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Esta pesquisa pode ser considerada exploratória que conforme Gil (1990, p.38)
Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão geral, de tipo aproximativo, a cerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis.
2.1 Pesquisa Bibliográfica
Na pesquisa bibliográfica abordou-se pontos considerados importantes na construção do trabalho proposto. Para melhor compreensão do referencial teórico usou-se autores que tratassem sobre o tema central – fotojornalismo impresso - e dividiu-se os textos em capítulos e sub-capítulos.
Para Gil (1988, p.43), na pesquisa bibliográfica "[...] o investigador tem a possibilidade de cobrir uma gama de fatos muito mais ampla do que aquela que poderia investigar diretamente".
No trabalho abordou-se sobre a fotografia, história do fotojornalismo, profissional de imprensa, recursos jornalísticos, informatização, coerência entre foto e texto no jornal impresso, recepção, espaço ocupado no jornal e análise e interpretação dos dados.
2.2 Pesquisa Documental
A pesquisa documental se deu a partir dos jornais Diário Catarinense (ano XVI, edições nº 5806 a 5837) e Sul Brasil (ano 8, edições nº 2.352 a 2.378), demarcando um período de 7 de março a 7 de abril de 2002. Com o objetivo de descobrir se existe ou não coerência entre a foto e o texto. Sendo que para análise, usou-se dois tipos de pesquisa, a qualitativa e a quantitativa.
Na pesquisa qualitativa utilizou-se somente as páginas três, do jornal Sul Brasil e as páginas cinco do jornal Diário Catarinense, selecionando-se somente as matérias acompanhadas de foto. A escolha destas páginas deve-se a valorização atribuída para as páginas ímpares que conforme Bahia e outros autores, que consideram como nobres, por serem as primeiras lidas pelos leitores. A análise foi realizada através de uma leitura do texto (matéria jornalística), da foto, do título, da legenda e do crédito na foto, observando se havia ou não coerência entre estes recursos.
Esta metodologia resultou em análise de conteúdo. Esta análise, baseou-se sobretudo nos conceitos de Recuero para fotografia e outros autores para coerência textual. A técnica usada foi a pré-análise (organização do material) e a observação da estrutura do conteúdo jornalístico da fotografia e do texto - se ambos tinham ligação entre si e se a fotografia completava visualmente aquilo que estava escrito na notícia - com base nos conceitos jornalísticos.
Para a realização da análise quantitativa usou-se as mesmas páginas, a página três (Sul Brasil) e a página cinco (Diário Catarinense). Para executar essa fase do trabalho, estipulou-se as categorias, sim, (tem coerência), não (não tem coerência) e sem foto. Com o resultado da soma de cada uma dessas categorias, fez-se uma tabela e posteriormente um gráfico representativo.
Acrescentou-se também na pesquisa, como um dado complementar, de ordem quantitativa, gráficos constando a relação entre a foto e o texto (matéria jornalística) e um gráfico com todos os recursos que ocupam a página inteira do jornal, tais como a foto, o texto, a publicidade, o infográfico e a charge.
Para conhecer o espaço ocupado pelos recursos - foto e texto (matéria jornalística)- e sua valorização no jornal, foi medido em centímetros, todas as páginas de números impares dos dois jornais, cada um desses recursos separadamente.
O método utilizado para esses procedimentos foi medir a altura ocupada pela matéria e multiplicá-la pelo número de colunas. Logo após, realizou-se uma regra de três e então obteve-se a porcentagem do espaço ocupado pelos recursos. Durante a tabulação, levou-se em consideração o padrão de coluna de ambos os jornais, o Diário Catarinense que tem padrão de 5 colunas e o Sul Brasil de 6 colunas, com média de 4,5 cm de largura por coluna. Com os resultados obtidos pelos gráficos foi realizado um somatório e divisão de cada recurso, baseado no método estatístico para encontrar a média. Estes dados serviram para subsidiar a pesquisa, permitindo dar maior visibilidade à mesma.
2.3 Pesquisa de campo
Foram entrevistados vinte leitores, dez de cada jornal, independente de serem assinantes ou não. A amostragem foi por acessibilidade pelos critérios de Gil (1990, p.83),
Constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo é destituído de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido nível de precisão.
Todos residentes na cidade de Chapecó, Santa Catarina. As entrevistas foram estruturadas e não estruturadas, optando nesta última pela entrevista não-diretiva.
As entrevistas estruturadas foram aquelas que buscaram descobrir o perfil do leitor, através de perguntas fechadas, tais como: profissão, idade, sexo, grau de instrução, renda familiar e cidade em que reside.
De acordo com Barros (1990, p.58) nas entrevistas estruturadas "o entrevistador estabelece um roteiro prévio de perguntas; não há liberdade de alteração dos tópicos e nem se faz a inclusão de questões frente às situações".
Nas entrevistas sobre a opinião dos entrevistados, tanto nas generalizadas (ambos os jornais), como nas específicas de cada jornal, aplicou-se as entrevistas semi-estruturadas e não-diretivas. A elaboração dessas perguntas teve como objetivo conhecer a receptividade do leitor perante o conteúdo jornalístico e se ele percebe e analisa a existência ou não de coerência entre foto/texto no jornal impresso.
Na opinião de Barros (1990, p.58) a entrevista não-diretiva é aquela onde,
[...]o pesquisador pode explorar os dados verbalizados em relação aos modelos culturais que se manifestam na vivência dos indivíduos envolvidos na situação estudada. A ênfase será em estudar os elementos psicossociais subjacentes na verbalização, no discurso do entrevistado. Existe então uma procura de dados nas relações estabelecidas entre as falas individuais, a afetividade, o cotidiano e, por outro lado, a cultura, as ideologias, nas suas dimensões: social e individual.
Após a tabulação dos dados, partiu-se para a análise de conteúdo nos moldes já descritos no trabalho documental e finalizou-se com uma análise e interpretação dos dados obtidos.
3.1 O ato fotográfico
Apesar da evolução histórica, a fotografia jornalística continua, perante o senso comum, a passar pelo espelho do real tal como este se apresenta perante a câmara num breve instante, isto é, o que a foto regista "é verdade", aconteceu, e o fotógrafo esteve lá para o testemunhar. Esta noção da fotografia como espelho do real, imagem reflectida que não mente, está profundamente vinculada à história cultural da fotografia e, apesar das novas tecnologias da fotografia digital, estamos convencidos de que terá ecos no futuro. Não é de espantar: lançada num ambiente positivista, a fotografia desenvolveu-se, inicialmente, numa época histórica em que o valor do facto era grande, pelo que é com alguma naturalidade que a foto —vista como um registo, funcionando como prova— se ligou à ciência, aos governos, aos militares, à indústria e, principalmente, às organizações noticiosas, envolvidas num processo de industrialização que as levaria, em relação com o positivismo, à adopção da ideologia da objectividade (SOUZA, 1998)[1].
As manifestações artísticas e factuais da sociedade pré-revolução industrial eram resumidas em desenhos, esculturas e pinturas. A forma de expressão dos homens pré-históricos constituía de esboçar nas paredes das cavernas muitos desenhos, os quais até hoje são estudados pelos especialistas dessa área, os paleantropólogos. Séculos mais tarde, precisamente no século XIX, o termo "fotografia", incorpora-se à linguagem diária da sociedade como uma nova forma de expressão e comunicação. Originária das palavras gregas, PHOTO/luz e GRAPHEIN/escrita, ou seja, escrever com luz, a fotografia designa a imagem fixada no papel, através de processos químicos, físicos e óticos.
A fotografia como um dos primeiros meios de comunicação mecânica conseguiu resgatar o passado, as crenças, os valores, os costumes e ideologias e a própria realidade, já que antes da invenção da fotografia eram os pintores que detinham a supremacia de recriar os acontecimentos. Os pintores, não raro, "fantasiavam" os fatos através de vários artifícios, tais como: as roupas dos personagens retratados ou cenários inexistentes.
Uma das primeiras manifestações da fotografia, pós-invenção, foi o retrato que questionou o mundo das artes, abrindo uma discussão entre o que seria do domínio da arte propriamente dito e o que seria do domínio da técnica, no caso, a fotográfica. Ambos são arte? Esta é a pergunta que ainda na contemporaneidade se faz e que tem levado muitos teóricos a discorrer sobre isso.
A invenção e a difusão social desse meio de reprodução da imagem alastrou-se pelas diferentes camadas sociais, em vários países, após o avanço tecnológico e econômico decorrido da Revolução Industrial. A imagem fotográfica entusiasmou as pessoas pelo seu poder de retratar a realidade tal qual era. A fotografia inaugura uma nova forma de ver e pensar sobre o mundo. A palavra já não basta para que o homem descreva seus feitos, são necessárias imagens comprovadoras.
Para existir a qualidade fotográfica dos dias atuais, desde os daguerreótipos2 até a máquina digital, foram necessárias muitas experiências e análises. O início disso aconteceu enquanto Aristóteles descobridor da câmara escura, observava o eclipse solar. Um tempo depois, no século XI, Leonardo da Vinci foi quem detalhou a câmara escura para melhor utilizá-la. A câmara escura era uma caixa preta, que com o auxílio de um orifício em uma das paredes, projetava objetos colocados no lado externo da caixa. Com o passar dos anos a tecnologia trouxe a facilidade de poder carregar e manusear vários tipos de câmeras fotográficas, das simples às digitais.
Durante todo esse processo da evolução técnica fotográfica, a foto, "nascida num ambiente positivista", começou a ser utilizada dentro do âmbito jornalístico, revolucionando o mass media. Ao longo da evolução do fotojornalismo houve adoção do profissionalismo técnico e noticioso. O retrato, antes individual, foi substituído pelo retrato coletivo.
