 50% do total do jornal e o número de funcionários é de 400 pessoas, sendo 104 jornalistas formados, oito são fotógrafos em Florianópolis e um em cada uma destas cidades: Lages, Criciúma, Joinville e Chapecó. Todas as editorias têm um editor, somente a editoria de opinião que tem dois. O jornal tem sucursais em Criciúma, Chapecó, Lages, Joinville e Blumenau (onde o Jornal Santa Catarina, do mesmo grupo RBS, produz matérias para o DC).

Em todo o Estado de Santa Catarina

Domingo avulsa: 24.003

Domingo assinatura: 24.973

2º feira: avulsa 6.219

2º feira: assinatura 22.077

3º feira: avulsa 6.664

3º feira: assinatura 22.177

4º feira: avulsa 6.071

4º feira: assinatura 22.217

5º feira: avulsa 8.596

5º feira: assinatura 22.393

6º feira: avulsa 5.439

6º feira: assinatura 22.389

Sábado: avulsa 4.199

Sábado: assinatura 25.056

Com a somatória das assinaturas diárias resulta em: 161.282 e das vendas também somadas totaliza: 61.191. Os leitores têm a opção de assinar um ou mais dias, portanto, não necessariamente o assinante de 2º feira, é o mesmo de 3º feira e assim sucessivamente.

Segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), responsável pela estatística de empresas jornalísticas impressas do país, o jornal Diário Catarinense durante o segundo semestre de 2001 no município de Chapecó, em relação às vendas avulsas foram 193 exemplares aos domingos e 53 exemplares de 2º feira a Sábado. O número de assinantes é 745 leitores. Estes dados são os mais recentes repassados pela Central de Atendimento ao leitor em Florianópolis, Santa Catarina.

No Diário Catarinense, há um editor de fotografia, Jurandir Silveira[26]que declara que depois da implantação do equipamento digital, através do scaner de negativo houve agilidade no jornal, além da qualidade ficar superior. Segundo ele, a prioridade de foto no jornal é a criatividade com qualidade, criatividade com iluminação, enquadramento, tudo influencia na hora de colocar a foto no jornal. Em relação à responsabilidade do editor fotográfico, Silveira comenta que a figura desse profissional não tem mais de 20 anos de existência e considera que para chegar nesse cargo é necessário ter algum tempo de experiência, técnica, curso de desenho e principalmente compromisso jornalístico.

Já no que diz respeito à utilização de programas de computador declara que é parte da técnica, é um meio, para ele o Photoshop não interferiu no trabalho do fotógrafo. "Com esse programa acabaram as fases intermediárias, apenas mudou mais, antes na época que comecei era com chumbo, depois fotolito, as novidades estão surgindo, como, por exemplo, o jornal eletrônico".

Para o editor geral do Diário Catarinense as fotografias têm a valorização que merecem no jornal que ele trabalha, onde caso as fotos sejam consideradas "boas", elas vão ocupar até quatro colunas nas páginas. Do ponto de vista dele, a fotografia é importante quando agrega um fator informativo ao leitor. Sobre o jornal, Thomas declara:

Um jornal que se esforça para ser regional, mesmo diante das diferenças regionais existentes entre as seis principais regiões de Santa Catarina. Se trata de um desafio diário. O novo projeto gráfico do DC estreou em 5 de maio de 2001. A mudança possibilitou a publicação de mais informações em cada edição.

Apesar da tecnologia digital, o jornal tem somente uma máquina digital profissional, em conseqüência do custo alto desse equipamento. Segundo o editor geral, os jornais estão migrando das fotografias em filmes para as digitais, mas o Diário Catarinense vai demorar algum tempo para usar essa nova tecnologia de imagem. Em média as fotografias de arquivo ocupam 20% por edição, depende do dia, não é uma regra.

8.11 Jornal de Chapecó

A cidade de Chapecó, localizada no oeste catarinense, iniciou com a imprensa escrita em 1931. Através do jornal A voz de Chapecó, o qual expressava principalmente os interesses dos fundadores. Para defender os ideais de outras pessoas surgiu o jornal O Imparcial que contra-atacava, quando necessário. Com o passar dos anos foram fundados diversos meios de comunicação: televisão, rádio, jornais e periódicos, oportunizando às pessoas a realização de sonhos, bem como fundar um jornal.

8.12 História do Jornal Sul Brasil

O jornal Sul Brasil Expresso, atual Sul Brasil, foi fundando por Rubens Amilton Ferreira da Luz e sua esposa Eli Weber. Sendo ele ex-militar começou a trabalhar no jornal A Notícia, na matriz em Joinville. Quando mudou-se para Chapecó, designado a ocupar a gerência da sucursal do Jornal, ficou na função oito meses, por falta de adaptação na mesma.

Iniciou depois um processo de transferência para o antigo jornal O Iguaçu, onde permaneceu sete meses. Passado o período, resolveu, com a ajuda da família de sua esposa, fazer um jornal diário em Chapecó. Observando a qualidade do produto circulando no mercado, elaborou um projeto editorial, colocando em circulação o jornal Sul Brasil. Inovador na cidade, contendo redação informatizada e uma impressora plana, possuindo a proposta de apresentar um produto completamente imparcial.

Entretanto, as atividades jornalísticas aconteceram realmente e definitivamente em quinze de setembro de mil novecentos e noventa e três. Após três meses de operacionalidades maquinárias, circulou a primeira edição do jornal, exatamente no dia vinte e quatro de novembro de mil novecentos e noventa e três. Devido a um problema na primeira impressora que culminou com a primeira e séria crise econômica da empresa.

A máquina foi substituída com recursos oriundos de um financiamento bancário. A partir daí, a empresa começou a operar no vermelho. Desativado por trinta dias, o Sul Brasil voltou a circular, através do jornalista Alcebíades Santos, profissional respeitável na cidade, tendo atuado no Diário da Manhã e na sucursal do Diário Catarinense por dez anos, o qual possuía devida procuração para exercer a administração do jornal.

Com a nova administração, o jornal passou de dez para doze páginas e mudou a diagramação das páginas internas. Enquanto isso, Rubens Amilton Ferreira da Luz, foi morar no Maranhão para trabalhar em um jornal diário, cujos proprietários pertencem à família de José Sarney, onde tornou-se gerente de circulação.

Em oito de outubro de mil novecentos e noventa e seis, Rubens Amilton Ferreira da Luz vendeu a empresa jornalista Sul Brasil para Décio Rosa, representando do contrato social por Elaine Tognon, juntamente com Juliana Stela Schneider que representa sua mãe, Ivone. São 93 municípios onde o jornal circula, desde Chapecó a Joaçaba.

8.13 Por que o nome Sul Brasil Expresso?

Foi realizado um concurso, com um determinado Colégio de Chapecó, para escolher o nome do jornal. Dentre tantas sugestões dos alunos, optou-se por Sul Brasil Expresso. Tempos depois, extraiu-se parte do nome Expresso, ficando Sul Brasil, aparecendo no mercado segundo o diretor geral/comercial Dércio da Rosa, com o propósito de fazer um jornalismo descompromissado política e economicamente.

8.14 As manchetes da capa, na primeira edição foram:

  • Casan – falta de recursos atrasa ampliação

  • Menino de onze anos sabe o calendário de cor até o ano 2500.

8.15 Cadernos semanais

  • 2º feira: Caderno de Esporte

  • 3º feira: Caderno de Saúde

  • 4 e 6º feira: Caderno do Oeste

  • Sábado e Domingo: Caderno Imobiliário

8.16 Estrutura do Sul Brasil

Na época que começou a circular o jornal Sul Brasil tinha média de 500 exemplares. Em 2002, a tiragem que circula é de oito mil exemplares, contando com as vendas avulsas e cortesia.

São 35 funcionários, quatro repórteres, dois formados em graduação de jornalismo, o mesmo repórter que redige o texto também fotografa. Não há editor específico de fotografia no jornal. Assinatura em Chapecó são 5.100 exemplares/dia. Venda avulsa em Chapecó são 300/dia. Assinatura nos outros municípios que abrange são dois mil exemplares. Venda avulsa nesses mesmos municípios 300/dia. Além de 300/dia jornais destinados para cortesia a pessoas físicas e empresas.

