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Formação de valores como a responsabilidade e o patriotismo a partir do pensamento político de Agostinho Neto nos estudantes do 1º ano do curso de pedagogia do Isced-Lubango (página 3)
Partes: 1, 2, 3


Tabela 2A: Resultados dos inquéritos aos estudantes

Questões

Sim

%

Não

%

Nulo

%

Já ouviste a falar de Agostinho Neto? Se sim diga onde e quando nasceu?

92

92

08

8

-

-

Quantas obras de Agostinho Neto conhecem?

13

13

16

16

71

71

Na tua escola existe literatura de Agostinho Neto que fale de valores cívicos?

-

00

90

90

10

10

O que são valores cívicos e éticos?

59

59

36

36

05

05

Como avalias os valores cívicos e éticos na sociedade angolana?

10

10

74

74

16

16

Achas importante a transmissão e divulgação dos valores cívicos e éticos por parte dos professores?

88

88

10

10

O2

02

Que aproveitamento prático dos valores cívicos e éticos pode ser tirado dos ensinamentos de Agostinho Neto para a formação integral do individuo?

48

48

07

07

45

45

Tabela 2B: Resultados dos inquéritos aos estudantes

Questões

Sim

%

Não

%

Nulo

%

Que aproveitamento prático dos valores cívicos e éticos pode ser tirado dos ensinamentos de Agostinho Neto para a formação integral do individuo?

48

48

07

07

45

45

Que valores cívicos e éticos são passados durante as aulas?

48

48

40

40

12

12

De quem é a responsabilidade da transmissão dos valores cívicos e éticos para o estudante?

60

60

-

00

40

40

O comportamento do professor na sala de aula tem servido como modelo para os estudantes? De que forma?

70

70

-

00

30

30

Apresenta – se na tabela nº 2 o resultado dos dados obtidos através do inquérito realizado aos estudantes, nota-se que a maior parte dos estudantes já ouviu falar de Agostinho Neto como cidadão angolano, mas, desconhecem as suas obras, confundindo poemas de destaque com obras literárias e não sabendo distinguir destes mesmos poemas conhecidos, aspectos considerados como sendo valores. A carência das obras literárias de Agostinho Neto na instituição e não só, assim como a pouca divulgação dos seus feitos tem contribuído para o pouco conhecimento desta figura que se quer urgente o conhecimento de seu trabalho e concepções.

CONCLUSAO E SUGESTAO

CONCLUSAO

O tema que se apresenta é motivado pelo resultado de observações, práticas e actos decorrentes no quotidiano. Confronta – se quase sempre com situações preocupantes e tristes quanto a atitude dos indivíduos inseridos nesta sociedade quer sejam escolarizados ou não. Por este motivo viu –se na necessidade de se trabalhar com jovens universitários de opção Pedagogia como futuros dirigentes de instituições escolares e quiçá do País para consciencializarem – se da tarefa emergente que os espera e da missão importante a cumprir com as crianças. Que futuro para elas, o que queremos que elas sejam, visto que elas são a sociedade do amanhã e importa que aqueles que agora são ou tornam – se adultos estejam capacitados, informados e cientes dos problemas que os assola de forma a não carregar, os mesmos e melhor lidar dado que a educação deve ser entendida pelos jovens na sua integridade, porque o homem é íntegro, não tem porqué a educação ficar fragmentada.

As ciências educativas devidamente organizadas dentro da sua metódica permitem que se constitua uma sociedade amplamente com os princípios da moral. As ciências educativas são certamente promotoras da moral social por encarregarem – se da educação, dando contributo e continuidadeaos princípios básicos dados pelos pais.

Os valores abordados conjugados encerram em si outros valores já que a responsabilidade e o patriotismo são os pilares da educação que se exige para qualquer indivíduo.

Conhecer os valores defendidos por Agostinho Neto, seu trabalho e concepções é uma forma de adaptar – se as mudanças dos tempos e dos homens, permitindo as gerações actuais e vindouras um conhecimento não dogmático e sem preconceitos. Dentro dos propósitos preconizados, consta também a pesquisa e divulgação da obra de Agostinho Neto pelos estudantes do 1º ano de Pedagogia. As ideias e as obras de Neto encerram grande relevância por abarcarem todos os campos do agir angolano como cultura, educação, política e moral; Pois por tudo isso urge a necessidade de manter os jovens em contacto com ela, já que, é importante falar, é importante ensinar pelo exemplo.