A fotografia deixa de ser apenas um enfeite na estante e nas paredes do âmbito familiar e passa a tornar-se informação. Isso tudo pode ser observado através da obra de Ivan Lima (1989, p. 9):
Não é possível imaginar a imprensa sem a fotografia. A introdução da fotografia na imprensa foi um fenômeno de importância capital. Ela mudou a visão das massas. Até então o homem comum só visualizava os acontecimentos que ocorriam ao seu lado, na rua, em sua cidade. Com a fotografia, uma janela se abriu para o mundo.
A imagem fotográfica trouxe benefícios, principalmente ao campo jornalístico, mas, no início da propagação da fotografia o exótico torna-se o alvo mais fotografado, independente de ser ou não noticioso. A preferência constituída de belas paisagens da natureza e lugares desconhecidos pela maioria. Essa fase da fotografia ficou conhecida como picturialista até porque as técnicas fotográficas não permitiam, ainda, a foto em movimento devido às suas limitações. Nos jornais estavam presentes fotos de retrato (boneco) e paisagens porque não havia a possibilidade de captar o movimento.
Com o avanço tecnológico, principalmente, a partir do filme 35mm e das máquinas fotográficas monoreflex, o repórter fotográfico consegue movimentar-se livremente. O fotojornalismo beneficia-se dessa evolução e junto com a impressão dos meios tons da fotografia, na mídia impressa, instaura-se uma nova era para a fotografia na imprensa, que é o flagrante.
Nasce o fotojornalismo. No fotojornalismo a função da fotografia é a de registrar imagens que tenham caráter informativo, interpretativo, documental ou ilustrativo para a mídia impressa. Independente em qual desses gêneros a foto se encaixe e em qual delas seja utilizado, todas têm em comum o caráter informativo, contextualizador, formador e esclarecedor do assunto noticioso.
Essa nova forma de registrar os acontecimentos trouxe impacto visual nas notícias veiculadas em jornais impressos, porque houve mudanças conceituais em relação ao uso das fotografias. Antes, considerada como um "acessório", uma mera ilustração, as fotografias de imprensa mais do que revolucionaram o mundo da comunicação, tornaram-se a prova da realidade do fato.
As fotografias já transformaram e ainda transformam pensamentos. Além disso, elas clareiam e até mudam pré-conceitos antigos impregnados nos indivíduos que as observam. Uma imagem quando observada pode transmitir alegria, tristeza, decepção, justiça, injustiça, sofrimento, informação, enfatizando e induzindo a ler a notícia propriamente dita e complementando o texto que a acompanha.
Embora uma das funções da fotografia seja congelar uma parte da realidade que sobrevive à passagem do tempo, nela está presente também o sentido de preservação, de histórico porque preserva a imagem do lugar, das coisas, do ambiente em si. Bianco (1998, p.205) ao referir-se a esta questão, diz que "ao congelar a fluidez do tempo, a imagem fotográfica posiciona o tema da imagem e o espectador em uma dimensão espacial próxima, embora estejam situados em uma dimensão temporal diferente". A temporalidade e espacialidade dentro do fotojornalismo somente poderão ser resolvidas através dos textos explicativos como a legenda, o título e o próprio texto.
A fotografia após ser analisada possibilita uma interpretação seja por dedução, análise e comparação. A fotografia não é um objeto neutro. Ela transmite significados que influenciam nas mensagens transmitidas. O leitor pode ignorar alguns significados e assimilar outros. Pode-se tocar a imagem fotográfica, ela é bidimensional, achatada, tem uma materialidade, uma textura. É uma inscrição, uma marca da realidade vista aos olhos do fotógrafo.
Toda foto possui um referente, remete-se a alguma coisa, ao objeto fotografado e por isto mesmo, confunde-se como testemunho. Ela registra o que nunca mais vai se repetir, é nela que há certificação, ratificação e autentificação do acontecido, é o fato exato que prepondera no fotojornalismo. A fotografia, assim, possui uma outra função, que é a da construção de uma nova ou da própria realidade.
Um caso típico na imprensa é a foto de arquivo, um recurso de que se valem os jornais quando não têm a foto do acontecimento ou dos personagens, quando não é possível estar no local no momento do fato e usa-se uma foto representativa, ou seja, uma foto que represente o real modificado, que é o processo de conotação. Ela representa a realidade, mas não é exatamente a realidade. Neste caso, a fotografia pode evocar através de seu poder de denotação, o acontecimento, através dos textos explicativos, uma nova realidade que não é aquela propriamente.
No fotojornalismo, para que exista qualidade e ética, é necessário haver seriedade por parte de todos os jornalistas que compõem o jornal. Caso contrário, incorrerão no erro de inserir fotos, apenas para preencher espaço e não para priorizar o sentido informativo da foto. Um fator preponderante é do que Lima (1989, p.63) comenta,
Uma das grandes vantagens da fotografia é a facilidade com que ela é memorizada. Os olhos vêem antes de lerem. Quando há visão e leitura, a memorização aumenta, mas de uma forma geral a pessoa se lembra mais do que viu do que leu. A memória visual do que lemos é formada a partir da leitura, enquanto a fotografia nós já temos a imagem pronta, com muito menos elementos abstratos. Assim, quando o editor de um jornal quer reforçar e prolongar o impacto da notícia sobre o leitor, a fotografia é ressaltada.
A imagem fotográfica é uma forma de repassar uma idéia ou notícia. Ela se divide em duas categorias a pictural e a funcional. A primeira, quer mostrar a beleza e a criação. A segunda, objetiva informar o leitor do periódico. Neste caso, é o impacto que prepondera, porque a informação é fundamental ao receptor. Cada detalhe pode ser observado pelo leitor, por isso a importância de uma "boa" relação entre a máquina e o fotógrafo. Este profissional tem a responsabilidade de, em questão de segundos, contar um fato que pode ter levado horas para acontecer.
As fotos, antes pouco valorizadas e usadas dentro dos jornais, tornaram-se parte essencial da informação e pode-se dizer que uma notícia sem foto torna-se "fria" na visão do leitor mais crítico e até mesmo do leitor analfabeto que lê a informação através da fotografia. A informação não-verbal assegurou dentro da mídia impressa, conforme Barthes (1985, p.135), "um certificado de presença" do jornal junto aos fatos.
Através da disseminação da foto jornalística o mundo caminha para tornar-se pequeno, pois o fato retratado do oriente pode ser conhecido no ocidente praticamente no mesmo instante em que aconteceu, e foi esta direção que trouxe a facilitação para uma aldeia "global e glocal[2]
O jornalismo foi, assim, uma das primeiras actividades a socorrer-se da fotografia: ao funcionar como prova, beneficiando do efeito-verdade, a fotografia credibilizaria os enunciados verbais e as representações da realidade que esses enunciados criavam, acompanhados, agora, pelas fotos. (SOUZA, 1998).
3.2 História: um invento que mudou o mundo
Em 1822, o litógrafo francês Nicéphore Niépce usou de ácido nítrico para fixar uma imagem. Esta façanha deu certo após oito horas de exposição, que ele denominou como "heliografia", precursora da fotografia. Naquela época, Niépce, não era o único pesquisador, havia também Louis Jacques Mandé Daguerre que uniu seus estudos aos de Niépce.
Eles inventaram um método de fixação de imagem em placas de prata polida e perceberam que ao submetê-las ao iodo ocorria a formação de uma fina camada de iodeto de prata que exposto à luz mudava de cor. Depois de longas análises e após a morte de Niépce, Daguerre, através de Arago, apresentou seu trabalho à Academia de Ciências da França, em 19 de agosto de 1839, entregando seu invento mediante uma poupança vitalícia ao governo Francês, denominado daguerreótipo.
Nesse mesmo período, em 1833, no Brasil, Hércules Florence, fazia experiências de impressão e também acabou descobrindo a fotografia, sem saber que na Europa haviam pessoas que também faziam experiências. Um ano depois, Florence começa a utilizar o termo Photographie.
Em Paris, 1846, houve a venda de meio milhão de placas e 200 aparelhos fotográficos, um elevado número para um invento ainda em experimentação, apesar disso, o alvo principal dos "fotógrafos" eram naturezas mortas e paisagens, porque os indivíduos não conseguiam permanecer o tempo necessário, entre 15 a 30 minutos. Com o tempo, o custo e o período de exposição perante o aparelho fotográfico diminuíram e houve a democratização e expansão dessa nova forma de linguagem.
Em 1839, Talbot, considerado hoje como "pai" da fotografia, substitui as placas de metal por papel impregnado de sal marinho e nitrato de prata. Um ano depois John Draper reproduziu a primeira imagem bem sucedida do rosto humano. Já em 1841 houve a utilização da placa de vidro com uma camada de albumina, com Abel Niépce, de Saint-Victor.
Na Grã Bretanha em 1851, Frederick Scott Archer, inventa o colódio úmido, uma mistura de éter, algodão, pólvora e álcool para unir sais de prata nas placas de vidro. Mais tarde esta junção de elementos foi adaptada ao ambrótipo e assim diminuiu custos e facilitou a expansão da utilização da fotografia pelos retratistas, que gerou a popularização dos retratos. No ano de 1860, surgem os primeiros fotógrafos oficiais. Sete anos depois, o físico francês Louis Ducos, anunciou a fotografia colorida.
Com os irmãos Lumiére, em 1906, inicia-se a realização comercial de placa em triconomia, permitindo a fotografia em cores por síntese aditiva. Já em 1910, a Europa revoluciona o jornalismo e neste ano começam a circular diversos jornais impressos.