"A linha editorial é a busca constante em sempre estar ligado ao leitor, tentando ser o mais imparcial possível", disse a editora geral Elaine Carrasco. Segundo ela o jornal prima por incluir fotografias em matérias que tenham verdadeira importância a imagem, caso contrário, no caso do Sul Brasil, é retirado a foto e publicado outra matéria. O uso de fotos, para ela, aumentou há alguns meses na capa do jornal, de forma a chamar mais a atenção do leitor. "A fotografia é tão importante quanto a matéria, enquanto existir o jornal impresso a foto também vai existir e o ideal é cada matéria ter uma foto, mas nem sempre isso é possível. Sempre a foto jornalística, que informe, como o texto", destacou.

9 COERÊNCIA ENTRE FOTO E TEXTO NO JORNAL IMPRESSO

9.1 Conceitos

Conforme o Dicionário Master (1994, p.199) coerência é um estado ou qualidade de coerente, ligação, harmonia, conexão ou nexo entre os fatos, ou as idéias.

Um texto considerado coerente é aquele que contém uma organização lógica de idéias, com início, meio e fim, além da adequação da linguagem ao tipo de texto.

A coerência, por sua vez, manifestada em grande parte macrotextualmente, refere-se aos modos como os componentes do universo textual, isto é, os conceitos e as relações subjacentes ao texto de superfície, se unem numa configuração, de maneira reciprocamente acessível e relevante. Assim a coerência é o resultado de processos cognitivos operantes entre os usuários e não mero traço dos textos (FÁVERO, 1993, p.10).

Da mesma forma que Fávero pensa Koch (2002, p.11;17),

[...] a coerência é algo que se estabelece na interação, na interlocução, numa situação comunicativa entre dois usuários. [...] A coerência seria a possibilidade de estabelecer, no texto, alguma forma de unidade ou relação. Essa unidade é sempre apresentada como uma unidade de sentido no texto, o que caracteriza a coerência como global, isto é, referente ao texto como um todo. A coerência é vista também como uma continuidade de sentidos perceptível no texto, resultando numa conexão conceitual cognitiva entre elementos do texto. [...] A coerência é "o resultado da atualização de significados potenciais que vai configurar um sentido", é o resultado de processos cognitivos operantes entre os usuários e não mero traço de textos.

A coerência é conceituada também como algo que tenha sentido, onde haja um princípio de "interpretabilidade" do contexto textual ou da imagem, situação que o observador pode relacionar todos os recursos contidos no que vê.

O estabelecimento da coerência é gerado através da transmissão informativa, onde são primordiais dois elementos o transmissor e o receptor da mensagem, seja ela verbal ou não-verbal. A conexão entre foto e texto é resultado da relação harmônica entre o que o texto relata e o que a imagem mostra. Porque sem coerência não existirá compreensão e independente da extensão do conteúdo da imagem ou do texto é preciso ter sentido.

Quando se afirma que não existe coerência entre os recursos (foto e texto) é devido a falta de ligação entre eles. "A falta de coerência acontece quando: não há concatenação ou argumentação, não há verossimilhança (semelhança com o possível)" (CAMPEDELLI, 1998, p.43).

Os mecanismos que geram coerência entre foto e texto são os valores jornalísticos definidos por Recuero, onde ocorrem as respostas as questões o que?, quando?, onde?, Informa?, questiona?, esclarece?, suscita emoções, sentimentos? E desperta atenção para o texto? Quando esses valores não são executados dentro do jornalismo, acontece a ruptura da coerência entre a foto e o texto, além disso, o excesso do uso de fotos ilustrativas e de arquivo também influenciam na falta de coerência.

9.2 Análise das matérias com fotos nos jornais Diário Catarinense e Sul Brasil

A função de uma fotografia no jornal não se limita apenas a ser um complemento da matéria. Ela comunica ao leitor aspectos importantes da notícia, além disso desperta a atenção ao texto jornalístico.

Recuero[27]coloca que a fotografia de jornal deve levar em consideração, além dos valores técnicos[28]os valores artísticos[29]e os valores jornalísticos[30]

Como a fotografia contém elementos abstratos – e também concretos - torna-se difícil analisar uma fotografia de imprensa, e não raro, adquire interpretações errôneas dependendo do contexto em que é inserida. Desta forma ela deve ser o mais clara possível, sem que a legenda precise explicá-la, mas sim ser um complemento da notícia.

Lima (1989, p.56) coloca que as funções da legenda são três: a complementar, a explicativa e a evocadora. Além disso, a legenda deve levar em consideração três fatores: importância dos elementos abstratos que contêm a informação; forma como se deseja influenciar a leitura da interpretação e relação entre a fotografia e o título da matéria.

Já o crédito na fotografia constitui-se do nome do fotógrafo ou da agência que fotografou o fato. Deve ser publicada em todas as fotos de acordo com legislação específica. Para a observação da foto, do crédito do fotógrafo, da leitura do título, texto e legenda, foi necessário analisar a existência ou não de relação entre estes recursos.

Para descobrir se havia coerência entre eles foram escolhidas as matérias com fotos, seis de cada jornal (três com coerência e três sem coerência), percebendo a estrutura do conteúdo jornalístico da fotografia e do texto, ou seja, se ambos tinham ligação entre si e se a fotografia completava visualmente aquilo que estava escrito na notícia. Essas matérias com foto foram scaneadas e são apresentadas a seguir, com a devida análise realizada em cada uma delas.

9.3 Jornal Sul Brasil

Jornal: Sul Brasil

Data: 12/03/2002

Título: Vereadores renunciam a cargos e Câmara elege novo presidente hoje

Legenda: PT ameaça ir a justiça se proporcionalidade não for respeitada

Página: 3

Crédito na Foto: não tem

Monografias.com

Há coerência entre foto e texto. Entre eles houve o cumprimento do papel de ambos os recursos, informar ao leitor de forma simples e coesa, sem interferências. O texto noticiou sobre o acontecimento de uma sessão na Câmara dos Vereadores e descreveu a opinião do candidato, vereador Antônio Varella.

A fotografia registrou o momento da sessão e o fotógrafo enquadrou uma das pessoas entrevistadas (o candidato). Cumpriu seu papel informativo.

A legenda situa-se na "Legenda Explicativa", pois remete o leitor aos elementos abstratos que não poderia identificar caso não lesse o texto.

Jornal: Sul Brasil

Data: 15/03/2002

Título: Deputados propõem uma discussão mais ampla sobre transgênicos

Legenda: Biehl: mais segurança

Página: 3

Crédito na Foto: não tem

Monografias.com

O texto não tem coerência com a fotografia, em conseqüência do primeiro relatar sobre a opinião dos "deputados" que discutiram sobre os transgênicos. Já a foto mostra apenas um dos deputados, deveria para ter ligação entre texto e foto uma foto de vários deputados durante a discussão que eles tiveram.

Esta é uma foto provavelmente de arquivo. Foto considerada "morta". De acordo com os valores jornalísticos, a foto não esclarece sobre o enfoque principal da notícia.

Jornal: Sul Brasil

Data: 16 e17/03/2002

Título: Carraro pede interferência de Amin para ativação do VOR e DME no Aeroporto

Legenda: Diretoria da Acic entregou pedido a Amin

Página: 3

Crédito na Foto: não tem.

Monografias.com

Existe uma certa coerência entre a foto e o texto. A foto mostra o que o texto detalha sem maiores preocupações com a imagem. O texto contextualiza sobre o fato de forma simples e rápida. A foto registra o encontro.

A foto poderia ter sido feita junto aos equipamentos ou no aeroporto, o que daria mais dinamismo e despertaria maior interesse pela foto e conseqüentemente pela notícia.

A legenda é do tipo "Legenda Explicativa", já que permite ao leitor tomar conhecimentos dos elementos abstratos (a entrega do pedido da Acic), pois a primeira vista aparenta apenas um grupo de políticos e empresários conversando.

Jornal: Sul Brasil

Data: 20/03/2002

Título: Sander reforça com Malan o pedido de expansão do gasoduto

Legenda: Deputado Milton Sander

Página: 3

Crédito na Foto: não tem

Monografias.com

Não há coerência entre foto e texto, em conseqüência da notícia relatar sobre o encontro entre dois personagens (Milton Sander e Pedro Malan) e a foto mostra apenas um. Esta foto não passa ao leitor a visualização da notícia e perde o sentido informativo da imagem.