SUGESTÕES

O homem é produto e produtor de cultura, por isso, apesar de existirem poucas obras literárias nas bibliotecas e livrarias de modo geral, como forma de preservar os feitos de Agostinho Neto sugere – se o seguinte:

- Aos docentes: Através dos temas transversais nas aulas ou em debates abordarem os valores não se esquecendo da figura de Neto ainda que em forma de rescaldo. Que não se restrinjam a falar dele apenas no mês de Setembro e que suas ideias sejam tidas em conta;

- Aos estudantes: Dado a pouca existência das obras de Neto, que se apliquem mais nos estudos, investiguem mais junto daqueles com mais conhecimento da época (os mais velhos), entidades sociais e outros;

De maneira geral apela – se as entidades civis e religiosas na participação activa e divulgação dos valores morais e éticos em geral, na colaboração para o enriquecimento das bibliotecas do País com obras de Neto e de outros escritores para mais conhecermos sobre a realidade do nosso País. Se cada franja da nossa sociedade fazer a sua parte, todos faremos um todo.

BIBLIOGRAFIA

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BARRADAS, A. Agostinho Neto uma vida sem tréguas 1922-1972- edição alusiva ao 25ª aniversario da morte do fundador da nação angolana e ao 30ª aniversario da independência de Angola. Lisboa – Luanda, 2005.

BUXARRAIS, MARIA ROSA. La Formación del Profesorado en Educación en Valores. Propuesta y Materiales. Bilbao, España: Desclée de Brouwer. 1997.

CAMPOS, VICTÓRIA. O Que se Deve Ensinar aos Filhos. São Paulo: Martins Fontes. 2003.

CASTELLANOS, ANA VICTORIA; OJALVO, VICTORIA; GONZÁLEZ, VIVIANA; VIÑA, GLAYDS E SEGARTE, ANA LUÍSA. LA EDUCACIÓN DE VALORES EN EL CONTEXTO UNIVERSITARIO, UNIVERSIDAD DE LA HABANA, CENTRO DE ESTUDIOS PARA EL PERFECCIONAMIENTO DE LA EDUCACIÓN SUPERIOR (CEPES) Ciudad de La Habana. Cuba. 2002.

CHALITA, G. Os Dez Mandamentos da Ética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2003.

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Diário da República – Segunda – Feira, 31 de Dezembro de 2001. I Série - Nº 65

_____ Educar Para a Esperança. 2ª Edição. Petrópolis, RJ: Vozes. 2000.

LEI DE BASES DO SISTEMA DE EDUCAÇAO. 2001: REPUBLIICA DE ANGOLA ASSEMBLEIA NACIONAL. Luanda 31 de Dezembro de 2001.

Lei nº 13 /01 de 31 de Dezembro de 2001 ( Série nº 65).

Ministério da Educação – Decreto – Lei nº 7/ 03 de 17 de Junho; Diário da República, I Série nº 47 – 17.06.2003.

MONTEIRO, Agostinhos dos Reis – Educação Acto Politico. Biblioteca do educador profissional.

MPLA. A cartilha do civismo

MPLA. Discursos do presidente Agostinho Neto. Edições trimestrais 1978.

MPLA. Discursos do presidente Agostinho Neto. Edições trimestrais 1979.

MPLA. Ensaios sobre Agostinho Neto; A voz igual.

NAHAMBO, J. Fascículo de Sociologia da Educação Ano Lectivo 2006/2007.

Pedagogia do Amor: A contribuição das Histórias Universais Para a Formação de Valores das Novas Gerações. 2ª Edição. São Paulo: Gente, 2003.

SAI BABA, Sathya.2000: Educação em Valores Humanos – Manual para o professor. 2ª ed. Rio de Janeiro: Centro Sathya Sai de Educação em Valores Humanos.

SINE, T. O lado oculto da globalização. Como defender - se dos valores da nova ordem mundial. Traduzido por Eduardo Pereira e Ferreira. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 2001.