Através de outros experimentos, Richard Leach Maddox trocou o colódio pela emulsão de gelatina e brometo de prata. Essa placa seca passou a ser produzida em grande escala e com isso liberou o fotógrafo de fazer suas próprias placas. Isso revolucionou o processo fotográfico porque após doze anos da publicação dessa experiência nenhum fotógrafo voltou a usar o colódio.
Entretanto, o problema, depois disso, foi a obtenção de uma forma adequada para paralisar imagens em movimento. Foi o pesquisador Eadwerd Muybridge quem conseguiu resolver esse problema, ao reproduzir pela primeira vez a imagem de um cavalo galopando.
A história da multinacional Kodak começou em 1888, quando George Eastman, desenhou uma câmara portátil que utilizava um rolo de papel sensibilizado, capaz de obter 100 imagens em formato redondo. Logo após a II Guerra Mundial a empresa Kodak, dos EUA e a Ilford, da Alemanha, criaram um filme com velocidade superior, além da vantagem da qualidade da imagem, com pouca granulação. As concorrentes Leica: (Alemanha) e a Nikon (Japão) lançaram uma inovação maior ainda, o filme 35 mm, que foi incorporado ao jornalismo e facilitou a atividade profissional dos jornalistas.
Em 1897, S.H. Morgan conseguiu meios-tons e o jornalismo impresso aderiu à fotogravura. Bresson (apud Bahia 1990, p.127) diz que a fotografia se encaixa no caráter jornalístico para: "[...] apanhar em uma só imagem o essencial da cena, é a finalidade principal. É como transmitir o acontecimento e como fazer a história por meio de fotos".
Gisèle Freund (s.d, p.107) também comenta sobre a fundamental importância da introdução da fotografia na imprensa:
[...] é um fenômeno de uma importância capital. Ela muda a visão das massas. Até então homem vulgar apenas podia visualizar fenômenos que se passavam perto dele, na rua, na sua aldeia. Com a fotografia, abre-se uma janela para o mundo.
4.1 Fotojornalismo mundial
O jornalismo foi, assim, uma das primeiras actividades a socorrer-se da fotografia: ao funcionar como prova, beneficiando do efeito-verdade, a fotografia credibilizaria os enunciados verbais e as representações da realidade que esses enunciados criavam, acompanhados, agora, pelas fotos (SOUZA, 1998) [3]
Com o progressivo aumento da difusão fotográfica e ao prestígio que a fotografia assumia perante a sociedade, aumentou o número de pessoas que aderiram ao fotojornalismo como profissão. Sendo que foi durante a Primeira Guerra Mundial que aconteceu uma das maiores produções da imagem fotográfica com caráter jornalístico.
O fotojornalismo desenvolve através do tempo a reflexão do fotógrafo em face do mundo que o cerca. Ele passa de retratista a repórter e substitui a encomenda pela espontaneidade, a obrigação pela liberdade, a rotina pela criatividade, a contemplação pela acuidade psicológica (BAHIA, 1990, p.131).
O marco inicial da fotografia para fins jornalísticos, ocorreu com as guerras da Criméia (1854 – 1856), da Secessão, nos Estados Unidos (1861- 1865) e em 1888 com a implantação da Revista National Geographic, que até hoje surpreende com uma das maiores coberturas fotográficas do mundo.
Existem controvérsias a respeito de qual teria sido o jornal que usou pela primeira vez a fotografia com caráter informativo. Uns, declaram que a primeira foto jornalística teria sido publicada no jornal Daily Herald, em 4 de março de 1890; outros, que o New York Tribune é que teria publicado a primeira fotografia, em 21 de janeiro de 1897.
Na década de 50, do século passado, a fotografia já estava presente na maioria dos jornais e revistas do mundo. No Brasil, a fotografia conheceu a sua grande aventura com a revista O Cruzeiro, onde participaram Jean Manzon, Ed. Keffel, Luciano Carneiro, Indolécio Wanderley e prosseguiu com a Manchete, Fatos e Fotos, Realidade e outras. Na Inglaterra quem adquire terreno é o jornalismo pictórico, com suplementos distribuídos junto com os jornais diários Sunday Times Magazine, The Observer e o Daily Telegraph.
Nas Revistas Life e Time, a fotografia era tão valorizada quanto o texto. Outro fator a ser destacado é que os editores dessas revistas preferiam a imagem nua e crua, o fato tal como havia ocorrido, sem retoques ou manipulações, o que garantiu ao fotojornalismo maior credibilidade.
A revista Life revolucionou o conceito de jornalismo fotográfico com a presença de fotógrafos como: Robert Capa, Margaret Bourke-White, David Douglas Dunean, Larry Burrows, Peter Stackpole, Thomas D. MacAvoy, Carl Mydans, George Silk, Pierre Boulat e outros. Além, é claro, da visão do fundador da Life, Henry Luce, que durante a inauguração da revista disse: "a fotografia é o mais importante instrumento do jornalismo depois da imprensa".
A primeira edição de Life circulou em 23 de novembro de 1936, com uma tiragem de 466 mil exemplares. O sucesso já pode ser notado um ano depois, quando atingiu a venda de um milhão de revistas e em 1972 quando ultrapassou os oito milhões de exemplares vendidos. Gerando a transição do apenas "fotógrafo-ilustrador", para o "fotojornalista" que complementa a notícia. A revista Life inspirou muitas publicações tais como a Collier"s, Look e Post, nos Estados Unidos; Everbody e Picture Post, na Inglaterra; Paris-Match, na França; Época, na Itália; Hlustre e Schweizer Zeitung, na Suíça, entre outras.
A imprensa evoluiu em qualidade com a inclusão da fotografia como meio de informação. Recuero[4]abordando a questão, salienta,
O funcionalismo da fotografia jornalística, está ligado a sua forma de utilização como fonte de informação, como formadora da notícia, como imagem, que através da sua funcionalidade proporciona o acesso as informações, e onde esclarece, mostra, informa, enfim supre as necessidades do saber.
A fotografia, principalmente a jornalística, traz ao conhecimento coletivo uma compreensão dos fatos que somente o fotógrafo presenciou, gerando ao leitor a decodificação da mensagem expressa. Para que ela tenha qualidade é necessário que cative, informe, gere curiosidade e chame a atenção de qualquer leitor, até o menos atento; basta apenas um breve olhar e tem-se a informação visual completa do fato. Isso também se refere a todas as inserções fotográficas existentes em outras formas de comunicação como livros, folhetos, entre outros.
Fotografar é testemunhar, é tentar compreender um fato histórico do meio social. É procurar transformar a consciência do ser humano através das emoções que as imagens nos provocaram. Quando uma foto é considerada significativa, ela acaba gerando uma extensão temporal em que permeiam um passado e um futuro. Como diz Lima (1989, p.11): "É no fotojornalismo que a fotografia pode exibir toda a sua capacidade de transmitir informações".
O passado reflete um marco histórico, porque não vai mais dar vazão para duplicar-se, é simplesmente uma cena única onde tudo influencia, a posição, a expressão dos personagens e o cenário, criando estereótipos para que o leitor se sinta como se estivesse presenciando o fato.
Após a criação do linotipo, a fotografia foi inserida na mídia e a partir daí, tornou-se mais que um elemento, virou parte da compreensão, da amplitude e da documentação das notícias. A cobertura fotográfica nos jornais teve realmente êxito somente na década de 60 e 70, mas em 80 a sobrevivência dessa forma de informação parada precisou concorrer e tentar rebater a informação em movimento.
A partir daí, surge uma crise nas principais responsáveis pela "decadência" da fotografia, as revistas Life e Look que perdem em vendas devido a grande concorrência midiática televisiva. Essas revistas, com periodicidade semanal, traziam ensaios fotográficos de assuntos factuais variados acontecidos na época.
Em território brasileiro, em 10 de novembro de 1928, no Rio de Janeiro, a revista O Cruzeiro, pertencente ao Diários Associados de Assis Chateubriand, surge publicando fotografias acompanhadas de textos explicativos, com uma tiragem de 50 mil exemplares. Essa revista é considerada a pioneira em fotos coloridas e grande reportagem.
Nos anos 70, as revistas que surgiram e progrediram foram a Redader"s Digest, Time, Newsweek e Veja. Muitas delas permanecem nas bancas de hoje e já fazem parte da leitura de muitas pessoas. Um dos fatores para a sua durabilidade é apontado por Bahia (1990, p.128) onde a fotografia no "[...] jornalismo procede como um agente – dos mais qualificados – de novas posturas. É mobilizador de mudanças. É deflagrador de rupturas, mitos".
A imprensa diária carioca, entre os anos de 1910 e 1920, começa a utilizar a cor em seus jornais. Sendo que a área colorida foi na maioria dos casos apenas de um tom, usadas em suplementos que circulavam aos domingos e em matérias internacionais. Nesse período, em 1915, a publicidade aproveita o espaço dos jornais para anunciar os produtos existentes da época e acaba evoluindo junto ao jornalismo.
Em 14 de dezembro de 1837, no Rio de Janeiro, a caricatura obteve espaço antes da charge e da fotografia. Sendo publicada no Jornal do Commercio, com autoria de Manuel de Araújo. Esse elemento informativo trouxe "leveza" aos textos jornalísticos, que eram publicados sem ilustrações e não tinham tanta atração ao leitor. Ainda hoje, a fotografia é usada em jornais de renome nacional e internacional.
Em São Paulo, o fotojornalismo expande-se a partir de 1931, através do jornal A Gazeta, na revolução constitucionalista, um movimento que contou com a ajuda dos grandes jornais contra o governo Getúlio Vargas.
