Perversão e psicanálise
4º ANO DO MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
TRABALHO PARA A CADEIRA DE PSICOPATOLOGIA DO ADULTO II
Perversão
Abordagem Psicanalítica
Filipa da Veiga Mègre Pacheco
Docente: Mestre Luís Filipe de Sousa e Sá
2009
La perversion, forme érotique de la haine
(Stoller, 1978, cit. por Haesevoets, 2003, p.133)
Introdução
O presente trabalho tem como objectivo apresentar diferentes posições teóricas no que concerne à problemática da perversão. Segundo a abordagem psicanalítica, a liberdade e normalidade, no âmbito da vivência saudável da sexualidade, dizem respeito à “transformação da sexualidade infantil perversa …exibir mais conteúdo…
Segundo a abordagem clássica de Freud (1905), as perversões podem ser agrupadas em três categorias: a perversão ligada ao objecto, na qual o orgasmo é atingido mais com outros objectos sexuais do que com o parceiro do sexo oposto (e.g.: pedofilia, homossexualidade); a perversão ligada à finalidade do orgasmo, orgasmo este que é atingido sobretudo através de zonas não genitais (e.g.: coito anal); e a perversão ligada à fonte, na qual o orgasmo é essencialmente atingido através de condições externas (e.g.: fetichismo, voyerismo, entre outras). Uma vez que hoje a definição de perversão já não comporta apenas um desvio das pulsões sexuais relativamente ao objecto e à finalidade e, portanto, a homossexualidade já não é considerada uma perversão por si só, esta categorização já não é actual (Aubut, 1993). Uma das contribuições freudianas mais importante prende-se com o estudo do papel da sexualidade infantil no desenvolvimento psíquico. Existindo, desde a nascença, as pulsões sexuais vão-se desenvolvendo segundo diversos estádios psicossexuais, ligando-se a diferentes zonas corporais erógenas. Cada zona corporal fornece à pulsão uma fonte, direcção e fim. A cada um destes estádios correspondem pulsões parciais, o que é fundamental para o entendimento da perversão, de acordo com o modelo freudiano. Tal como no perverso, na criança estas