A causalidade dos acidentes de trabalho
A concepção do acidente do trabalho como fruto do azar, segundo Kouabenam (1999) apud Baumecker (2000), remonta a períodos muito antigos. O autor comenta que para Paracelso (1493 – 1541) os acidentes escapavam de qualquer causalidade e que eram fruto dos caprichos de demônios subterrâneos e que “tais explicações fatalistas se originam na própria história da humanidade, estando ancorada firmemente nas representações populares onde o acidente, a morte e qualquer outra forma de sofrimento são considerados como um preço a pagar pela violação da ordem estabelecida. Aliada à idéia de fatalidade aparece a da causalidade pessoal uma, vez que o azar é pessoal”. À idéia da fatalidade está amiúde …exibir mais conteúdo…
No estudo do acidente de trabalho, o foco esteve historicamente dirigido para o erro ou falha humana. A respeito da causalidade dos acidentes industriais, Heinrich (1941) afirmava que, para o senso comum, era admitido que a grande maioria dos acidentes industriais seria causada diretamente por determinados atos inseguros cometidos por pessoas ou pela exposição a determinados riscos materiais ou mecânicos. Ao expor sua filosofia básica da prevenção de acidentes, Heinrich (1941) relaciona uma série de axiomas da segurança industrial dos quais destacamos os seguintes:
● a ocorrência de uma lesão invariavelmente resulta de uma seqüência completa de fatores, sendo o próprio acidente um desses fatores;
● um acidente somente pode ocorrer quando precedido ou acompanhado por uma ou ambas das duas circunstâncias: o ato inseguro de um indivíduo ou a existência de um risco material ou mecânico;
● os atos inseguros das pessoas são responsáveis pela maioria dos acidentes.
Heinrich representou sua concepção da causalidade dos acidentes de trabalho por meio de um arranjo específico de cinco peças de dominó, conforme sugere a Figura 5 a seguir:
Fonte: Adaptado de Heinrich (1941).
Figura 5. Os cinco fatores de Heinrich da seqüência do acidente.
Segundo Heinrich (1941), o acidente seria causado por uma seqüência linear de fatores que culminariam na lesão, de modo que “a ocorrência de uma lesão passível de prevenção é a