SCHDMIDT, MARIA JUNQUEIRA. Educar Para a Responsabilidade. Livraria AGIR EDITORA. Rio de Janeiro 1965.

Sprinthall Nerman A. Psicologia Educacional.

WERNECK, Hamilton – Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. Editora Vozes, 22ª edição. Petrópolis 2003.

YUS, Rafael. Educação Integral: Uma Educação Holística Para o Século XXI. Tradução de Daisy Vaz de Moraes. Porto Alegre: Artmed, 2002.

ANEXOS

ANEXO Nº 1. BIOGRAFIA DE AGOSTINHO NETO

1922 - As cinco horas do dia dezassete de Setembro nasce Agostinho Neto em Kaxicane, freguesia de S. José, conselho de Icolo e Bengo, Distrito de Luanda, filho de Agostinho Neto, catequista de Missão americana em Luanda, sendo mais tarde pastor e professor nos Dembos, e de Maria d Silva Neto, professora.

1934 - A dez de Junho obtém o certificado da escola primária, que frequentou em Luanda.

1937 - Os seus pais mudam-se para Luanda, onde Agostinho Neto prossegue os seus estudos secundários no Liceu Salvador Correia. 1944 - Completa o 7º ano dos Liceus, obtido no Liceu Salvador Correia, de Luanda. Sendo funcionário dos serviços de saúde deixa Angola e embarca para Portugal, a fim de frequentar a Faculdade de Medicina de Coimbra. Integra-se e participa nas actividades sociais, políticas e culturais da secção de Coimbra da Casa dos Estudantes do Império, com sede em Lisboa, que esteve sob o regime compulsivo de "direcção administrativa" (nomeada pelo Governo) desde 1951 até 1957.

1947 - Surge o grupo que actua sob o lema "vamos Descobrir Angola", que dá origem ao Movimento dos Jovens Intelectuais de Angola de que Agostinho Neto foi elemento integrante, embora vivendo em Portugal. 1948 - É concedida a Agostinho Neto uma bolsa de estudos pelos Metodistas americanos.

Transfere a sua matrícula para a Faculdade de Medicina de Lisboa, cidade onde passa a residir e onde continua a sua actividade cultural e politica no seio da Casa dos Estudantes do Império.

Funda em Coimbra, com Lúcio Lara e Orlando de Albuquerque a revista Momento, na qual colabora.

1950 - Publicação em Luanda, da revista Mensagem, órgão da Associação dos Naturais de Angola, de que se publicaram 4 números (2 cadernos, sendo o ultimo em 1952, no qual Agostinho Neto colabora).

Preso pela PIDE, em Lisboa, quando recolhia assinaturas para a conferência Mundial da Paz de Estocolmo ficando encarcerado durante três meses.

Em Lisboa, Agostinho neto, de parceria com Amílcar Cabral, Mário de Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro fundam, clandestinamente o Centro de estudos Africanos, que tinham finalidades culturais e políticas orientadas para a afirmação da nacionalidade africana. 1951 - Representante da Juventude das colónias portuguesas junto do MUD - Juvenil (Movimento de unidade democrática - Juvenil) português.

Novamente preso pela PIDE, em Lisboa, 1951 - As autoridades policiais acabam com o centro de Estudos Africanos, fundado no ano anterior.

Em Lisboa, "com trabalhadores marítimos angolanos funda o Clube Marítimo Africano, correia de transmissão entre os patriotas angolanos que se encontravam em Portugal e os que, em Angola, preparavam os Alicerces do movimento de libertação".

1955 - Preso no mês de Fevereiro e, posteriormente, condenado a dezoito meses de prisão.

1956 - Uma petição internacional circula nos meios intelectuais a pedir a sua libertação que, em França é assinada por nomes altamente prestigiados, como Aragon, Simone de Beauvoir, François Mariac, Jean-paul Sartre e o poeta cubano Nicolás Guillén.

Em Setembro realiza-se em paris o 1º congresso de escritores e Artistas Negros, no qual participaram escritores das colónias portuguesas, tais com Marcelino dos Santos, e onde foi lamentada a ausência de Agostinho Neto.

