Com este tema, tencionamos falar da morte não como um tabu. Mesmo porque, embora nos faça sofrer, ela faz parte diária da nossa vida, do nascimento ao seu ocaso. Por isso, fica fácil perceber que a morte não é um fato cuja concretude só se dá ao final da nossa velhice: ela ocorre inexoravelmente, a qualquer instante, não importando idade e/ou outras circunstâncias.
Portanto, a nossa intenção é fazer uma abordagem que aponte ao ser humano, no seu viver, caminhos para lidar melhor com a morte, buscando a mediania nesse relacionamento: não mantê-la em demasia sob os nossos holofotes, o que implicaria em não viver; e, também, por outro lado, não a negando, nem a ocultando, como se fosse possível mantê-la acorrentada, num lugar distante e oculta, logrando manter a nossa vida livre de qualquer ameaça mortal.
O título da nossa monografia é: "Morte e Vida: os Limites da Abordagem Filosófica e uma possível Abertura à Transcendência".
A partir do presente tema, cremos disponibilizar recursos para o entendimento da nossa relação com a vida, a morte e o morrer, mostrando a sua presença imprevisível e deletéria dentro do cotidiano da vida, bem como a reação humana, num misto de medo e enfrentamento, tendo como instrumento importante a filosofia, com enfoques na possível abertura à transcendência.
A filosofia, mesmo no seu processo natural de construção e de desconstrução, vem desvelando, dentro dos limites possíveis, o mistério da morte, consciente, no entanto, de que o mistério, na sua diversidade, nunca será esgotado, embora, por outro lado, a razão nunca deixará de buscá-lo, ampliando assim, continuamente, os limites acima.
É natural que por ter conhecimento da sua morte e por temê-la, o homem a negue e, hoje como nunca, esforça-se para adiá-la ao máximo e, utopicamente, acredita que a vencerá.
Ademais, as abordagens acima são, por si, de suma importância para que possamos com coragem transformar vida e morte em aliadas para o nosso viver pleno e solidário a todos os seres humanos, onde a aceitação da morte poderá constituir-se em ponto de partida para a nossa maturação. Importa, no entanto, deixar claro que a filosofia também pode ser entendida como um farol a iluminar caminhos e horizontes; mas, a decisão de abrir caminhos e expandir horizontes é da incumbência dos caminhantes, vez que o homem é o ser da responsabilidade, a qual, por sua natureza, sempre está entrelaçada com a liberdade.
No Capítulo I, a partir de parte do seu pensamento, Thomas Nagel aborda a questão da morte tão somente sobre aspectos do nosso contexto intramundano, sem qualquer referência a que possamos ser imortais.
Ainda no Capítulo I, Karl Jaspers, além de tratar da questão da morte dentro da nossa realidade intramundana, faz referências às questões transcendentais.
No capitulo II, Cabrera apresenta o seu argumento sobre sentido da vida e valor da vida: uma diferença crucial, onde, entretanto, só considera válidos os argumentos que respaldam o "sentido na vida". Por não alimentar a crença num ser transcendente que tenha criado esse mundo com um determinado propósito, ele desconsidera como consistente o "sentido da vida".
Por sua vez, dentro do mesmo Capítulo II, Paulo Roberto Margutti Pinto aborda e discute parte do argumento de Cabrera, em que destaca considerações contrárias e favoráveis às ideias de Cabrera. Logo a seguir, apresenta a sua visão pessoal sobre o assunto em foco.
Face à nossa finitude, é natural que o homem questione sobre o que vem depois, no após morte: Se desapareceremos definitivamente ou se seremos agraciados com a imortalidade. Este assunto é objeto mais específico do próximo capítulo.
No Capítulo III, Bernhard Welte, se dispõe a buscar sinais da existência de Deus por caminhos novos, sem os pressupostos tradicionais, interessado em fundamentar o direito à fé na realidade divina, a partir de dois caminhos para Deus.
Capítulo I –
1. Morte sob a visão de Thomas Nagel
Thomas Nagel nasceu em Belgrado, na antiga Iugoslávia em 04 de julho de 1937. É atualmente professor de Filosofia e Direito na Universidade de Nova Iorque. Seus trabalhos se concentram em Filosofia da mente, Filosofia política e Ética. É conhecido por sua crítica aos estudos reducionistas sobre a mente em seu trabalho "Como é ser um morcego?" de 1974, e por sua contribuição à teoria político-moral liberal e deontológica em "The Possibility of Altruism", de 1970.
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