O texto, por outro lado, é informativo e esclarecedor. A fotografia, um "boneco", registra o personagem, deputado Milton Sander, distraído olhando para o lado. Parece ser uma foto arquivo.

A legenda enquadra-se na "Legenda complementar".

Jornal: Sul Brasil

Data: 22/03/2002

Título: Proposta do governo não enfraquece sindicatos

Legenda: Hugo Biehl

Página: 3

Crédito na Foto: não tem

Monografias.com

De acordo com a análise realizada, percebe-se que o texto e a foto tem coerência entre si, pois relata a opinião do personagem retratado, sobre o assunto em pauta. O texto é conciso, breve e transmite a informação opinativa de Hugo Biehl.

A fotografia, "boneco", passa ao leitor a idéia de que o personagem estava sendo entrevistado, pois ele está olhando para o lado direito como se estivesse prestando atenção na pergunta do repórter. A fotografia esclarece ao leitor quem é o personagem descrito na matéria.

A legenda é do tipo "Legenda Complementar", pois complementa com breves palavras quem é o personagem na fotografia.

Jornal: Sul Brasil

Data: 05/04/2002

Título: Vereadores de Águas Frias definem integrantes da CPI

Legenda: Cargos Aberto Daga presidente da Câmara de Vereadores

Página: 3

Monografias.com

Esta foto embora pareça ter coerência com o texto, já que mostra o presidente da Câmara de Vereadores, pode ser considerada como uma foto sem coerência. Ela não tem a força de uma fotografia tomada na sessão acontecida na câmara dos vereadores. Como a matéria relata sobre a sessão que aconteceu com vários lideres de partidos, deveria ter uma fotografia que mostrasse esse fato. A impressão que fica é a de que o jornal não tinha a foto da reunião e para preencher o espaço colocaram a foto "boneco" o presidente da câmara.

A idéia que passa é de uma foto de arquivo, ou seja, uma foto "morta". A legenda situa-se no tipo de "Legenda Complementar".

Crédito na Foto: não tem.

9.4 Jornal Diário Catarinense

Jornal: Diário Catarinense

Data: 08/03/2002

Título: Marco Maciel fica no cargo porque foi eleito

Legenda: VICE-PRESIDENTE: Maciel (C) não poderá assumir a Presidência a partir de abril.

Página: 5

Crédito na Foto: tem

Monografias.com

A foto tem coerência com o texto. Ela mostra e evidencia o que a matéria comenta. Ambos se relacionam.

A legenda é a "Legenda Complementar", pois permite o leitor tomar conhecimento do elemento abstrato que existe na foto, não identificável, que é o vice-presidente Marco Maciel, que não pode assumir ao cargo, a partir, de abril.

É uma foto que poderia ser usada em várias circunstâncias. É uma foto que desperta a atenção para o texto.

Jornal: Diário Catarinense

Data: 09/03/2002

Título: Casa Branca exige fim da ofensiva israelense

Legenda: VIOLÊNCIA SEM FIM: Jovem lança pedras contra tropas israelenses

Página: 5

Crédito na foto: tem.

Monografias.com

A foto não tem coerência com o texto. Porque o texto relata sobre a opinião dos Estados Unidos diante do conflito entre Israel e Palestina. Deveria haver uma foto do representante da Casa Branca, mesmo que esta não tivesse tanta "força" de impacto.

A legenda enquadra-se na "Legenda Evocadora", pois fornece os elementos abstratos que faltam para entender a notícia, além de abrir outras perspectivas fazendo o leitor interrogar-se se o jovem está realmente lançando pedras contra as tropas israelenses ou se defendendo.

Jornal: Diário Catarinense

Data: 10/03/2002

Título: Vinho é forte peça de marketing para região

Legenda: NEOTRENTINA - Casette amplia cantina e sua pipa gigante de atração

Página: 5

Monografias.com

A foto tem coerência com o texto. Ela mostra e evidencia o que a matéria comenta. Ambos se relacionam.

A legenda é a "Legenda Complementar", pois permite o leitor tomar conhecimento do elemento abstrato que existe na foto, não identificável, que é o vice-presidente Marco Maciel, que não pode assumir ao cargo, a partir, de abril.

É uma foto que poderia ser usada em várias circunstâncias. É uma foto que desperta a atenção para o texto.

Crédito: tem

Jornal: Diário Catarinense

Data: 16/03/2002

Título: Madrugada de tensão em Itajaí

Legenda: DESEMBARQUE: Tripulantes chegaram às 8h de ontem no Porto de Santos

Página: 5

Crédito na foto: tem

Monografias.com

Monografias.com

Nesta matéria não há coerência entre foto e texto. Porque a foto mostra o desembarque dos tripulantes, enquanto o texto relata sobre o sofrimento das famílias que estavam à espera dos desaparecidos. Deveria ter uma foto que mostrasse a família recebendo os parentes ou então uma foto que mostrasse a família durante a madrugada esperando. Apesar disso, a foto suscita emoções, sentimentos se observada separadamente, porque indica que houve um "final feliz" dos tripulantes desaparecidos. A legenda se enquadra dentro dos parâmetros da "Legenda Explicativa".

Jornal: Diário Catarinense

Data: 22/03/2002

Título: Contaminação no Oeste atinge 85% das fontes

Legenda: LAJEADO SÃO JOSÉ: Rio apresenta 5 mil coliformes fecais por 100 mililitros

Página: 5

Crédito na foto: tem

Monografias.com

Há coerência entre foto e texto. O texto esclarece ao leitor. A foto demonstra o que o texto diz, estes recursos se completam, ambos cumprem o seu papel de forma adequada. A foto informa e desperta a atenção para o texto. A legenda se enquadra na "Legenda Complementar".

Jornal: Diário Catarinense

Data: 01/04/2002

Título: Papa: "Declararam guerra à paz"

Legenda: CUSTO: Israel gastará US$ 150 milhões/mês com 20 mil reservistas

Página: 5

Crédito na Foto: tem

Monografias.com

Não existe coerência entre a foto e o texto. A foto mostra reservistas israelenses e o texto comenta sobre o que o Papa acha a respeito. Deveria ter uma foto do Papa e não dos reservistas, porque a matéria relata o que o Papa pensa sobre a guerra.

Esta foto chama a atenção para o texto, embora não esclareça sobre a fotografia em questão, ou seja, o leitor caso leia o texto pode se perguntar, o que essa foto tem a ver com esse texto?

A legenda situa-se na "Legenda Evocadora". Remete a outras informações que não constam no texto, abre outras leituras subjacentes no texto.

Nos dois jornais, Diário Catarinense e Sul Brasil as páginas analisadas são as impares, porque conforme os teóricos jornalísticos, estas páginas são consideradas nobres em sua essência, pois ao abrir o jornal para leitura, o leitor em primeira instância vê as páginas impares e depois as pares. Conseqüentemente, as principais matérias são inseridas nessas páginas, de modo a chamar mais a atenção do leitor. No jornal Sul Brasil as páginas analisadas pertencem a número três e no Diário Catarinense a número cinco.

Para conhecer se existe ou não coerência entre foto e texto, fez-se necessário uma leitura do texto e da fotografia, bem como verificar se ambas tinham relação entre si ou se a imagem apenas preenchia um espaço não cumprindo seu papel de informar o leitor. No final de cada leitura e conclusão foi observado se havia ou não coerência, somaram-se todos os resultados em três categorias – sim, não e sem foto-. Para a obtenção de uma visão geral, a análise foi realizada de forma separada nos jornais Diário Catarinense e Sul Brasil.

9.5 Jornal Diário Catarinense

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Figura 1: Porcentagem referente a análise feita na página 5 do jornal Diário Catarinense sobre se existe ou não coerência entre foto e texto

Pôde-se observar este resultado: no jornal Diário Catarinense, 63% das matérias com foto são coerentes, 24% não são e 13% não continham fotos e, portanto, não foi possível realizar a análise.

9.6 Jornal Sul Brasil

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Figura 2: Porcentagem referente a análise de entre foto/texto do jornal Sul Brasil na página três.

Entre as matérias analisadas no jornal Sul Brasil constatou-se que 54% delas contêm coerência entre foto/texto, 30% não têm e 16% não foi possível executar a análise porque havia somente textos sem fotos.