A evolução da imagem fotográfica trouxe e ainda traz o interesse dos leitores aos meios de comunicação impressos. Ela, mais do que revoluciona, oportuniza ao leitor presenciar os acontecimentos através das imagens, antes somente conhecidas pelos textos.
Embora a fotografia seja parte integrante do dia a dia dos jornais passou por uma crise de identidade entre os anos 60 e 70. Devido à concorrência televisiva, os jornais tentaram adequar-se a esta nova mídia que surgia e que "deslealmente" invadia os lares com imagens em movimento, através do aumento de notícias com textos longos.
Bahia (1990, p.134) declara:
[...] não podendo concorrer com a TV no tratamento visual da notícia, reforçaram o discurso verbal mantêm-se no mercado com índices crescentes de vendas e de prestígio editorial. Mais escrito que ilustrado, o jornalismo reduz a eloqüência da fotografia, que apenas endossa o texto, tornando-o mais veraz.
Hoje, em pleno auge televisivo, a fotografia tem o seu espaço particular, que dificilmente vai ser tirado porque além dos jornais, revistas, folhetos publicitários, out-door, há a Internet que cresce dia-a-dia e ganha público. Outro fator que tem influenciado na permanência da fotografia é a tecnologia digital (câmaras que captam imagens sem suporte químico). Ela surge para gerar qualidade de imagem e facilitar o repasse via terminais eletrônicos (para diferentes partes do mundo ao mesmo tempo).
A fotografia jornalística é mais que apenas uma imagem. De acordo com Recuero ela é uma:
forma de utilização como fonte de informação, como formadora da notícia, como imagem, que através da sua funcionalidade proporciona o acesso as informações, e onde esclarece, mostra, informa, enfim supera as necessidades do saber[5]
Já para Jorge Pedro Souza[6]
[...] o fotojornalismo tornou-se a pedra angular de uma mudança qualitativa nos conteúdos informativos e nas relações conteúdo-forma, neste caso através das inovações gráficas que se vão implementando. Cada vez mais, com propriedade, se podia falar de verdadeira informação visual.
Na área do jornalismo a fotografia é primordial. Nela há repasse de emoção, expressão e impacto. É, enfim, a escrita com feixes luminosos que transcedem aos olhos e chamam a atenção do olhar do observador. A imagem ocupa várias lacunas de ilustração, informação, leitura e estética.
4.2 Imagem fotográfica em foco
A busca visual é para designar o processo que consiste em encadear diversas fixações sucessivas sobre uma mesma cena visual, a fim de explorá-la em detalhe. Notou-se, desde os anos 30, que olhamos as imagens não de modo global, de uma só vez, mas por fixações sucessivas. As imagens visuais planas, inseridas em pintura, gravura, desenho, fotografia, cinema e televisão, continuam a ser as mais comuns em nossa sociedade, é uma projeção da realidade.
As fontes visuais permitem, sobretudo, a absorveção de determinados elementos que compõem a realidade do homem e da sua época através dos trajes, posturas, expressão, cenários e ambientes registrados. Neste sentido, o registro fotográfico possibilita um redirecionamento dos estudos históricos para os objetos que podem fornecer uma dimensão da realidade raras vezes consideradas pelos historiadores que permanecem, segundo Marc Ferro "prisioneiros de uma visão do Estado"(LOBO, BRANDÃO, LISSOVSKI, 1987, p.43).
Na visualização de uma imagem, o cérebro "escolhe" a mais provável, a parte do olho é a mesma para todos e não pode ser subestimada. Ao observar uma imagem o espectador acaba "conversando" com a fotografia, mesmo que ela responda em silêncio, porque a própria cena fala por si. Cada imagem é fixada em papel para um determinado fim individual ou coletivo; na publicidade, para vender o produto e no jornalismo, para informar sobre o fato ocorrido. No jornalismo fotográfico Bahia (1990, p.130) considera que:
[...] não vê o assunto como um respositório de fatos. Quase sempre há pouco interesse nos fatos entre eles os que são notícia, aqueles que expressam a verdade ou a realidade diante da qual estamos colocados. A máquina é um prolongamento do olho para captar o verdadeiro fato, aquele que se situa em relação ao que se percebe.
Há uma relação entre imagem e real, porque o espectador constrói a imagem, e a imagem constrói o espectador, um trata ao outro como parceiro ativo, onde a emoção do espectador transcende.
Entretanto, a maioria das imagens comporta elementos que, tomados isoladamente, pertencem ao domínio da ilusão. Hoje, isso pode ser constatado em imagens manipuladas no computador, mas no jornalismo ao alterar partes da cena registrada é necessário "avisar" ao leitor, de modo que esse não se sinta enganado e perca a confiança no jornalismo fotográfico. Porque a fotografia nada mais é que uma reprodução do fato. São diversos os canais que alimentam a motivação de tirar fotos: a proteção contra o tempo, a comunicação com os outros e a expressão de sentimentos e a auto-identificação.
Por outro lado, não é toda a vida registrada em fotos. A fotografia é resultante de uma escolha, de uma ocasião ou de um aspecto de relações sociais, sendo que as fotografias não narram, mas captam aparências momentâneas. Elas são utilizadas habitualmente de maneira a ilustrar uma discussão ou demonstrar um pensamento, colocando a fotografia num contexto de experiência que respeita as leis da memória, no jornalismo não é diferente. De acordo com Lima (1989, p.22) a fotografia de imprensa:
[...] se transformou num meio de informação independente, consciente, agitador e emocionante. O repórter fotográfico se desvencilha de tudo o que é artificial, de tudo o que é vistoso. Eles são os únicos que podem captar a verdade no momento exato do acontecimento [...] Captam também o estado de alma e as relações mútuas dos protagonistas de suas imagens.
Caso não existissem as diferentes formas de repasse de imagem, com certeza as pessoas não teriam oportunidade de conhecer desbravadores, guerras, acontecimentos globais, que de uma forma ou outra mudam a história. O fato mais recente que chocou o mundo foi 11 de setembro de 2001, em Nova Yorque, com a queda das torres gêmeas - "World Trade Center" - fato esse que o mundo conheceu por imagens de televisão e fotografia em periódicos de todo o tipo (jornal e revistas).
Por outro lado, o mundo não é somente dividido e registrado em imagens. Há também as palavras que juntas fazem o observador entender um contexto e uma história.
4.3 Imagem versus texto
A máquina fotográfica fornece ao público do jornalismo as notícias visuais que se completam com as palavras e os efeitos das mensagens faladas e escritas. Às vezes elas dependem de complemento, como as legendas que formam o contraposto verbal das imagens. Ouras vezes, na maioria delas, prevalece a linguagem fotográfica com seu poder de resumir o pensamento. O jornalismo deriva de figuras. Antecedendo a história escrita, o homem primitivo compõe e pinta nas paredes de sua caverna. A comunicação gráfica relata os seus dias, as suas idéias, as suas lutas, as suas necessidades. É dessa linguagem escrita inicial que se desenvolve o alfabeto como é hoje conhecido. (BAHIA, 1990, p.131).
No início da expansão da fotografia os editores resistiram em colocar fotografias com textos, porque consideraram que desvalorizavam a informação fotográfica e não se encaixavam nos padrões jornalísticos da época. Por outro lado, em 1904, Baynes declara que através do tablóide fotográfico aconteceu uma transformação nos conceitos, onde a imagem fotográfica deixou de ser secundária nas matérias jornalísticas, para ser tão importante quanto a escrita. "Nas páginas do jornal, a informação principal não vem do texto, nem da foto, mas do seu encontro" (LAMBERT)[7].
Foi designado à fotografia credibilidade, porque ela mostra sem rodeios ou invenções o acontecimento em si. Na foto, o observador e o fotógrafo podem ver e considerar como uma prova aquilo que vêem. Hoje, a notícia sem foto fica até meio "sem graça". Lógico que a fotografia não deve ser observada de modo isolado. Ela é sim parte da notícia, onde todos os recursos (foto, legenda e texto) precisam ser coesos entre si, satisfazendo a fome de informação do leitor. Lima (1989, p.12) cita a respeito:
A fotografia é uma parte fragmentada de um trabalho do qual fazem parte jornalistas de várias linguagens (escrita, gráfica, química e fotográfica). Por essa razão, a feitura de uma reportagem coerente só atinge o seu público plenamente tendo um significado inequívoco quando todos os que participam dela possuem clareza sobre a linguagem do jornal, da sua retórica e a praticam com a maior isenção dos fatos possível.
Guran (1992, p. 57) pensa da mesma forma: "A relação fotográfica com o texto é explicitada a partir da legenda, ou do texto-legenda". É através do recurso (legenda) que o leitor pode observar detalhes que poderiam passar despercebidos. Enfim, foto, legenda e texto são fundamentais dentro da notícia jornalística, no veículo impresso, porque todos embasam o leitor e deixam-no por dentro dos fatos que o cercam, sejam eles próximos ou distantes.
A fotografia derrubou barreiras, gerando uma gama de visões amplas do leitor, que era habituado apenas a ler o texto, mas que agora lê o texto e interpreta a imagem fotográfica também. Sendo assim, com a junção de texto e foto, o leitor conhece melhor o fato em pauta. A fotografia "necessita de identificações escritas que esclareçam seu conteúdo" (LOBO; BRANDÃO; LISSOVSKV, 1987, p. 44).
O processo da foto até o leitor é: pauta, seleção do ângulo para tirar a foto, revelação laboratorial, escolha de qual foto se enquadra melhor junto ao texto escrito, edição, diagramação e finalmente impressão. Todos os recursos, tanto no que diz respeito à foto ou ao texto, são de extrema importância, assim também pensa Guran (1992, p.59): "A eficiência na transmissão da informação depende tanto da sua produção quanto da sua apresentação (diagramação) e não são poucos os exemplos de boas matérias que somem por serem mal diagramadas e vice-versa".
