O capítulo II, introdução a uma sociologia reflexiva, do livro O poder simbólico escrito pelo autor francês Pierre Bourdieu põe em discussão a forma como é elaborada o trabalho sociológico. O autor questiona desde a seleção do tema social que será estudado, a metodologia que será empregada no estudo e a atuação do sociólogo nesse processo. É perceptível a forte influência de René Descartes sobre o texto de Bourdieu principalmente pela presença do conceito da dúvida radical, pois o autor examina, completamente, a estrutura constitutiva do processo de formação do saber sociológico.
Segundo Bourdieu, o objeto de estudo precisa ser construído. Como ele próprio disse “não é coisa que se produza de uma assentada”. Portanto, a elaboração do objeto científico requer paciência e empenho; é preciso abandonar tudo aquilo que possa influenciar de forma negativa a pesquisa, como por exemplo, os pré-conceitos, ou seja, é preciso romper com o senso comum e muitas vezes com o próprio conhecimento formulado, cientificamente, pois este pode ter sido realizado de forma viciada, inadequada. Afirma que também é possível utilizar mais de um recurso metodológico, desde que seja conveniente a pesquisa.
Em suma, o autor é bastante crítico, ácido em alguns momentos, faz questão de protestar contra tudo o que estar ao seu redor, pois, segundo ele, o pré-construído está em toda parte. Entre outros ensinamentos que podemos extrair desse texto, a atitude de duvidar de tudo, essa dúvida absoluta,