10 RECEPÇÃO

10.1 Emissor e Receptor

Qualquer comunicação objetiva transmitir uma idéia. Para que ela ocorra com eficácia, deve haver emissor, receptor e mensagem. As formas de comunicação são variadas, mas, independente disso, a informação parte de um emissor para um receptor. É papel do primeiro transmitir e do segundo absorver e selecionar a mensagem.

Os estudos de recepção personificam números e gráficos que consideram que atrás de cada jornal, ou de qualquer outra mídia, existe um leitor, ávido por informações. A comunicação visual tem sido explorada ao longo da história desde nossos ancestrais através de pinturas em cavernas. Naquela época essas pessoas já pensavam no receptor, porque através de seus desenhos marcavam territórios e registravam fatos ocorridos com eles.

Atualmente, com a evolução humana, o homem deixou de se comunicar através das paredes das cavernas para entrar na era da comunicação de massa, da indústria cultural, que produz bens e serviços.

A comunicação, informação e o conhecimento são interligados entre si, porque ao nos comunicarmos repassamos idéias, ou seja, informações, e assim adquirimos conhecimento. Isso se repete várias vezes, todos os dias, esses dados ficam armazenados e cabe ao receptor filtrá-los.

Em cada imagem, em cada palavra dita, em cada história contada, há uma intenção de prender o leitor. Portanto, cada vez mais a leitura da imagem tem dado ao receptor um acesso à compreensão das mensagens para ele designadas. Na observação de uma imagem o receptor, mesmo inconscientemente, aflora seus sentidos vitais e conforme o caso filtra ou não a cena vista. Através da fotografia, isso também acontece.

A fotografia fez com que a realidade fosse impressa com um tom maior de fidelidade. Os retoques, os ângulos, a luz influenciavam e ainda influenciam no resultado final. Hoje a fotografia conta com a ajuda dos computadores que manipulam a imagem. Por isso o receptor em comunicação é visto numa linha limite entre o sujeito-indivíduo e o sujeito-social. É através da cultura, suas condições e situações, que se busca formas de compreender, empírica e teoricamente, o receptor.

Muitos são os receptores. O que muda neles é apenas a forma que eles vêem uma cena fotográfica, uns analisam os detalhes, outros o todo da cena, mas ambos têm em comum a absorção. Em relação à fotografia é preciso saber que ela é distinta de outras formas de comunicação, porque ela mostra ocultando, ou seja, "escolhe" um segundo e um detalhe do fato, não consegue retratar o que aconteceu depois daquele segundo, somente se o repórter fotográfico fizer um ensaio de fotografias, mas mesmo assim, ele perde cenas que a câmara não conseguiu registrar.

A informação noticiada é fundamental para o público receptor. No ambiente de recepção da mensagem existe uma forte parcela na fixação de idéias na mente dos receptores, bem como a posição em que ele fica ao ler uma reportagem e ver uma fotografia. Mas, além do ambiente, a família é uma das maiores fontes de influência na recepção das mensagens midiáticas, tanto no aspecto visual como o textual.

Considerou-se importante conhecer a opinião dos receptores - dos jornais Diário Catarinense e Sul Brasil - para a pergunta central do trabalho, ou seja, se existe ou não coerência entre foto e o texto. Para isso, foram entrevistados vinte leitores, dez de cada jornal, independente de serem assinantes ou não, todos deveriam ser residentes em Chapecó.

Com a finalidade de conhecer a receptividade do leitor perante o conteúdo jornalístico, aplicou-se entrevistas que dessem respostas opinativas sobre a percepção ou não de erros diante de uma notícia, além da existência ou não de coerência entre foto e texto. Abaixo estão presentes os resultados da pesquisa de recepção, tanto quantitativamente, através de gráficos; quanto qualitativamente, a partir das análises das entrevistas.

10.2 Perfil dos entrevistados de ambos os jornais

Para conhecer a opinião dos leitores dos jornais Sul Brasil e Diário Catarinense, tanto os assinantes, quanto os não-assinantes, foi realizada uma pesquisa qualitativa e quantitativa, através de entrevistas, com vinte leitores, sendo dez de cada jornal, todos residentes no município de Chapecó.

O perfil desses leitores são cinco estudantes, duas bibliotecárias, um engenheiro químico, uma auxiliar de biblioteca, uma jornalista, três professores (as), uma aposentada (professora), uma farmacêutica, uma desempregada (jornalista), um radialista, uma assessora de imprensa, um encarregado de planejamento e uma comerciante. Os nomes dos receptores não vão constar no trabalho, somente o perfil e a opinião deles.

Na escolha desse quadro de entrevistados, levou-se em consideração categorias funcionais diversificadas, para que houvesse um levantamento de como o receptor do jornalismo impresso pensa e analisa o que lê. Caso tivesse sido pré-limitadas algumas categorias, não seria possível conhecer a opinião de um leitor que não se encaixasse numa delas.

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Figura 3: Sexo dos Entrevistados

Entre os receptores, o percentual ficou com 25% do sexo masculino e 75% do sexo feminino.

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Figura 4: Grau de Instrução dos Entrevistados

Em relação ao grau de instrução, a maioria, 35%, está concluindo o nível superior, em segundo lugar, 30%, se encontram os leitores que têm o nível superior completo. No terceiro lugar, aconteceu um empate de 15% entre os leitores pós-graduados e com nível médio completo. O penúltimo lugar, 5%, ficou o receptor com mestrado e em último lugar, 0%, empataram os graus de instrução: ensino fundamental e ensino médio incompleto.

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Figura 5: Faixa Etária dos Entrevistados

Nas respostas dadas pelos vinte receptores dos jornais Sul Brasil e Diário Catarinense, foi possível constatar que a faixa etária de 31 a 40 anos, possui 55% do total e com 25% encontram-se os leitores de 19 a 22 anos. Já com 10% encontram-se os entrevistados que têm a idade entre 41 a 50 anos. Entre 23 a 30 anos e 51 acima houve empate com 5% dos leitores.

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Figura 6: Renda Familiar dos Entrevistados

Quanto à renda mensal, constatou-se que a maioria dos entrevistados, 50%, que lêem os jornais Sul Brasil e Diário Catarinense recebem mais de 13 salários mínimos, o que representa dez receptores, no total. Em contra-ponto, 0% dos entrevistados têm renda entre 1 a 3 salários mínimos ao mês. Mas a segunda maior renda, que é entre 7 a 12 salários, resultou em 30% e a terceira, com 20%, ficou com os que possuem entre 4 a 6 salários mínimos.

10.3 Opinião do receptor dos dois veículos juntos

Atualmente, muitos são os jornais que circulam em nível local, estadual, nacional e internacional. Em Chapecó não é diferente, entre os entrevistados pode-se observar a diversificação de veículos impressos para a aquisição de informação, com total de onze veículos citados. São os seguintes jornais: Sul Brasil, Diário da Manhã, Diário do Iguaçu, A Notícia, Diário Catarinense, Correio do Povo, Zero Hora, Folha das Máquinas, Folha de São Paulo, O Estadão e Gazeta Mercantil. Com os gráficos pode-se observar o percentual de cada jornal jornal lido pelos entrevistados.

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Figura 7: Jornais Locais lidos pelos entrevistados

Os veículos impressos do município de Chapecó, que são: o jornal Sul Brasil, Diário da Manhã e Diário do Iguaçu, foram citados por vários leitores, alguns lêem todos esses jornais, outros apenas alguns. No resultado adquirido através das respostas pode ser observado que o jornal mais lido entre os entrevistados é o Sul Brasil, 36%, apesar de ser também o mais criticado, esse jornal só ganha por 1% em relação ao jornal Diário da Manhã, que ficou com 35%. Por outro lado, o que ocupa o último lugar, o jornal Diário do Iguaçu, não perde muito para os demais, tem 29% de receptores assíduos, ou seja, comparando ao jornal Sul Brasil, tem menos 7% de leitores e em relação ao Diário da Manhã tem menos 6%. Todos os porcentuais surpreenderam porque não há muita diferença entre um jornal e outro.