Esse é então o papel do jornalismo: informar, acima de tudo e quanto mais recursos (foto, legenda e texto) forem usados para isso, melhor é. Lima (1989, p.70) comenta sobre o assunto exposto: "A escrita e a fotografia, portanto, formam um casal perfeito de um casamento onde jamais terá divórcio. Um casamento, inclusive em que as duas se dão, mesmo porque ambas são femininas".
A diferença de comportamento entre o redator e o fotógrafo está no fato de que o primeiro trabalha sob suas impressões para reconstrução da realidade ao vivo. O resultado final do fotógrafo tem, por isso, uma força de emoção e convicção superior. O que se pode dizer com uma fotografia – e com a ajuda de apenas uma ou duas palavras - é mais eficaz do que as melhores reportagens escritas. Conforme Recuero[8]quando uma pessoa olha uma fotografia toma conhecimento da notícia e através dela pode ser induzida a ler o texto que a acompanha, mas para isso a imagem precisa ser de qualidade.
Fotografia é um meio de comunicação social, linguagem e arte. Como linguagem, pode equivaler a um texto: frase, comentário, notícia em sentido amplo. Neste caso, fotografar é uma forma de redigir. Quando o fotógrafo apanha a máquina para captar uma imagem, ele está repetindo ritualmente o gosto do redator pegando também o seu bloco de notas para escrever um texto. A junção do texto e a imagem são fundamentais. Mas em alguns casos existe a inserção da fotografia apenas para preencher uma lacuna do impresso e não com o real objetivo de informar, utilizando assim desse recurso como mero acessório na cobertura jornalística.
Assim pensa Lima (1989, p.69-70):
Quando um leitor lê uma informação escrita, ele vai até o objetivo do texto, pois se lê superficialmente, ele corre o risco de não compreender a informação. Uma fotografia, ao contrário, permite uma tomada de conhecimento imediata da informação. [...] A fotografia tem também um poder emocional incomparavelmente maior do que o da escrita. Existem atitudes humanas, situações, gestos e expressões em fotografia que provocam fortes reações emocionais junto aos leitores e que são certamente menos expressivas numa descrição escrita.
Outro aspecto que Lima (1989, p.64) acrescenta: "Um detalhe é certo: as notícias com fotografias são mais lidas". Fato verídico porque é na fotografia que pode haver um sentido às vezes emocional bem maior do que o texto em si, pois como diz o ditado popular "uma imagem vale mais do que mil palavras". É nas fotografias que o observador vê atitudes humanas que mesmo o melhor jornalista descritivo não vai conseguir descrever com palavras, mesmo que use da artimanha dos mínimos detalhes. É no texto descritivo ou não, onde o leitor precisa imaginar, o que na foto não há necessidade de fazer, pois as imagens falam por si.
Por outro lado, na notícia, a fotografia (mensagem não-verbal) e o texto (mensagem verbal) são formas de jornalismo que juntas são complementares, deixam o leitor no local do fato, mesmo sem ele ter estado sequer próximo dele. No jornalismo a fotografia e o texto são ligados muitas vezes através da legenda, onde ela explica o real sentido da foto, esclarecendo informações que podem ser dúbias ao leitor.
A fotografia é segundo definição de Lobo, Brandão e Lissovski (1987, p.44):
[...] é um fragmento do passado, e com o decorrer do tempo torna-se imprecisa e abstrata, propicia a diferentes leituras a se combinar com outras fotografias ou textos. A leitura da fotografia é um processo de aprendizagem similar ao da gramática [...] Transformando-se de acordo com o contexto em que é visto, já que contém múltiplos significados. A leitura da fotografia implica ao aprofundamento de suas revelações explicitas, mas também implícitas. É um convite a pesquisa, a dedução e a especulação.
No jornal, o texto depende da fotografia e a fotografia depende do texto. Rodrigues (s.d., p.125; 127) explana sobre o assunto em questão:
Sem suporte lingüístico, uma fotografia jornalística tornar-se-ia quase sempre enigmática. Daí a necessidade de um enquadramento verbal que tanto pode ser dado pela legenda como pelo título e pelo texto do artigo que a enquadra e lhe reduz substancialmente as significações potenciais. [...] O sentido das imagens antes cada vez mais o suporte da linguagem e só uma sociedade altamente literária pode conviver com a profusão de sentidos que as imagens constantemente geram. A subtileza da profusão das imagens pressupõe por isso uma sociedade altamente habituada a conviver com os textos literários.
Assim como existem regras na execução de um texto bem elaborado, com a fotografia não é diferente. Nela há finalidades e uma linguagem repleta de formas e finalidades, entre elas estão o "ponto de vista e composição", "planos", "perspectivas", "luz, forma e tom", "textura", "linhas e formas", "desenhos", "foco e profundidade de campo", e "Movimento". Cada imagem transcende uma quantidade incontável de interpretações, as quais dependem do leitor que a observa.
Quando alguém lê um texto usa de sua imaginação para projetar na mente o desenrolar das cenas que o livro e/ou reportagem o relata. Ao visualizar uma imagem, através de nosso entendimento, geramos um debate sobre o que está em nossa frente, mesmo sendo uma imagem abstrata, criamos em nós um sentido. São múltiplas as formas de interpretação, principalmente para os leitores que possuem crenças, classes sociais e ideologias variadas.
O "poder" da imagem é nítido, porque ela prende o leitor em fração de segundos. Já o texto necessita atenção redobrada para ser compreendido. É responsabilidade do jornal usar fotografias que retratem e esclareçam os fatos ao leitor, sejam estes ocorridos no bairro ou no outro lado do mundo. Considerando que o cotidiano gera informações que podem interessar ou não ao leitor, cabe ao jornal selecionar.
A relação entre imagem e texto vem aumentar a visão estereotipada do mundo. São complementos importantes que através da imagem fotográfica e dependendo da cena que acompanhava a foto, as pessoas vêem e têm uma interpretação nos detalhes como a expressão facial do personagem, o cenário ao fundo, tudo tem um significado embutido diretamente ou indiretamente. Conforme quem olha, a imagem representa uma coisa. Outro fator que interfere na recepção é o texto que acompanha a fotografia, a paginação, a edição. Tudo o que o receptor usa para compreender a imagem, influencia, desde o intelecto à memória (daquilo que já tenha gravado na mente e sem saber associa com que ainda vê), é a relação comparativa com outras cenas já vivenciadas.
Logo, entre imagem e idéia há uma diferença que se reduz quase a uma pura diferença matemática: a imagem tem a opacidade do infinito; a idéia, a clareza de quantidade finita e analisável. Ambas são expressivas. Todos os códigos que permeiam a imagem dão a ela a garantia de ter. Ela tem a função de real comprovação. A maioria das imagens contém três valores: representação, símbolo e signo.
Souza[9]declara que,
De facto, mais de cem anos após o começo da aparição regular da fotografia na imprensa, a conclusão a tirar é a mesma: texto e imagem não são convertíveis um ao outro e têm ambos lugar no jornalismo — possuem diferentes faculdades, impressionam de forma diferente, originam percepções diferenciadas e oferecem diferentes tipos de informação e de conhecimento (ou, pelo menos, familiarizam o observador com o observado de forma diferente).
Dentro do jornalismo, a linguagem verbal (texto) e o não-verbal (foto) se juntam de diferentes formas. É responsabilidade do editor do jornal relacionar e dar coerência entre foto e texto, porque o texto é uma seqüência de idéias objetivas e a fotografia uma junção delas, mas de forma subjetiva. Há mais ou menos 60 anos que a foto e texto foram agregados no jornalismo. Hoje se um leitor vê uma imagem ele lê o texto com mais facilidade do que se vê um texto sem foto.
Conforme Lima (1989, p.17) "o volume e a qualidade das pessoas que trabalham diretamente com a escrita, dentro de um jornal, são muito maiores do que os que trabalham com a imagem". A imagem fotográfica consiste de grandes facilidades, a exemplo da fixação rápida na mente do leitor. Entretanto, o texto precisa de esforço bem maior para ser visualizado mentalmente. A foto não precisa disso, é simplesmente olhar. Tudo influencia para a inserção de uma imagem num jornal, caso o tamanho dela seja maior que o texto, sem dúvida ela vai chamar mais a atenção do leitor.
Para o fotojornalista Manuel Correia[10]do Jornal de Notícias:
[...] a fotografia de imprensa, antes de se integrar num determinado modelo, é, acima de tudo, um somatório de tensões, emoções e vários elementos suscetíveis de provocar no leitor, quanto mais não seja, um estímulo para a leitura do texto que, normalmente, a acompanha. O seu caráter apelativo aos sentidos e à emoção tornam a fotografia num espelho, podendo adquirir leituras diferentes, o que lhe confere uma característica polissémica. Mas assume um papel primordial e tem a sua razão de ser. Isto é, vale por si própria. De fato, segundo estudos realizados, aquilo que atrai a primeira atenção dos leitores da imprensa escrita é a imagem. Depois é que vem o título, a legenda (metalinguagem), os destaques e, finalmente, o bloco de texto. [...] a foto de imprensa destina-se, essencialmente e por definição, a noticiar os acontecimentos.
