RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo compreender aspectos voltados ao estudo e à pesquisa da Psicanálise nos dias de hoje, envolvendo conceitos que se relacionam ao adolescente na contemporaneidade. Para que isso seja possível, a abordagem se concentrará em ideias como subjetividade, cultura e socialização, com base nos preceitos psicanalíticos que foram se formando ao longo do tempo. Será estudada também a questão da psicanálise moderna, compreendendo como se dá a constituição do sujeito no mundo que o envolve hoje, com tantas exigências e demandas cada vez mais complexas. Para tanto, o foco se concentrará nos principais autores voltados a essa ciência, como Sigmund Freud, Jacques Lacan, Melanie Klein, entre outros, que constituem o cerne da Psicanálise. Assim, será possível fortalecer ainda mais a visão acerca dos estudos psicanalíticos no contexto que envolve os adolescentes na atualidade, compreendendo para o seu entendimento acerca dos aspectos humanos e sociais que o compõem.
Palavras-chave: Adolescentes. Contemporaneidade. Psicanálise. Sigmund Freud.
A Psicanálise apresenta, desde os seus primórdios, uma ruptura com a Psiquiatria, a Neurologia e a Psicologia vigentes no século XX.
Suas bases teóricas nascem como efeito de uma série de articulações entre saberes e práticas, que constroem solo histórico e possibilitam, enfim, que houvesse sua emergência.
O ser humano passa a ter uma consciência mais ampla sobre a ideia de loucura, de acordo com o que se estuda, a partir do século XVI, um momento de incertezas e de confusões resultantes da derrubada das grandes verdades que haviam sido acumuladas por mais de dois milênios.
Desse modo, compreende-se que a autoridade de Aristóteles, a fé na Igreja e nas grandes instituições do mundo ocidental foi abalada por esse século crítico, aturdido pelas grandes descobertas, invenções e transformações políticas e religiosas. Já no século XVII, é proposta uma ordem maior para a racionalidade e a consciência.
Realiza-se nesse contexto a partilha da razão e desrazão, originando a emergência da loucura e produzindo o entendimento da relação entre o saber e o poder psiquiátrico.
Michel Foucault (1926-1984), filósofo e professor francês, trouxe à humanidade a noção de que a loucura não existia; o que existia era a diferença e o lugar da diferença.
Desse modo, compreende-se que produzir o saber sobre a loucura seria assim, para todos os efeitos, também produzir a loucura em si. Entende-se, portanto, que ela tenha sido fabricada, uma vez que a fábrica foi o hospital e o artesão foi o psiquiatra.
A Psicanálise surge, justamente, para adequar conceitos da Psiquiatria, que passava a ver o louco como indivíduo perigoso e o psiquiatra como aquele que poderia resguardar a sociedade da ameaça que ele representava.
Outra possibilidade de compreensão também foi proporcionada por Jacques-Joseph Moreau de Tours (1804-1884), médico e psiquiatra francês, com seus experimentos com haxixe, para determinar a verdade ou falsidade da loucura do paciente.
Moureau de Tours aplicou o haxixe em si próprio, com o principal objetivo de produzir os sintomas da loucura e retornar ao estado normal, adquirindo saber direito sobre a loucura e não indireto como o obtido pela observação do outro ou pelo interrogatório.
Paralelamente, surgiu o conceito de mesmerismo, segundo o qual seres animados estavam sujeitos às influencias magnéticas, pois os corpos dos animais e do dotados das mesmas propriedades dos ímãs.
Franz Anton Mesmer (1734-1815), por sua vez doutor em medicina pela universidade de Viena, experimentou clinicamente a eficácia do magnetismo. Ele substituiu o ímã, comumente empregado com fins terapêuticos, pelo seu próprio corpo.
Desse modo, compreende que não há necessidade de ímãs, basta o contato da mão para que o efeito terapêutico seja alcançado.
O mesmerismo é, então, abandonado e, a partir da metade do século XIX, impõe-se uma nova técnica inventada pelo cirurgião James Braid, (1795-1860) a hipnose.
Na hipnose, compreende-se que não se faz apelo a fluido magnético ou a um poder especial do hipnotizador, sendo um efeito que depende do estado físico e psíquico do doente.
Logo após, Jean-Martin Charcot (1825-1863) passa a discutir a existência ou não de lesão anatômica relativa a determinados sintomas que, para a psiquiatria do século XIX, era um fator de extrema importância.
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