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Figura 8: Jornais estaduais de Santa Catarina lidos pelos entrevistados

Dos jornais que circulam em caráter estadual em Santa Catarina os mais lidos pelos receptores entrevistados nesta pesquisa foram o jornal A Notícia e o Diário Catarinense. Representando em percentual um valor significativo para o jornal Diário Catarinense, com 76%, e apenas, 24%, do jornal A Notícia.

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Figura 9: Jornais estaduais do Rio Grande do Sul lidos pelos entrevistados.

Quanto aos jornais estaduais que circulam no Rio Grande do Sul, mas também são lidos em Santa Catarina se encontram os jornais Correio do Povo, Zero Hora e Folha das Máquinas. Entre eles o que ultrapassou aos outros dois é o Correio do Povo, com 66%. Mas o Zero Hora e Folha das Máquinas empataram com 17% dos entrevistados, o que em número representa apenas um leitor de cada um.

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Figura 10: Jornais nacionais lidos pelos entrevistados

Dos jornais que circulam em nível nacional, os mais lidos em Chapecó, pelos entrevistados são: Folha de São Paulo, O Estadão e Gazeta Mercantil. O maior número de leitores se encontra com o jornal Folha de São Paulo, que representam quatro pessoas, ou seja, 49%, com apenas um a menos, 38%, se encontram os leitores do jornal Gazeta Mercantil e em último lugar, um leitor, são 13% do total.

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Figura 11: Jornais Assinados pelos entrevistados

No total dos vinte entrevistados, 20% são assinantes do jornal estadual, Diário Catarinense, o índice que superou os demais jornais assinados pelos leitores. Já com 16% ficou o jornal local, Diário do Iguaçu e empatados em terceiro lugar, com 13%, ficaram os jornais locais Sul Brasil e Diário da Manhã. Em quarto lugar, com 8%, também empatados constam os jornais de nível nacional, a Folha de São Paulo, e os estaduais o Correio do Povo e A Notícia. O jornal nacional Gazeta Mercantil, obteve 5%. E em último lugar, com apenas 3% ficaram os jornais estaduais Folha das Máquinas, Zero Hora e o nacional o Estadão.

10.4 Leitores que comparam ou não as informações lidas

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Figura 12: Percentual de leitores que costuma comparar os jornais lidos

No total dos vinte entrevistados, 65% têm o hábito de comparar e 35% não têm. Esse resultado é significativo porque quer dizer que os leitores costumam analisar e questionar a informação recebida.

10.5 Opinião dos leitores separados por jornal

A partir da pergunta número cinco: "As notícias que lê no Diário Catarinense/Sul Brasil são importantes no seu cotidiano? Por quê?", optou-se por analisar separadamente as respostas dadas pelos leitores, visando assim conhecer a opinião do leitor sobre o jornal que costuma ler.

10.5.1 Jornal Diário Catarinense

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Figura 13: Opinião do leitor do jornal Diário Catarinense se as notícias que lê são importantes ou não

O percentual dos leitores do jornal Diário Catarinense que consideram as notícias que lêem, importantes no cotidiano, resultou em 80% para sim, 20% para parcialmente, e 0% para não.

10.5.2 Jornal Sul Brasil

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Figura 14: Opinião do leitor do jornal Sul Brasil se as notícias que lê são importantes ou não

Entretanto, para os leitores do jornal Sul Brasil que consideram como importantes as informações lidas para o dia-a-dia ficou em 0% para não, o mesmo resultado do jornal Diário Catarinense, 30% para parcialmente importante e 70% para sim. Comparando com o jornal Diário Catarinense há 10% de diferença entre um e outro. Porque os que acham as notícias parcialmente importantes no jornal Diário Catarinense são 20% dos entrevistados e no Sul Brasil 30%. Mas os que consideram totalmente importantes as informações lidas no caso do jornal Sul Brasil são 70% e no Diário Catarinense 80%.

10.5.3 O que lê primeiro para entender a fotografia

10.5.3.1 Jornal Diário Catarinense

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Figura 15: Percentual do que o leitor lê primeiro para compreender a fotografia no jornal Diário Catarinense

Para entender a fotografia vista no jornal Diário Catarinense 50% dos leitores lêem primeiro o título, 40% a legenda, 10% só olhando a foto já entendem e 0% dos entrevistados lê o texto e 0% lê os três (título, legenda e texto).

10.5.3.2 Jornal Sul Brasil

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Figura 16: Percentual do que o leitor lê primeiro para compreender a fotografia no jornal Sul Brasil

Quanto aos leitores do jornal Sul Brasil houve um único resultado igual, que foram os 40% de pessoas que primeiro lêem a legenda para compreenderem a foto. Os demais resultados empataram com 30%, com os que lêem o título e 30% os que lêem o texto. Já os três (título, legenda e texto) e nenhum dos três (título, legenda e texto) empataram com 0%.

10.5.4 Confiança nas notícias

Entre os vinte leitores entrevistados para esta pesquisa "Coerência entre foto e texto no jornal impresso", foi possível identificar três categorias: os que confiam sem restrições, os que confiam com algumas ressalvas e os que não confiam nas informações recebidas.

10.5.4.1 Jornal Sul Brasil

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Figura 17: Percentual de leitores que confiam ou não nas notícias do jornal Sul Brasil

Nas entrevistas dos leitores do jornal Sul Brasil, evidenciou-se que nem todos os seus leitores confiam fielmente nas informações recebidas. Isto refere-se tanto ao texto, quanto à fotografia. Em termos percentuais, 40% dos leitores confiam plenamente, 40% confia parcialmente e 20% não confiam.

É sintomático, que 20% do universo pesquisado não confie nas informações e que o motivo da desconfiança, de acordo com os leitores, seja o "possível atrelamento" político e a falta de "investigação aprofundada nos fatos".

O fator confiabilidade em relação ao jornal Sul Brasil pode ser percebido nas respostas dadas pelos leitores.

Um exemplo é uma estudante, que não confia nas informações recebidas porque segundo ela muitas notícias que leu não eram aprofundadas e investigadas de forma adequada, resultando numa notícia com versão errônea, gerando para ela nenhuma credibilidade perante o receptor.

Outra estudante também pensa da mesma forma, e diz perceber os erros informativos, quando lê outros periódicos. Com a mesma visão se enquadra uma bibliotecária, que confia parcialmente porque ao ler o jornal percebeu fatos noticiados de forma errada.

Do ponto de vista de um professor, que lê o jornal diariamente, mas sempre fica desconfiado, o que o impede de acreditar piamente é o envolvimento do veículo com questões diretamente políticas. Para ele, isso prejudica a informação e torna as notícias parciais.

Já o radialista declara que se fosse necessário assinar em baixo da questão credibilidade do jornal, ele não assinaria em hipótese alguma, "[...] eu leio o jornal, eu quero acreditar que as notícias são imparciais, só que infelizmente a gente sabe que muitas vezes o veículo não noticia, por algum certo interesse, ou noticia de uma maneira que bem entender", acrescenta ele. Quanto à assessora de imprensa, ela foi taxativa ao declarar que só confia nos relise que ela envia, e justifica "[...] porque já aconteceu de eles darem uma informação que nos outros era totalmente ao contrário [...]".

Apesar de alguns leitores não confiarem ou confiarem parcialmente nas informações veiculadas pelo jornal Sul Brasil, há aqueles que confiam sem nenhum problema. Este é o caso dessas pessoas. Uma estudante acredita que de acordo com as notícias que ela tem visto, as informações têm sido reais e uma jornalista confia porque para ela nunca houve a publicação de fatos que a levassem desacreditar ou que tenham sido inventados. Para uma comerciante que mantém o hábito de comparar, confia nas informações porque, segundo ela, "fecham" com outros jornais que lê. Na opinião de um professor o que o faz crer nas informações são os profissionais que o jornal possui, os quais consideram profissionais sérios e, dificilmente, publicariam fatos inexistentes ou errados.

10.5.4.2 Jornal Diário Catarinense

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Figura 18: Percentual de leitores que confiam ou não nas notícias do jornal Diário Catarinense

No caso dos entrevistados do jornal Diário Catarinense, 60% respondeu que confia plenamente; 40% confiam parcialmente e 0% não confia no que lê. O 0% é um índice significativo, porque acaba resultando que o jornal tem credibilidade diante de seu leitor. Por outro lado, são 60% que confiam totalmente e 40% que confiam algumas vezes. Em relação à confiança parcial é devido a questões políticas, distorções nas informações e ligação com grandes empresas, como a Rede Globo.