São as imagens fotográficas que possuem uma atração incontrolável no leitor. Ela puxa os olhos de tal forma que fiquem fixos na imagem, basta uma simples olhada e a mente absorve e memoriza rapidamente. Por outro lado, o texto que for olhado de relance não fará diferença alguma, porque para ser memorizado e entendido precisa, acima de tudo, ser lido e com muita atenção. Se isso não for feito a informação do jornal pode ser distorcida e facilmente esquecida. Muitas fotografias ao serem visualizadas podem valer mais do que palavras, sons e sentimentos, valem uma história inteira. Cada detalhe da imagem, se analisado cuidadosamente, remonta uma série de lembranças do observador e, em muitos casos, induz à emoção. Mesmo assim, deve-se ter em mente que o texto depende da imagem e a imagem depende do texto. A relação deles deve ser igualitária, ambos são importantes.
A fotografia de imprensa não pode dissociar-se do texto que a emoldura. Entre texto e foto jogam-se relações fortes, com a foto a conferir estatuto de verdade ao texto, testemunhando a narração jornalística; com a foto a proporcionar o espetáculo compensador do correr monocórdico da prosa; com a foto reforçando, por redundância, o que se escreve. Mas do texto em direcção à foto o circuito também funciona: o texto da legenda pode reenviar a foto para outros lugares, para outros sentidos: o texto da legenda ou da notícia desenvolvida pode guiar o sentido que se pretende dar à foto, reduzindo o seu carácter polissémico. Nessa relação foto/texto, importa sinalizar sempre a importância da selecção da imagem que decidimos paginar. Importa aqui sinalizar que essa selecção e montagem percorre os seus caminhos lado a lado com a subjetividade do jornalista e do repórter fotográfico. A fotografia de imprensa tem, desde logo, uma particularidade que a distingue das outras fotos – a sua moldura é o texto. Mesmo que a fotografia valha por mil palavras, é preciso que as palavras lá estejam, na página do jornal (ALVES)[11].
Quando uma matéria não contém foto, é o título que chama ao texto. Caso o título não seja atrativo, é provável que o leitor não leia o texto ou então leia por mera curiosidade. Se for comparar entre uma fotografia e um título, com certeza o que primeiro é fixado é a fotografia, porque o título precisa ser lido, mentalizado e entendido por alguém que seja alfabetizado, já a foto, não, caso um analfabeto a veja, vai entender de imediato, porque é simples olhar e interpretar como bem quiser. Uma "boa foto" dispensa um texto longo.
Uma imagem prende o leitor por alguns segundos e se o interessar então lerá o texto, mas se vê um texto, sem imagem e não o interesse há possibilidade de ler somente o "lead" (abertura da matéria) e parar de ler, sem haver tido o devido entendimento. Já a foto pede pouco tempo de atenção e pode ser repassada adiante com comentários. Por exemplo, alguém vê uma imagem de guerra e dirá para outro, "nossa aquela imagem me chocou, ela era assim e assim". Se lesse um texto a respeito talvez não tivesse se impressionado tanto. Por fim, é o ditado popular se sobressaindo, quando diz: "uma imagem vale mais do que mil palavras".
Acredita-se que o texto no jornal impresso não pode mais se separar da foto, porque já faz parte do cotidiano do leitor, ver a imagem de uma foto na capa de algum jornal em uma banca e comprar o jornal para saber maiores detalhes do que vê. Imagine se, amanhã, um proprietário de jornal impresso resolvesse extinguir as imagens fotográficas de seu jornal para fazer um teste nas vendas. Com plena convicção ele sairia perdendo dinheiro, e teria que no outro dia voltar a inserir imagens para voltar a vender jornal, ou se "teimasse" iria a bancarrota financeira em menos de um mês. Cada vez mais as pessoas querem imagens, é foto, televisão, Internet, propaganda, tudo chama pela imagem, e a tendência é aumentar a cada ano.
Hoje, a imagem não é mais como antigamente, um mero "enfeite" ilustrativo do texto, ela é notícia. Por isso, as capas dos jornais para chamar ao leitor colocam fotos grandes e, em alguns casos, textos pequenos ou ainda somente manchetes. O texto e a imagem são parte da informação e ambos contam o fato com eficácia.
5.1 Profissão: Repórter Fotográfico
"O fotógrafo pode fazer o comportamento normal, decente, útil e agradável, muito mais interessante que o jornalismo escrito" Henry Luce (fundador da revista Life).
Os primeiros fotógrafos foram pintores. Fato este que pode ser justificado pelo simples fato da pintura estar no auge, na época. O fotógrafo tem um papel importante, porque é ele quem vai decidir o momento de enquadrar uma cena e então revelar ao futuro observador uma imagem que este não pôde ver pessoalmente. Ao longo dos anos, o ato de fotografar que era apenas parte do lazer, se transformou em profissão. Função essa, que passou a ser chamada nas redações de jornais e revistas de fotojornalista ou repórter fotográfico.
Para Lima (1989, p.16,) é papel do
[...] repórter fotográfico [...] se expressar numa linguagem icônica que deve ser clara, onde não existe nenhum jogo de decodificação. [...] De qualquer forma o repórter fotográfico sabe que uma fotografia tem que simbolizar o acontecido e informar o máximo sobre ele. [...] O fotógrafo de jornal tem uma função principal: a síntese. Ele sabe que no espaço de sua notícia só cabe uma fotografia, e que se a notícia não for quente ou a foto não for boa o seu trabalho pode não ser publicado. Ele fica todo o tempo de reportagem à procura de fotografia que represente o momento preciso, onde fique resumida a maior gama de informações possível.
É em cada "click" que acontece direta ou indiretamente a seleção de informação da qual o repórter precisa ficar atento e tentar responder às questões referentes ao "lead" do jornalismo, são elas: Quem? Quando? Como? Por quê? Onde? O que? Para que? A atenção destas categorias deve ser redobrada durante a cobertura de uma notícia, porque enquanto o profissional estiver com a câmara nas mãos pode registrar fotografias únicas a qualquer momento.
Para Recuero[12]a notícia expressa em foto é repleta de:
[...] informação, o conteúdo, o fato, o acontecimento, eis o âmago da fotografia jornalística. A notícia, o assunto que nos passa informação, que saceia (sic) o desejo de saber, de conhecer, e que, muitas vezes, dispensa o texto, que em outras ocasiões o esclarece e que na maioria nos leva após olhar a imagem a procurar ler avidamente o texto que a precede.
A qualidade de um bom fotojornalista é identificar no visor da câmara uma imagem informativa e adaptável ao texto que vai acompanhá-la, sempre pensando no leitor e na conexão entre ele e a imagem. O fotojornalista tem a responsabilidade em noticiar com isenção, de modo a não manipular idéias ou comportamentos que sejam resultado do seu íntimo, onde uma imagem exige plena compreensão do mesmo. Para isso, ele precisa conhecer o equipamento e aliar-se à luz do ambiente a ser fotografado.
A fotografia é um referencial para o leitor. Nela, ele pode analisar e presenciar o acontecimento sem ter chegado próximo à cena retratada. Basta um primeiro olhar e os significados da mensagem fotográfica são perceptíveis e conferem uma informação imediata ao receptor. Enfim, cada detalhe expressa um sentimento ao espectador.
Isso pode ser constatado na opinião de Arlene Renk (1997, p.8),
Uma mesma foto pode ter a possibilidade de leitura, de acordo com o repertório de informações e vivências acumuladas pelo feitor [...] a subjetividade do leitor, narrador, também se faz presente ao avaliar o passado vivido ou ouvido.
Cabe ao profissional agir eticamente e se for necessário obter autorização na publicação de alguma foto, o repórter deve consegui-lo, tudo em nome do "certo" e da informação. Apesar da grande importância do fotojornalista, muitos jornais impressos não valorizam o trabalho deles através da colocação do crédito. Isso é uma questão de direitos autorais, por mais que a foto pertença ao jornal, é obrigação do veículo identificar o autor da foto, por uma questão de ética, além de evitar o possível plágio.
No entanto, o trabalho do fotógrafo não deve ser observado de forma isolada. Ele é um integrante de uma equipe que executa diferentes trabalhos (redação, edição, impressão e circulação), mas com um objetivo em comum: informar o leitor. O fotojornalista português Bruno Neves[13]escreveu um artigo sobre a falta muitas vezes de "respeito" de outros jornalistas ou pessoas de fora das redações, aos fotógrafos. Neves comenta do ressentimento de ser considerado menos que os repórteres redatores:
Nós, repórteres fotográficos, queremos ser considerados como gente dentro das Redacções. Queremos que as gerações vindouras possam ter acesso a escolas de Jornalismo onde exista a especialidade e se promova a dignificação da <
6.1 Legenda
A legenda é parte integrante da informação bem elaborada, porque caso seja mal escrita ou adulterada, pode deturpar todo o contexto da imagem e também influenciar na intenção que o fotógrafo teve ao registrar uma imagem. "[...] a legenda nunca deve interpretar a fotografia. Ela deve conter elementos que complementem a imagem e digam, por escrito, o que o fotógrafo não pode dizer" escreve Lima (1989, p.57).
As fotos, por mais explícitas que sejam, geralmente necessitam de um texto explicativo para atingir sua plenitude em termos de comunicação. Legenda é a denominação que damos a esses textos que acompanham as fotos. Como particularmente, a legenda traz a série e o corpo dos tipos diferentes do texto em questão. Exemplificando, se o conteúdo redatacial for composto no corpo de 10 pontos, as legendas serão em corpo menor, utilizando séries (itálico ou bold) diferentes dos caracteres (redondos) do texto (COLLARO, 1996, p.124).
O termo legenda é usado para denominar o pequeno texto que fica próximo a fotografia ou ilustração. Existe também o texto-legenda, que na maioria das vezes é inserido no jornal, quando há poucas informações sobre o fato. Dentro do jornalismo é a legenda que faz a ligação entre a fotografia e o texto. Outro aspecto que influencia na área jornalística é que a fotografia contém elementos abstratos e concretos, com isso tem-se a necessidade de explicar cada um deles.
