Crianças, filhas de pais separados: relaçoes de preconceito na escola

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INTRODUÇÃO

As transformações sociais do último século modificaram a dinâmica e a estrutura da família. A idéia de família como um grupo constituído por pais e filhos, a família nuclear, ou, de forma mais abrangente incorporando parentes próximos, está se transformando. A família tradicional, do início do século XX, está marcada pelo poder patriarcal em que o pai exercia sua autoridade sobre a mãe e os filhos. O processo de emancipação da mulher, principalmente a partir das três últimas décadas do século XX, modifica a família introduzindo novos arranjos e personagens familiares. É nessa época que o divórcio é institucionalizado e legalizado no Brasil e se propagam as famílias com pais e padrastos ou com a mulher como
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A mulher era considerada como pertencente à linhagem do marido e quando este morria, essa mulher era excluída da linhagem. A família era do tipo extensa ou abrangente, ou seja, incluía outros parentes, amigos e vassalos. Os senhores feudais, preocupados com a legitimidade de seus filhos, exerciam forte controle sobre as mulheres, surgindo, nessa época, os cintos de castidade, defendidos também pela igreja . A família conjugal moderna seria, portanto, conseqüência do enfraquecimento da linhagem e da família abrangente (ARIÉS, 1981). No Brasil, identificamos também esta passagem do modelo patriarcal feudal ao modelo patriarcal nuclear burguês. A história da instituição familiar, no Brasil, tem como ponto de partida o modelo patriarcal, importado pela colonização e adaptado às condições sociais do Brasil de então, latifundiário e escravagista. O patriarca era o detentor das posses, não apenas de seu latifúndio, mas de sua família, de seus agregados e escravos. Nessa configuração, a mulher era considerada propriedade do patriarca. Mercadoria cambiável nos casamentos arranjados, depois de casada, cabia à mulher administrar a casa e servir ao marido como reprodutora e cuidadora da criação e educação dos filhos (CANEVACCI, 1987; FIGUEIRA, 1986; XAVIER, 1998). A mulher casada ou a jovem solteira que transgredisse os ditames patriarcais estavam sujeitas ao confinamento religioso. A tríade que sustentava a ideologia

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