Este é o caso de um engenheiro químico que confia nas informações de forma parcial, porque acredita que o Diário Catarinense tem forte ligação com um veículo "poderoso" no país, a Rede Globo. Já a auxiliar de biblioteca acredita somente quando são notícias, outro tipo de texto incluso no jornal, não acredita.

Conforme o ponto de vista de uma bibliotecária, o fator confiança parcial é resultado de inúmeras informações publicadas de forma diferente de outros jornais. Da mesma forma pensa uma professora que confia parcialmente, "não [...] que se confie mais em um do que em outro, mas sempre há uma certa resistência em acreditar em tudo o que tá". Um encarregado de planejamento pensa ao contrário dela; ele confia nas informações porque tem o hábito de ler outros jornais e ao compará-las considera que são verdadeiras. Os que confiam justificam o motivo. É o caso de uma estudante, uma desempregada e uma aposentada que têm a mesma opinião sobre isso. Elas acreditam nas notícias pela qualidade profissional mantida pelo veículo. Para outra estudante, o jornal tem credibilidade perante ela e as informações que lê são credíveis e para a farmacêutica o que a faz confiar no jornalismo publicado pelo jornal Diário Catarinense é a extensão dos inúmeros municípios abrangidos pelo jornal.

10.5.5 Coerência entre foto e texto

Segundo os editores dos veículos Sul Brasil e Diário Catarinense um dos fatores preponderantes na inserção de fotografias é chamar a atenção do leitor para leitura da matéria. Entretanto, verificou-se que, em ambos os veículos, ocorre falta de coerência entre foto e texto em algumas notícias publicadas. Uma problemática grave, porque a função principal da foto é informar e não apenas preencher um espaço além, é claro, de ter ligação direta com os dados textuais.

10.5.5.1 Jornal Sul Brasil

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Figura 19: Opinião dos leitores do jornal Sul Brasil se existe coerência ou não entre foto/texto no jornal Sul Brasil

Na visão dos leitores do jornal Sul Brasil, sobre se existe ou não coerência nas imagens fotográficas publicadas nesse veículo, 40% respondeu que sim e 30% considera que há coerência parcialmente e outros 30% que não existe coerência. Um resultado significado porque demonstra que uma parcela dos leitores acreditam que o veículo não é fiel na coerência entre foto e texto.

A assessora de imprensa considera que não haja coerência. "Não existe porque eu já peguei uma foto que não condizia nada com o texto, [...] não fechava", disse. Esta opinião se enquadra também na de duas estudantes. Na opinião de uma delas a inexistência de coerência entre foto e texto é realidade no Sul Brasil. "Não existe coerência, porque as fotos não dizem, o que tu lê, ali tu acha que tá lendo uma coisa, tá vendo a foto, mas o que essa foto tem a ver com essa matéria", enfatizou. Da mesma forma pensa outra estudante entrevistada, que considera que não haja nenhuma coerência:

não existe, porque nenhum, porque às vezes eles colocam uma foto que não tem nada a ver com a matéria ou pegam uma foto de 500 anos atrás que sai toda a edição que sai a mesma foto, do mesmo arquivo, eu acho que eles têm um arquivo lá com 200 fotos e colocam ela, vamos supor quando surge o nome de um presidente eles vão lá e colocam lá, dali duas semanas tem outra notícia e colocam a mesma foto e assim vai.

Para outra estudante há pouca coerência entre foto e texto, mas ao ser indagada se lembra de algum exemplo, disse que não. A parcialidade de fotos com coerência ao texto também é observada por uma bibliotecária. "Eu acho que na maioria, na maioria. Porque dificilmente a gente observa uma foto que não tá relacionada a manchete ou o texto", disse ela. Um professor também considera que somente às vezes ocorre coerência.

De um modo geral não, porque a preocupação é muito mais em ilustrar do que informar através da fotografia, não existe essa preocupação assim do que a fotografia, é no meu ponto de vista, de que a fotografia ela tá ali pra ilustrar na matéria, mas ela não tá pra complementar a informação que o texto traz, que o texto traz e ai, acredito eu que teria esse papel.

Para a jornalista entrevistada, que acompanha as notícias diariamente do jornal Sul Brasil, sempre acontecem a coerência entre foto e texto nas matérias que o jornal publica. Uma opinião parecida tem um professor. "quando o jornal publica há, sempre há uma conexão entre a notícia publicada e a foto, pelo o que eu tenho observado, sim". A comerciante disse que sempre quando abre o jornal, o que chama a atenção é a fotografia e que para ela o texto sempre vai estar relacionado com a imagem. Já um radialista acha que exista coerência que o jornal insere notícias que acompanham bem a tendência jornalística, mas que às vezes o jornal valoriza em excesso determinado fato e isso ele considera errado.

10.5.5.2 Jornal Diário Catarinense

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Figura 20: Opinião dos leitores do jornal Diário Catarinense se existe coerência ou não entre foto/texto no jornal Diário Catarinense.

Entre os entrevistados do jornal Diário Catarinense, 70% consideram que haja coerência entre foto e texto no jornal, 30% que tenha coerência parcialmente e 0% que não tenha nenhuma coerência.

Uma estudante considera que coerência existe, mas que o jornal não usa da imagem para informar, apenas para ilustrar. O engenheiro químico acha que exista coerência e que quando observa a capa do jornal, olha a foto e o título e quando vai ler a matéria nas páginas internas, pensa que tudo está relacionado. A aposentada também pensa assim. Uma estudante considera que o que chama a atenção é a foto e se a foto está interessante, conseqüentemente o leitor vai ler o artigo e ambos estão ligados entre si.

No ponto de vista de uma professora, existe coerência sim, porque ao ver a foto observa que haja coerência entre foto e texto e que a foto algumas vezes também tem relação junto ao título da notícia. Na opinião do encarregado de planejamento, "com certeza existe normalmente as fotos e o texto no DC, eles conseguem fazer um link bem atual, bem resumido em relação ao conteúdo que é trabalhado, então o DC, trabalha legal a parte de fotografia e texto no jornal".

Já para a auxiliar de biblioteca é apenas em alguns casos que ocorre a coerência, em outros é a foto valorizada demais e para ela não haveria necessidade de inserir aquela imagem. Para a farmacêutica a coerência existe na maioria, mas não em todos os casos, então quando é colocada alguma foto o texto vai estar relacionado a ela. Uma desempregada considera que o assunto é bem tratado e a foto tem relação direta com o texto. A parcialidade é destacada por uma bibliotecária

Não totalmente, mas que há falha há, eu acho que se tem uma matéria, deve-se ter a foto relativa à matéria, e também eu acho que um jornal, eu acho que a foto não é tão importante num jornal como a foto de um acidente, se você faz uma chamada, destaca o título da matéria, você chama a atenção sobre ela, muito mais do que uma foto chocante, dum acidente terrível que eu já vi no jornal, aquela coisa que se usa se muito se espreme sai sangue, coisa assim.

10.5.6 Opinião do leitor sobre qual dos dois jornais é mais coerente

Os leitores ao serem indagados sobre qual dos jornais era mais coerente, o percentual ficou a seguinte:

10.5.6.1 Jornal Sul Brasil

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Figura 21: Opinião do leitor do jornal Sul Brasil sobre qual dos dois jornais Diário Catarinense ou Sul Brasil é mais coerente.

Em relação aos leitores do jornal Sul Brasil 70% dos entrevistados consideram que é o jornal Diário Catarinense o mais coerente e 30% acham que os dois jornais são coerentes, 0% não lê os dois jornais (Diário Catarinense e Sul Brasil, somente um deles) e não pode comparar e 0% considera que o Sul Brasil é mais coerente.

10.5.6.2 Jornal Diário Catarinense

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Figura 22: Opinião do leitor do jornal Diário Catarinense sobre qual dos dois jornais Diário Catarinense ou Sul Brasil é mais coerente.

Os leitores do jornal Diário Catarinense ao serem indagados sobre qual dos dois jornais (Diário Catarinense ou Sul Brasil) é mais coerente na publicação de fotos com texto, a maioria 50% respondeu que o mais coerente é o jornal Diário Catarinense. Já 20% considera que ambos tenham coerência e 30% não costuma ler os dois jornais e não pode comparar, lê somente um deles e não tem como fazer essa comparação. Foram 0% de pessoas que disseram que somente o Sul Brasil é coerente.