Por outro lado, o repórter que a escreve deve acrescentar informação e não repetir o que se pode entender pela fotografia. Além disso, na legenda deve-se evitar expressões óbvias, dando a impressão ao leitor que ele é "ignorante". O mais usual em termos verbais é o uso de palavras que estejam no presente do indicativo e no passado, quando o acontecimento que a foto mostra já tenha acontecimento há algum tempo. Todas as legendas possuem funções essenciais para a melhor compreensão das fotos, são elas divididas em três tipos: primeiro, complementar[14]explicativa[15]e evocadora[16]
Para a elaboração de uma legenda devem ser considerados três fatores: os elementos abstratos, a maneira de influenciar a leitura da interpretação e a relação entre foto e título. Em casos de fotos agrupadas usa-se uma legenda conjunta.[17]
O papel da legenda é fundamental, porque muitas vezes, caso uma determinada foto seja colocada em contexto diferente ela pode ser interpretada de forma errônea pelo leitor. Por isso, é preciso dar suporte ao leitor de interpretar corretamente, neste caso entra a legenda e o título. As legendas são muito importantes porque elas sugerem o real significado da imagem que em alguns casos sem uma contextualização textual não pode ser entendida. Na opinião de Lima (1989, p.21-22; 55) a importância da legenda é:
Quando a fotografia como documento é ambígua, é a legenda que pode alterá-la na maioria das vezes. Se a fotografia é saturada de significação, ela se presta pouco a jogos de imaginação e de uso. [...] Para o jornalismo em particular, a fotografia está sempre associada à escrita, e é a escrita que na comunicação da notícia faz a relação entre a imagem não-verbal e o relato escrito da notícia. E isso é feito pela legenda.
O campo da imagem depende por assim dizer do campo da escrita, uma depende da outra. A foto sem legenda é "como uma comida sem sal", fica sem sabor e pode dar asas à imagem de forma errada.
6.2 Edição
Nos jornais impressos existem várias etapas a serem seguidas, como: pautas, coleta de dados, seleção e elaboração das matérias, edição e impressão. No caso das fotos é: pauta, tirar a foto, encaminhar para o laboratório (hoje com as máquinas digitais é colocado direto no computador), diagramação e impressão. Todos esses procedimentos vão influenciar no produto final (matérias) afetando o receptor de forma que desperte o interesse nele ou não pela notícia que o jornal divulga.
Dentro do jornalismo impresso o que prepondera na imagem fotográfica é o valor informativo e atrativo ao leitor. Ela pode ser considerada uma ponte entre a notícia e o receptor, um depende do outro para haver repasse e compreensão do fato noticiado. O fotógrafo de jornal deve tirar várias fotos do acontecimento para que garanta alternativas ao editor na hora da escolha. Para publicar há diversos aspectos a serem considerados como: conveniência, impacto, possibilidades de diagramação e qualidade.
A fotografia deve transmitir a informação, sem esforço, porque a imagem fala por si e o fotógrafo deve, em todos os casos, acompanhar a escolha da fotografia, a diagramação. É importante que o repórter fotográfico conheça a linha editorial do jornal em que trabalha. Com isso poderá em outra reportagem aliar esse conhecimento e filtrar melhor o ângulo a ser registrado, facilitando assim a edição posterior.
Antes da impressão, o material jornalístico passa por uma triagem, chamada edição, que pressupõe o "corte" e "escolha" dessa ou daquela matéria a ser publicada no jornal. É o trabalho que passa pela edição, que o leitor vai ler. Entra na edição também o local em que a matéria vai ser inserida, onde prevalece a linha editorial do jornal impresso (que atinge aos editores, redatores e diretores do veículo).
Durante a edição, algumas notícias ficam sem fotos. Primeiro, porque em alguns casos não foi fotografado o acontecimento. Segundo, falta de qualidade na fotografia. Por último, devido à pouca importância visual do fato em si. Já em outros casos, ocorre o oposto, porque há grande importância na imagem, sem a qual o texto ficaria incompreensível. São os editores de fotografia[18]que decidem o tamanho e local da foto. Mas nem todos os periódicos possuem esse profissional. Na maioria dos casos, é o editor de texto que exerce a edição de imagem.
A decisão entre duas fotografias para uma mesma matéria deve ser pela que transmita o movimento e impacto do fato noticioso, onde a ética profissional precisa ser priorizada. É na fotografia que um detalhe que passaria despercebido na televisão é destacado, porque a imagem fotográfica mesmo em movimento é estática, porque aquele segundo nunca mais volta. Segundo Lima (1989, p.64):
O critério de edição é escolhido em função da força icônica que a fotografia possui associada a importância da notícia. O repórter fotográfico de jornal fica na expectativa de sua foto ir para a primeira página. É ela que lhe dá prestígio e que aumenta a sua importância na redação.
No setor jornalístico o que chama a atenção do leitor e vende mais são as matérias dramáticas (guerras e violência), mas geralmente esse tipo de fotografia tem pouco valor informativo, mas grande valor emotivo. A imagem acima de tudo comprova. Por outro lado, hoje existe a manipulação, mas quando essa forma é usada deve-se contextualizar, ficar evidente, caso, na própria foto não fique, por meio de uma legenda, para não confundir o leitor. Existem situações em que o editor fotográfico não tem uma foto suficientemente informativa, então ele pode utilizar uma foto simbólica, onde a escrita prepondera e em termos informativos.
6.3 Diagramação
A diagramação em jornais é a forma de distribuição das notícias dentro da página e o profissional dessa área, ao elaborá-la, deve levar em consideração a clareza e simplicidade da disposição dos textos, fotos, gráficos e publicidade, facilitando assim a compreensão do leitor enquanto ele lê as notícias.
A função da diagramação é facilitar a leitura de um leitor sem tempo, através da junção de elementos que dão uma visão da página mais agradável. Entre eles se destacam: os títulos, linhas, textos, fotografias, gráficos, mapas, ilustrações e publicidade, que atraiam ao leitor e dêem a ele suporte de entendimento.
Para Guran (1992, p. 58),
A diagramação de um jornal ou revista tem como função organizar visualmente as informações, explicitando a importância atribuída a cada matéria, e facilitando (e até mesmo induzindo) a sua leitura. A diagramação, portanto, está a serviço da edição, e, conseqüentemente, do texto e da foto, considerando-se, é claro, os padrões gerais da publicação e sua identidade visual (títulos em tantos toques, tantas linhas de "olho", foto horizontal para a abertura, etc). A eficiência na transmissão da informação depende tanto da sua produção quanto da sua apresentação (diagramação) e não são poucos os exemplos de boas matérias que somem por serem mal diagramadas e vice-versa.
O diagramador não pode "dispor" os textos e fotos de forma que super valorize todos os recursos ou então que não valorize nenhum. Com isso evita-se uma "poluição visual" que pode desmotivar o olhar do leitor sobre a página do jornal. Visto que, dentro das páginas os detalhes são importantes e os elementos técnicos e estéticos também.
Zonas de visualização da página:
1. Zona Primária
2. Zona Secundária
3. Zona Morta
4. Zona Morta
5. Centro Ótico
6. Centro Geométrico
Outro fator que esse profissional precisa considerar é a visão humana que observa objetos de cima para baixo, no caso do jornal da parte superior esquerda para inferior direita, em sentido diagonal, região que retém a atenção do leitor. Isto foi estudado por Edmund Arnold que descobriu os princípios da zona visual e identificou pontos de retenção do nervo óptico. Para entender visualize a figura a baixo:
A disposição do texto é importante dentro da página do jornal, mas as fotos são ainda mais importantes, porque na maioria dos casos é a foto que chama a atenção do leitor para a matéria. Enfim, é responsabilidade do diagramador saber escolher a posição da foto, o tamanho e os espaços em branco entre ela o texto que a acompanha. "O principal aspecto em termos de posicionamento da foto é que esta deve acompanhar, sempre que possível, a matéria relacionada" (COLLARO, 1996, p.159).
As linhas significam onde é feito o corte geralmente quando se quer inserir na matéria detalhes da foto.
São poucas as vezes que uma foto é publicada no tamanho original, porque a foto sempre é ajustada na página conforme o diagramador. É "prismar" o termo usado, para conceituar a redução ou ampliação de uma fotografia, onde a diagonal é a mais utilizada pelos produtores gráficos. Esse método é também uma forma de detalhar alguma parte da foto que tem maior interesse ou "casa" melhor com o texto, todos esses fatores são estudados para definir qual a melhor forma de informar o leitor. Veja a figura abaixo, como é "prismar":
Antes eram feitos cálculos matemáticos para inserir uma foto e um texto nos periódicos. Hoje, através da evolução tecnológica, é usado o programa de computador "PageMaker" que facilita o trabalho e faz quase tudo. A boa colocação das fotos e dos textos ajuda na diagramação e atrai o receptor.
6.4 Impressão
Desde a época anterior a Jesus Cristo, a informação tem sido repassada de forma estrondosa. São mais de 2 mil anos que se passaram, mas cada vez mais a difusão de dados tem aumentado, principalmente com a evolução tecnológica. Um exemplo é a Internet. No jornalismo impresso a situação também tem evoluído. Foi a Bíblia, o primeiro livro a ser copiado por Johannes Gutenberg, numa experiência que ele conseguiu duplicar quarenta e duas linhas desse livro, um feito que marcou a história da tipografia mundial.
Durante a primeira metade do século XX aconteceu a descoberta da fotografia, mas a reprodução impressa dela foi anos depois. Por muito tempo, a reprodução serviu somente para dar modelos aos gravadores e litógrafos[19]O inventor da litografia foi Aloys Senefelder, em Munich, 1798, enquanto pesquisava uma forma mais econômica de imprimir materiais musicais, como partituras.
