O filme Beleza Americana (1999) tem início contrapondo-se à grande maioria, que deixariam a informação da morte do protagonista bem guardada para um derradeiro e surpreendente final. Essa é a primeira de várias escolhas geniais que Sam Mandes aplica no filme, quando se desvencilha de uma possível conclusão convencional para se ater a outras diversas indagações e análises, que são os reais objetivos de seu texto. O filme surge como uma crítica intrigante à mistificação da „american way of life‟ ou „estilo de vida americano‟, que são uma série de práticas e representações e que, ao longo do século XX, foram fortemente propagandeadas e tiveram no cinema hollywoodiano uma reflexão privilegiada.
O „american way of life‟ é visto como a …exibir mais conteúdo…

Lester e Carolyn têm uma filha, Jane, uma típica adolescente, brava, insegura, confusa. Ele gostaria de dizer a ela que tudo isso vai passar, mas não se sente confortável em mentir para sua menina. Segundo ele, tanto Carolyn quanto
Jane o consideram um perdedor e elas estão certas. É nesse momento que o

narrador – que é o próprio Lester, personagem principal - se refere mais diretamente a sua miséria existencial, sinalizando, porém a possibilidade de redenção. Ele não sabe exatamente o que, mas se lembra que não se sentiu sempre assim. Nesse momento o narrador conversa com espectador dizendo:
“Você que saber? Nunca é tarde demais para recuperar o tempo perdido”. O processo pelo qual Lester recuperou a vida perdida é o argumento que conduz a narrativa do filme. Recuperar o que foi perdido, em Beleza Americana (1999), é entrar em contato com a própria individualidade, com o que se sente com o que se deseja, com o próprio corpo.
Após esta abertura inicial que introduz a temática central do filme, seguem-se três seqüências importantes, pois remetem a três elementos fundamentais que serão ressignificados pelo protagonista: o trabalho, a família e o poder da vontade. Esses três temas estão muito presentes no imaginário coletivo norte-americano e circulam em algumas representações tradicionais que podem ser vistas constantemente e por isso, têm um forte apelo convincente na definição das identidades individuais.
Lester trabalhava para uma revista