11 ESPAÇO OCUPADO NO JORNAL

11.1 Diário Catarinense e Sul Brasil

Outro dado acrescentado na pesquisa, de ordem quantitativa, foi a realização de gráficos constando todos os recursos que ocupam a página inteira do jornal. Sendo estes recursos classificados como: foto, texto, publicidade, infográfico e charge.

Utilizou-se medidas em centímetros, para todas as páginas inteiras, de números impares, dos dois jornais, cada recurso em separado. Com a finalidade de conhecer a importância da foto em relação aos recursos gerais contidos na página e saber qual deles ocupavam maior espaço no jornal e conseqüentemente quais são os mais valorizados. Estes dados serviram para subsidiar a pesquisa, permitindo dar maior visibilidade a mesma.

11.1.1 Foto/texto/charge/infográfico/publicidade

11.1.1.1 Jornal Diário Catarinense

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Figura 23: Percentual referente ao espaço destinado a cada recurso no jornal.

Espaço ocupado pelos recursos, 0% de infográfico, 1% em charge, 9% em foto, 44% em publicidade e 46% em texto.

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Figura 24: Percentual referente ao espaço destinado a cada recurso no jornal.

Espaço ocupado pelos recursos: 1% em charge, 2% em infográfico, 8% em foto, 40% em texto e 49% em publicidade.

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Figura 25: Percentual referente ao espaço destinado a cada recurso no jornal.

Espaço ocupado pelos recursos: 0% em charge, 4% em infográfico, 12% em foto, 17% em publicidade e 67% texto.

11.1.1.1.1 Média dos recursos usados na página

A foto ocupa uma média de 9,7% dentro de uma página inteira; a publicidade 51,3%; o texto 51%; o infográfico 3,0% e a charge 0,6%. Os dados demonstram que o texto e a publicidade se equivalem, enquanto que a fotografia ocupa apenas 9,7% dentro de uma página inteira do jornal Diário Catarinense.

11.1.1.2 Foto/texto

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Figura 26: Relação de espaço destinado para foto e texto no jornal.

Espaço ocupado entre foto e textos, 8% para foto e 92% em texto.

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Figura 27: Relação de espaço destinado para foto e texto no jornal.

Espaço ocupado pela foto 10% e pelo texto 90%.

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Figura 28: Relação de espaço destinado para foto e texto no jornal.

Espaço ocupado pela foto 14% e pelo texto 86%.

11.1.1.2.1 Média do espaço texto/foto no jornal (matéria jornalística)

Na média da matéria jornalística, o texto ficou em 89,3% contra 10,7% da fotografia em relação ao texto.

11.1.2 Foto/texto/charge/infográfico/publicidade

11.1.2.1 Jornal Sul Brasil

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Figura 29: Percentual referente ao espaço destinado a cada recurso no jornal.

O espaço ocupado dos recursos, ficou assim dividido: 0% de infográfico e charge, 15% de foto, 38% texto e 47% de publicidade.

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Figura 30: Percentual referente ao espaço destinado a cada recurso no jornal.

O espaço ocupado ficou assim dividido neste gráfico: 0% de charge e infográfico, 20% em foto, 27% em publicidade e 53% em texto.

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Figura 31: Percentual referente ao espaço destinado a cada recurso no jornal.

Espaço entre os recursos, 0% para charge e infográfico, 4% de foto, 40% em publicidade e 56% em texto.

11.1.2.1.1 Média dos recurso usados na página

A foto ocupa uma média de 11,3% dentro de uma página inteira, contra 9,7% do jornal Diário Catarinense; a publicidade 44,7%, o texto 44%. Os dados demonstram que o texto e a publicidade se equivalem em ambos jornais, enquanto que a fotografia tem maior inserção dentro do jornal Sul Brasil do que no jornal Diário Catarinense, é um dado que surpreende a primeira vista. Nesse jornal não foi constatado o uso do infográfico e a charge nas páginas analisadas.

11.1.2.2 Foto/texto

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Figura 32: Espaço destinado entre foto e texto no jornal.

Relação entre foto e texto, a foto ocupa 23% e o texto 77%.

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Figura 33: Espaço destinado entre foto e texto no jornal.

Relação foto e texto, 20% em fotos e 80% em textos.

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Figura 34: Espaço destinado entre foto e texto no jornal.

Relação foto e texto, 11% de foto e 89% de texto.

11.1.2.2.1 Média do espaço texto/foto no jornal (matéria jornalística)

No jornal Sul Brasil a foto ocupa 18% da matéria jornalística, contra 10,7% do jornal Diário Catarinense e o texto ficou com 82% do espaço no Sul Brasil, contra 89,3% do jornal Diário Catarinense. A foto ganha em espaço no Sul Brasil e o texto leva uma pequena vantagem no Diário Catarinense.

12 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A região Oeste de Santa Catarina ocupa 15,90% da área territorial do Estado. Somente o município de Chapecó abrange 624 quilômetros quadrados desse percentual.

Em termos demográficos, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2000), Chapecó tem 146.967 habitantes, sendo 72.600 homens e 74.367 mulheres, 134.592 habitantes no perímetro urbano e 12.375 habitantes no meio rural, dessas pessoas 93,6% são alfabetizadas. Entre os chapecoenses pode-se ressaltar a forte colonização italiana e alemã, onde predominam os descendentes dessa cultura européia.

A cidade de Chapecó é conhecida nacionalmente como sede de algumas das maiores agroindústrias da América Latina. Ela atua no mercado com tecnologia de última geração, instaladas na Sadia, Chapecó, Aurora e Ceval, empresas que abastecem parte do país e exterior com a produção de aves e suínos. Outro destaque municipal é a produção de grãos que atualmente ocupa o primeiro lugar no ranking estadual na área de produção de soja e feijão e também no setor metal-mecânico, como: Increal, Tornofril e Frigosul.

A base econômica da chamada "capital do oeste" é a agroindústria, onde 90% da arrecadação do ICMS provém desse setor industrial, destacam-se as indústrias atuantes nos setores de abate, elaboração de produtos derivados de proteína animal (aves e suínos) e processamento de grãos. No complexo agroindustrial, estão situadas os três maiores frigoríficos de abate de aves e suínos da América Latina, correspondendo a 25% da produção brasileira. Além disso, despontam no município indústrias de plástico, bebidas, móveis e confecções.

O município possui vários veículos de comunicação, como: duas emissoras de televisão – RBS TV e SBT Chapecó, 5 emissoras de rádio – Rádio Índio Condá e Chapecó, AM e as FM Atlântida, Oeste Capital e Antena 1 e três jornais de circulação diária – Diário do Iguaçu, Diário da Manhã e Sul Brasil.

Chapecó é um município que tem se desenvolvido gradativamente e é constituída de habitantes com "fome" de notícias. Isto pode ser comprovado pelo número elevado de jornais assinados e usados como fonte de informação, entre os vinte leitores entrevistados para esta pesquisa. Foram citados onze jornais impressos: Diário da Manhã, Diário do Iguaçu, Sul Brasil, A Notícia, Diário Catarinense, Correio do Povo, Zero Hora, Folha das Máquinas, Folha de São Paulo, O Estadão e a Gazeta Mercantil.

Lustosa (1996, p.29) justifica porque isso acontece,

[...] o veículo de comunicação de massa é comprado porque atende a nossa necessidade de informação. Do contrário, os jornais, por exemplo, não seriam vendidos nas bancas de revistas, pois somente serviriam para embrulhar batata na feira.

A leitura de tantos jornais diferentes transparece a importância para o receptor da informação exata. Verificou-se que um dos motivos para a leitura de tantos jornais é a de confirmar a veracidade dos dados de um jornal com outro.

Do universo pesquisado chegou-se a um índice que pode ser considerado elevado, de sessenta e cinco por cento de leitores que têm o costume de ler as notícias dos jornais Sul Brasil e Diário Catarinense e compará-las com outro veículo de comunicação e apenas trinta e cinco por cento não têm este hábito. Um resultado que demonstra que o público receptor está ciente e atento as informações recebidas pelos meios de comunicação.