A 10 de Dezembro funda-se o MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, a partir da fusão de vários movimentos patrióticos, encontrando-se Agostinho neto, nessa data, nas prisões de Lisboa. 1957 - Solto das prisões da PIDE no mês de Julho. 1958 - A 27 de Outubro é licenciado em medicina pela Universidade de Lisboa e no mesmo dia casa com Maria Eugenia Neto.

Toma parte na fundação do Movimento Anticolonialista (MAC). Que congregava patriotas das diversas colónias portuguesas para uma acção revolucionária conjunta nas cinco colónias portuguesas: Angola, Guine, Cabo Verde, Moçambique, S. Tomé e Príncipe.

1959 - A 29 de Março, em Luanda, efectuam-se prisões massivas de nacionalistas proeminentes e assiste-se a uma escalada de terror policial. Em Julho irrompe novas escaladas de terror, mais prisões massivas e sequentes julgamentos em que são aplicadas penas severas aos militantes do MPLA.

Nasce em Lisboa, o seu primeiro filho, Mário Jorge Neto aos 9/11/58  A 22 de Dezembro, de 1959 acompanhado da mulher e do filho Mário Jorge, de tenra idade, deixa Lisboa regressando a Luanda, onde abre um consultório médico.

Agostinho neto ocupa a chefia do MPLA, em território angolano. 1960 - Eleito Presidente Honorário do MPLA.

8 De Junho de 1960 é preso em Luanda. As manifestações de solidariedade diante do seu consultório médico e na sua aldeia são esmagadas pela polícia. Transita para cadeia do Algarve em Portugal, Pouco depois é deportado para o arquipélago de Cabo Verde, ficando instalado na Vila de Ponta do Sol, ilha de Santo Antão; depois transita para Santiago até Outubro de 1962.

1961 - A 4 de Fevereiro é desencadeada a luta armada pelo MPLA, com assalto as cadeias de Luanda, seguindo-se uma forte repressão.  A 5 de Fevereiro realiza-se o funeral dos policias mortos durante os ataques as prisões de Luanda e urdem-se pretextos para um massacre sobre os patriotas angolanos.

Agostinho Neto é preso na cidade da Praia, ilha de Santiago, Cabo verde e é transferido para as prisões do Aljube, em Lisboa, onde deu entrada a 17 de Outubro de 1962.

1961 - Campanha internacional em prol da libertação de Agostinho Neto. A revista Présence Africaine dedica um número especial a Angola e condena severamente as autoridades fascistas portuguesas, expondo o receio pela vida dos prisioneiros, incluindo Agostinho neto, formulando um apelo universal contra os torturadores da PIDE.

The Times publica manifestações de protesto contra a prisão de Agostinho Neto, assinadas por figuras de mais elevada craveira intelectual, como o historiador Basil Davidson; os romancistas – Day Lewis, Doris Lessing, Iris Murdoch, angus Wilson, Alan Silitoe; o poeta Jonh wain; o crítico de teatro inglês Kermeth Tynan; os dramaturgos jonh Osborne e Arnold Wesker.  A propósito da resposta inaceitável por parte das entidades portuguesas à denúncia feita por aqueles intelectuais, estes desencadeiam novo e veemente protesto

A peguin Books edita o livro Persecution 1961, da autoria de Peter Benenson, denunciado a situação de nove prisioneiros políticos, entre eles Agostinho Neto, através de artigos para a Imprensa e em carta para a embaixada de Portugal, solicitando os cuidados urgentes, para melhorar a situação de saúde de Agostinho Neto, que se temia pudesse tuberculizar. Fica preso nas prisões do Aljube, em Lisboa, até Março de 1963. Solto das prisões, em Lisboa, com residência fixa na capital portuguesa. Em Junho de 1963 invade-se de Portugal com sua mulher Maria Eugenia Neto e os filhos, Mário Jorge e Irene Alexandra, chegando a Léopoldville (Kinshasa), onde o MPLA tinha a sua sede Exterior. Eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento. 1963 - O MPLA instala-se em Brazaville em consequência da sua expulsão do Congo (R. do Zaire) que passou a dar o apoio total a FNLA. Abertura de uma frente em Cabinda – a Segunda Região politica - Militar. 1966 - Abertura de nova frente no Leste de Angola – a Terceira Região 1968 - Transfere a sua família para Dar-es-Salaam onde continuará até 1975. 1970 - Galardoado com o prémio Lotus, atribuído pela 4ª Conferência dos Escritores afro-asiático.

