sexo e genero
ALGUMAS REFLEXÕES
Paulo Roberto Ceccarelli
Pensar a alteridade é, então, pensar o diferente, a relação, o conflito. Isto é mais difícil, evidentemente, do que pensar a diferença dos sexos apoiada em invariantes culturais, antropológicas ou psicanalíticas ou, ainda, graças a boas intenções sobre a complementaridade natural dos sexos e a boa consciência sobre a perenidade do mal feminino.
Geneviève Fraisse
Introdução
Antes de abordar a questão proposta pela mesa - Psicanálise, gênero e sexualidade - gostaria de precisar aquilo que hoje se chama “estudos de gênero”. Trata-se, de um lado, dos movimentos feministas com as teorias que os sustentam; e, de outro lado, das práticas políticas às quais estes movimentos conduzem. Ao mesmo tempo, o conceito operatório de gênero não se limita aos estudos feministas e nem todo trabalho que implica a utilização de gênero engloba alguma forma de militância.
É interessante lembrar que algumas passagens da obra de Freud abriram perspectivas inéditas e revolucionárias sobre a sexualidade, a ponto de
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DI V E R SI DA DE S : D i me ns õ e s d e G ê ne ro e S e x u a l i d a d e
algumas feministas verem na psicanálise uma possibilidade de emancipação.
Porém, mais tarde elas passaram a acusar Freud de androcentrismo por perpetuar o modelo patriarcal que sustentava algumas de suas posições. O problema tomou novas proporções quando, em 1925, Freud teorizou sobre a fase fálica
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