Preconceito Linguístico

4520 palavras 19 páginas
Preconceito Linguístico: O que é, com se faz

A mitologia do preconceito linguístico

Para analisar como se constrói o preconceito linguístico, Bagno relaciona oito mitos que revelam o comportamento preconceituoso de certos segmentos letrados da sociedade frente às variantes no uso da língua, e as relações desse comportamento com a manutenção do poder das elites e opressão das classes sociais menos favorecidas, normalmente por meio da padronização imposta pela norma culta.

Mito nº 1

“A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”

Mito prejudicial à educação, por não reconhecer que o português falado no Brasil é bem diversificado, a escola tenta impor sua norma linguística como se ela
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Bagno explicou, o fenômeno da palatalização-som da pronúncia da região para região no Brasil e que muitas vezes é alvo de escárnios por pessoas que se julgam pertencer a um lugar superior. Para o autor, o que está em jogo não é a língua, mas a pessoa que fala essa língua e a região geográfica onde essa pessoa vive. Esse preconceito linguístico é embasado na crença de que existe uma única língua portuguesa digna.

Mito nº 5

“O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”.

Essa ideia de que o Maranhão é o lugar onde se fala melhor português nasce do mito de que o português só ser falado corretamente em Portugal, pois foi verificado no Maranhão o uso do pronome tu, seguido das formais verbais clássicas, muito utilizadas pelos portugueses. Não existe nenhuma variedade nacional e regional ou local que seja intrinsecamente “melhor”, “mais pura”, “mais bonita”, “mais correta” que outra. Toda variedade linguística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. Quando deixar de atender, ela inevitavelmente sofrerá transformações para se adequar às novas necessidades. “Toda a variedade linguística é também o resultado de um processo histórico próprio, com suas vicissitudes e peripécias particulares.”

É preciso abandonar essa “balança” de tentar atribuir a um local ou comunidade de falantes o ”melhor” ou “pior” e passar a

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