Em conseqüência da mínima interferência do artista e a imagem impressa, esse processo de impressão passou a ser utilizado para reproduzir diversos materiais de caráter visual. Na época, outro aspecto que influenciou foi a constante utilização da imagem junto à escrita para melhor narrar os acontecimentos. Como era tudo novidade aumentou o interesse das pessoas pela leitura de jornais, facilitando o crescimento desse veículo de comunicação.
Por volta de 1850 aconteceu a invenção da fotogravura química[20]que facilitou a impressão em grande escala. Passaram-se trinta e dois anos para que o alemão Georg Meisenbach criasse a similigravura, através de uma trama que facilitava a reprodução, que ajudou a produzir fotos que tivessem tons cinzentos, que antes desse método, em 1850, eram impossíveis, porque só existia o princípio de Willlian Fox Talbot.Em 1935, acontece a utilização da cor na impressão, através do princípio de meios tons com as três cores primárias (vermelho, azul e amarelo) que ajuda na ampliação de produção de trabalhos coloridos. Mas as fotografias em preto e branco continuaram e ainda continuam sendo usadas. Nelas, há conforme os que a continuam aderindo o repasse de impacto, poesia e simbolismo da imagem.
No Brasil, a fotografia em cores foi implantada na década de 70, mas um pouco antes, no final dos anos 60 ela era inserida em revistas semanais como Veja e Leia. É a foto em cores que exige uma boa impressão para facilitar a visualização.
Guran (1992, p. 20) explana sobre a cor em fotos:
Ver colorido é o que fazemos desde que nascemos. A empatia com a foto a cor é muito maior e mais imediata, e até mais natural do que com a foto em preto-e-branco. É mais fácil de entender uma foto colorida, e aparentemente mais fácil de fazer, porque, mesmo que não saia perfeita em termos de enquadramento e foco, ela apresenta várias outras "pistas" para se localizar seu significado imediato, e para o senso comum isso basta.
No início da invenção da fotografia em cores, o custo era alto e ela era pouco usada. Mas hoje, o que se tornou caro é a foto em preto e branco e a em cores é a mais usada nos veículos. Entretanto, a preto e branco, ainda, predomina na impressão de jornais impressos, mas nas revistas ela tem pouco espaço.
7.1 Tecnologia Digital
A chegada da informática facilitou a produção da fotografia nos jornais de hoje. Mesmo em tempos de digitalização, a fotografia continua a ser fonte de testemunho dos fatos. Outro aspecto que tem facilitado a manutenção da imagem fotográfica é o acesso fácil e o custo baixo. Através da digitalização, a produção da fotografia ficou rápida e eficiente. Em consequência desse processo, o papel fotográfico, está com os dias contados, o ampliador de fotos também vai se tornar aparelho de museu. Em 1994, Quick Take 100, uma máquina digital, foi apresentada ao mundo pela empresa Apple, nascia a era digital fotográfica.
Hoje, para obter uma imagem digital são usadas três formas: primeiro, o fotógrafo registra uma imagem com uma câmara normal (analógica); em seguida, revela o filme, faz uma cópia do filme e através do scaner insere a foto para o computador e finalmente a manipula o quanto for necessário. Segundo, é scaneado o filme diretamente, sem necessidade de cópia da imagem no papel, forma essa mais utilizada em jornais e agências de fotografia. Terceiro, é a utilização da máquina digital que tem mesmo esquema de armazenamento do computador e por isso, não precisa das etapas anteriores usadas pelo primeiro e segundo casos. Elas são armazenadas em disquete ou disco e podem ser enviadas a qualquer parte do mundo em segundos. Diminui e poupa tempo em relação as outras formas de obter imagens digitais.
A imagem digital é de fácil reprodução. Ela registra a imagem por uma retícula homogênea, denominada de bitmap (ou mapa bits) é constituída de espaços quadriculados adjacentes, que descrevem as características[21]visuais de parte da imagem representadas por pixels.
Os arquivos de bitmap não-compactados são grandes e para armazenar existem duas formas, com perda e sem perda. Quando se compacta com perda, o arquivo fica maior e perde-se alguns dados. O JPGE é um método de compactar com perda, mas que mantém as cores.
São muitas as vantagens, porque a fotografia caminha com mais agilidade para as impressoras, tudo comandado pelo computador. Outro aspecto, é a economia financeira e de tempo, porque quanto mais cedo o jornal fechar, antes ele vai chegar às ruas e com isso, vai ser vendido com mais velocidade e então gerar lucro aos proprietários desses veículos. Até porque por meio do "Thumbanils", um programa que apresenta as fotos em rede, o acesso para a foto ficou ainda maior, com esses softwares agiliza todo o processo de produção do jornal.
Apesar da evolução histórica, a fotografia jornalística continua, perante o senso comum, a passar pelo espelho do real tal como este se apresenta perante a câmara num breve instante, isto é, o que a foto regista "é verdade", aconteceu, e o fotógrafo esteve lá para o testemunhar. Esta noção da fotografia como espelho do real, imagem reflectida que não mente, está profundamente vinculada à história cultural da fotografia e, apesar das novas tecnologias da fotografia digital, estamos convencidos de que terá ecos no futuro. [....] A imagem digital é, em parte, vista como ética e deontologicamente transgressora ou perto da transgressão. (SOUZA)[22]
Hoje através da tecnologia acontece a facilidade de armazenamento de um número grande de fotos em bancos de dados computadorizados, onde o espaço físico é diminuído e a localização facilitada. Apesar dessas facilidades, a manipulação também cresceu com a expansão da imagem digital. Por outro lado, é necessário ter consciência de que é responsabilidade do jornalista ser ético em cada fato noticiado através de fotos, sejam elas manipuladas ou não.
Souza[23]explica sobre a facilidade da imagem digital:
O contínuo espacial e tonal das fotografias analógicas tradicionais não é reproduzível com exactidão. Transmitidas, digitalizadas ou copiadas são sujeitas a alguma degradação. Porém, a imagem digital pode ser repetida até ao infinito sem perda de qualidade, mas também é fácil e rapidamente manipulável através da substituição de dígitos no código binário — de zero e uns — que a sustenta.
Através do barateamento da tecnologia da imagem digital, aconteceu a expansão e popularização desse tipo de fotografia. Tudo começou em 1989, quando a Canon, a Nikon e a Sony tinham as still video cameras, de categoria analógica. Mas para a surpresa geral, veio a revolução digital nas marcas Rollei Digital Scanback, a Fujix Digital Still Câmara e a Kodak Professional DCS. Outra evolução foi o software que facilitou o armazenamento de grandes quantidades de fotos, bem como a edição e a visualização de imagens.
No campo da fotografia digital, mudam os processos de capturar, mostrar e imprimir as fotos. Em Setembro de 1990, a Kodak lança o Photo CD e, no ano seguinte, a Philips coloca no mercado um sistema de CD interactivo, ao mesmo tempo que a Canon, a Xerox e a Kodak põem à venda fotocopiadores digitais. Hoje, a tecnologia já permite a ligação directa das máquinas aos computadores e/ou a interfaces próprios, como modems que permitem o envio rápido das fotos. [...] A manipulação digital dá à imagem valor acrescentado, mesmo em temos de interpretação e análise, mas também porque a digitalização facilita a reescrita de legendas e o arquivo. A concepção e fabricação de imagens digitais tem processos menos estandardizados do que a fotografia tradicional, oferecendo mais oportunidades para a intervenção humana. (SOUZA, 1998)[24]
Muitas são as facilidades da fotografia digital. Por outro lado, ela também tem desvantagens que devem ser avaliadas por "fotojornalistas", editores e leitores. São os novos programas de computador que limpam, tiram riscos dos negativos, alteram a tonalidade, mas até que ponto isso é ético? E quando se começa alterar o fato retratado, como fica?
Deve-se ter em mente que o leitor precisa ser avisado se isso acontecer, para que, nesse caso, descubra e não se sinta enganado e perca a confiança no jornalismo fotográfico. A multiplicidade de perguntas paira pela cabeça de algumas pessoas, mas o fotojornalismo deve ser levado a sério, não é um brinquedo que pode ser desmontado e montado. Caso um leitor veja determinada imagem, ele vai guardar essa imagem e pode repassar adiante, e se a informação adquirida é errônea, onde então vai parar o jornalismo como um todo? Por isso, é importante não deixar a "mãe da televisão", como a fotografia é conhecida por alguns, morrer; muito pelo contrário, ela precisa sempre ter o espaço que merece na mídia, seja na impressa ou na Internet.
7.2 Manipulação Fotográfica
Logo após a invenção da fotografia, o homem descobre o poder que as imagens têm de manipular a própria realidade. Ela transforma-se num poderoso meio de propaganda de governos totalitários. As imagens fotográficas nunca são neutras, porque o fotógrafo mesmo querendo ser imparcial acabará sempre escolhendo um ângulo ao invés de outro.
Em Paris, 1855, acontece a primeira exposição de negativos retocados que pertenciam ao fotógrafo de Munique, Franz Hamfstangel. A partir deste ato dele, houve a abertura para a atual manipulação da imagem fotográfica.
A Life publicou uma fotografia em 11 de março de 1991 do general Schawarzkopf rodeado de soldados para noticiar a vitória de um conflito, porém, no meio dos soldados havia um que havia morrido durante a guerra, ao contrário do que afirmou seu fundador.
A manipulação de imagem, principalmente das digitais está se tornando "normal" no meio profissional, onde essa técnica é usada bastante em fotos ilustrativas (imagens reais com desenhos, pratos culinários).
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