Esses dados refletem a realidade que os mass media assumem no mundo contemporâneo. As pessoas não se contentam em apenas ouvir, ler ou assistir notícias, mas estão preocupadas na qualidade da informação que recebem. Outro motivo que aparenta levar as pessoas a comparar os diversos jornais é a linha editorial de cada veículo, devido ao possível "atrelamento" político (econômico, social, educacional, entre outros).

A importância que as pessoas dão às notícias no seu cotidiano pôde ser constatada entre os dez leitores do jornal Diário Catarinense, sendo que, oitenta por cento - uma grande maioria - considera que elas são importantes, zero por cento que nenhuma é importante e vinte por cento que algumas são importantes. Do ponto de vista dos dez leitores do jornal Sul Brasil houve um percentual parecido com o do jornal Diário Catarinense, principalmente no que se refere à importância da notícia. Também resultou em zero por cento dos entrevistados que consideram as notícias sem importância, enquanto que para trinta por cento delas apenas algumas noticias são importantes e para a grande maioria, setenta por cento consideram que todas as notícias são importantes.

Como nem todos os receptores conhecem o processo de elaboração e seleção de pauta, entrevistar, juntar informações e escrever a notícia, editar e publicar, etapas rotineiras aos profissionais do jornalismo, onde a notícia percorre vários caminhos e pode ser transformada em versões distintas, procurou-se conhecer, com base no desconhecimento das pessoas, a confiabilidade delas, perante as notícias lidas nos jornais.

Os veículos têm procurado investir na relação de confiança perante o seu receptor. Juarez Bahia (1990, p.18) explana a respeito,

Credibilidade é o valor de confiança que conjuga no veículo a informação responsável e a informação qualificada. Esse atributo só pode ser emitido pela opinião pública, a quem cabe decidir sobre fatores de fé como independência, reputação, veracidade, coerência, exatidão, objetividade, honestidade, clareza, seriedade, persistência, etc, mas é um dever da imprensa.

Com base nessa afirmação, perguntou-se ao leitor se ele confia, não confia ou confia parcialmente nas notícias lidas, o que resultou entre os leitores do jornal Sul Brasil, um índice percentual de credibilidade de quarenta por cento dos receptores que não confiam nas informações; quarenta por cento confiam parcialmente e vinte por cento não confiam em hipótese alguma. Já para os leitores do jornal Diário Catarinense zero por cento não confiam no que lêem, quarenta por cento confiam parcialmente e - a maioria - sessenta por cento, confiam totalmente sem ressalvas.

Em relação aos resultados referentes ao quesito confiança percebe-se uma diferença considerável entre o jornal local, Sul Brasil, e o jornal estadual Diário Catarinense. O primeiro jornal com quarenta por cento dos leitores que desconfiam das informações veiculadas e zero por cento do segundo jornal.

Uma das explicações pode ser encontrada no fato de que no jornal local as pessoas saibam sobre o acontecimento, através das rádios e televisões locais, da conversa informal entre as pessoas, bem como do caráter estrutural do veículo. A extrema confiança dos leitores no jornal Diário Catarinense pode ser devido à distância geográfica, a abrangência do veículo, não somente local e regional, mas também abordando notícias estaduais, nacionais e internacionais. Além disso, da estrutura e do nome que existe por trás do jornal - Grupo RBS.

Teoricamente esses resultados vêm ao encontro de Lustosa (1996, p. 179) que diz: "[...] os consumidores dos veículos de comunicação de massa não absorvem a totalidade das mensagens como verdadeiras". Também mostra que os leitores não são alienados como alguns jornalistas pensam. Com isso, tem-se a noção exata de que não basta esses profissionais colocarem uma informação no veículo para os seus receptores a considerarem verdadeiras. Até porque muitos leitores vão confirmá-las em outro veículo ou simplesmente farão questionamentos.

É verossímil que o jornalismo tem como finalidade transmitir informações corretas ao receptor. Por outro lado, nem sempre isso acontece. Alguns jornais, por incrível que pareça, pensam que o seu leitor não vai investigar o que acabou de absorver através da notícia, que algum "erro" de informação não vai fazer diferença, um equivoco e lapso que acontece até mesmo em grandes jornais, como a Folha de São Paulo.

Uma outra questão central para o trabalho foi o de conhecer o entendimento da imagem fotográfica no jornal. Em relação aos leitores do jornal Diário Catarinense, cinqüenta por cento dos receptores responderam que lêem primeiro o título, quarenta por cento a legenda, dez por cento só olhando a foto já entendem e zero por cento dos entrevistados lê o texto e zero por cento lê os três (título, legenda e texto).

No caso dos leitores do jornal Sul Brasil, quarenta por cento das pessoas responderam que lêem a legenda, trinta por cento lêem o título e trinta por cento o texto. Já os que lêem os três (título, legenda e texto) resultou em zero por cento e nenhuma dos três (título, legenda e texto) também zero por cento.

Esses dados comprovam que a fotografia não tem cumprido o seu papel informativo, dentro dos valores jornalísticos abordados no referencial teórico. É claro que deve-se considerar a subjetividade do texto visual, mas não se pode perder de vista que a foto jornalística deve se ajustar aos padrões que são próprios do "fazer jornalístico". Diferente de outras formas de fotografia, ela deve conter elementos que, aliados ao texto, farão com que o leitor se indague perante a foto sobre o acontecimento. Para isto, os jornais devem ter profissionais qualificados que exerçam a função e não simplesmente dar a foto um mero sentido ilustrativo ao texto.

O objetivo deste trabalho foi conhecer se existe ou não coerência entre foto e texto, e para tal, pergunta-se: O que caracteriza uma matéria que tenha coerência entre foto e texto? Uma pergunta que tem uma resposta simples, ou seja, é necessário que esses recursos tenham conexão entre si, que atendam a função jornalística: informar, com clareza, obedecendo critérios jornalísticos. Será que todas as fotos de imprensa acompanhadas de texto estão relacionadas entre si? Esta foi a grande pergunta que se propôs conhecer.

Em qualquer tipo de notícia veiculada no jornal o encontro da imagem com o texto vai gerar ao leitor a informação certa. Com o texto ele entende o contexto do fato e com a imagem ele visualiza. O texto não pode viver sem a imagem e a imagem não pode viver sem o texto, ambos são dependentes um do outro. A relação entre um recurso e outro é primordial, caso uma mesma foto seja acompanhada de textos diferentes ela pode obter conotações distintas.

De acordo com a opinião dos leitores do jornal Sul Brasil, quarenta por cento consideram que existe coerência, trinta por cento que não e trinta por cento que existe parcialmente. No caso do jornal Diário Catarinense houve, zero por cento dos receptores que considera que não existe coerência, setenta por cento que existe coerência e trinta por cento que existe, mas parcialmente.

Isso demonstra que o jornal Diário Catarinense, por ser um jornal estadual, com estrutura econômica aparentemente forte, faz com que os entrevistados acreditem que exista coerência entre a foto e o texto nas matérias publicadas por ele. Outro fator que pode estar relacionado a essas constatações são o quadro funcional de profissionais fotógrafos que saibam sobre a qualidade técnica, artística e jornalística. Além disso, existe o editor de fotografia que discute a foto, edição, qualidade e a valorização do fotógrafo através do crédito na foto. Um aspecto que também pode influenciar é a saída conjunta do redator e do fotógrafo no momento de coletar dados para fazer a matéria, ambos opinam e há discussão entre eles sobre cada pauta. Discussão essa que resulta num produto final que imprime ao jornal um diferencial importante.

O que estranha é que quarenta por cento dos leitores do jornal Sul Brasil, disseram haver coerência entre foto e texto, já que esse jornal não possui em seu quadro funcional nenhum repórter fotográfico, porque o redator e o fotógrafo são a mesma pessoa.

Nas constatações realizadas, no jornal Sul Brasil, a partir do texto e foto (matéria jornalística), cinqüenta e quatro por cento delas têm coerência; trinta por cento não tem coerência e dezesseis por cento não havia foto para comparar. Já no jornal Diário Catarinense, sessenta por cento das matérias com foto são coerentes, vinte e quatro por cento não são e treze por cento não continham fotos e, portanto, não foi possível realizar a análise.

Partes: 1, 2, 3, 4


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