Diferenças culturais, cotidiano escolar e pratica pedagogica
Lúcia Klein e Helena Sampaio
A partir das principais mudanças que ocorreram nos sistemas de ensino superior da Argentina, Chile, Brasil e México, este estudo se propõe a analisar as grandes linhas de política para o setor nos últimos vinte anos, identificando os atores que participaram do processo de formulação dessas políticas e as arenas onde foram discutidos os temas básicos e efetuadas as negociações e ajustes que resultaram em novas estratégias e diretrizes.
Nos países em estudo, a expansão dos sistemas de ensino superior veio responder a uma demanda crescente por formação universitária. Essa demanda provinha, sobretudo, de uma classe média que também se expandia …exibir mais conteúdo…
A Argentina é um caso à parte: a expansão das matrículas – embora mantendo inalterado o número de instituições – foi precoce. Coincidiu com o primeiro período peronista, entre 1944 e 1955, e decorreu, sobretudo, da adoção de uma política de ingresso irrestrito. Com a reforma universitária de 1958 o sistema se diversificou institucionalmente, ao mesmo tempo que se redefinia o modelo de universidade, introduzindo a pesquisa científica e diversificando a oferta curricular. Durante os governos militares, a partir de 1966, houve um refluxo do sistema universitário, expresso no declínio das matrículas (2). Com o interregno peronista – 1973 a 1976 – o sistema esboçou sinais de recuperação, mas só retomou o ritmo de crescimento no final daquela década.
Em síntese, a análise das transformações dos sistemas de ensino superior na América Latina revelou a existência de uma coincidência cronológica em surtos de expansão. O primeiro eclodiu entre o final da década de 60 e início da de 70 no México e no Brasil. A segunda fase teve lugar nos anos 80 e atingiu sistemas autoritários em processo de descompressão, como o Chile e, em menor escala, a Argentina. Esse fenômeno de expansão localizada sugere que o refluxo das matrículas experimentado por esses dois últimos países na fase mais dura do regime militar foi compensado por uma ampliação das matriculas e um crescimento relativamente proporcional