Memórias de um sargento de milícias: nem romantico nem realista
O presente trabalho propõe uma abordagem reflexiva do romance Memórias de um sargento de milícias de Manuel Antônio de Almeida, visando suas convergências e divergências em relação ao Romantismo, movimento literário vigente no período da segunda metade do século XVIII e primeira metade do século XIX. O romance de Almeida segue algumas características românticas, como a busca do passado, mas contrariando outras construções da escola supracitada, apresenta um cenário que não era o da aristocracia, mas sim da classe media e baixa do Rio de Janeiro, o que o aproxima de outra escola literária, o Realismo. Memórias de um sargento de milícias apresenta características tanto do Romantismo como do Realismo, portanto, pressupõe-se que a obra …exibir mais conteúdo…
Tivemos ainda os romances regionalistas, cujo projeto pautava-se na redescobertos do País, nas suas variedades regionais e culturais, é o caso do romance Inocência de Visconde de Taunay.
Segundo Proença Filho (2007), o Romantismo é uma constelação de traços que dominavam um período da historia. Tal constelação caracteriza-se pelos seguintes pontos luminosos: cosmovisão marcada pelo choque com o cotidiano imediato; imaginação criadora; subjetividade; evasão ou escapismo; senso de mistério; consciência da solidão; reformismo; sonho; fé; ilogismo; culto da natureza; retorno ao passado; gosto pelo pitoresco; exagero; liberdade criadora; sentimentalismo; ânsia de gloria; importância da paisagem; gosto pela ruína; gosto pelo noturno; função sacralizadora da arte e idealização da mulher, etc.
Já na segunda metade do século XIX, novos princípios começaram a modificar e marcar a humanidade, e uma nova escola literária surge, contrariando o Romantismo:
O Romantismo era a apoteose do sentimento: o Realismo é a anatomia do caráter. É a critica do homem. É a arte que nos pinta a nossos propios olhos - para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. (QUEIRÓZ apud PROENÇA FILHO. 2007).
O Realismo reflete profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais, aproximando-se das idéias européias ligadas