1974 - A guerra nas colónias, componente determinante, conduz a Revolução dos Capitães, em Portugal, a 25 de Abril. Apenas em Outubro o novo regime português reconhece o direito das colónias a independência, após que o MPLA assina o cessar-fogo. 1975 - Em 4 de Fevereiro regressa a Luanda. Está presente no encontro de Alvor, em Portugal, onde é acordado estabelecer um "governo de transição" que inclui o MPLA, Portugal, FNLA e UNITA. È recebido pela associação Portuguesa de Escritores, na sua sede em Lisboa, que assim o quis homenagear, sendo presidente José Gomes Ferreira e vice-presidente Manuel Ferreira. Acompanhado de sua mulher, Agostinho Neto agradece as saudações que lhe foram dirigidas por José Gomes Ferreira, e apela para que os escritores portugueses continuem fiéis e interessados no processo revolucionário angolano.

Em Março, a FNLA declara guerra ao MPLA e inicia o massacre da população de Luanda. Agostinho Neto lidera a resistência popular e apela a mobilização geral do povo para se opor à invasão do pais por forças estrangeiras, pelo Norte e pelo Sul, que procuram impedir o MPLA de proclamar a independência.

1975 - A 11 de Novembro é proclamado seu presidente, continuando Comandante-em-Chefe das forças Armadas Populares de Libertação de Angola e Presidente do MPLA.

Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, criada em 10 de Dezembro de 1975.

Foi o primeiro Reitor da universidade Agostinho Neto.

Presidente da Assembleia-geral da União dos Escritores Angolanos, cargo que desempenhou até a data do seu falecimento.

Reconhecimento da República popular de Angola por mais de uma centena de países.

1976 - O exército invasor Sul-Africano é expulso de Angola a 27 de Março. 1977 - Em 10 de Dezembro cria o MPLA – Partido do Trabalho 1979 - Preside à cerimónia do encerramento da 6ª Conferência dos Escritores Afro – Asiáticos, realizada de 26 de Junho a 3 de Julho, proferindo o discurso de encerramento.

- A 10 de Setembro, Agostinho Neto falece em Moscovo.

ANEXO Nº 2. ALGUMAS POESIAS DE AGOSTINHO NETO

Havemos de voltar

Ás nossas casas, as nossas lavras

Ás praias, aos nossos campos

Havemos de voltar

Ás nossas terras

Vermelhas do café

Brancas do algodão

Verdes dos milharais

Havemos de voltar

Ás nossas minas de diamante

Ouro, cobre, de petróleo

Havemos de voltar

Aos nossos rios, nossos lagos

Ás montanhas, ás florestas

Havemos de voltar

A frescura da mulemba

Ás nossas tradições

Aos ritmos e ás fogueiras

Havemos de voltar

Á marimba e ao quissange

Ao nosso carnaval

Havemos de voltar

A bela pátria angolana

nossa terra, nossa mãe

havemos de voltar

Havemos de voltar

Á Angola libertada

Angola independente

Mussunda amigo

Agostinho Neto

Para aqui estou eu Mussunda amigo Para aqui estou eu

Contigo Com a firme vitória da tua alegria e da tua consciência

O ió kalunga ua mu bangele! O ió kalunga ua mu bangele-lé-leleé...

Lembras-te?

Da tristeza daqueles tempos em que íamos comprar mangas e lastimar o destino das mulheres da Funda dos nossos cantos de lamento dos nossos desesperos e das nuvens dos nossos olhos Lembras-te?

Para aqui estou eu Mussunda amigo

A vida a ti a devo à mesma dedicação ao mesmo amor com que me salvaste do abraço da jibóia

À tua força que transforma os destinos dos homens

A ti Mussunda amigo a ti devo a vida

E escrevo versos que não entendes compreendes a minha angústia?

Para aqui estou eu Mussunda amigo escrevendo versos que tu não entendes

Não era isto o que nós queríamos, bem sei

Mas no espírito e na inteligência nós somos!

Nós somos Mussunda amigo Nós somos

Inseparáveis e caminhando ainda para o nosso sonho

No meu caminho e no teu caminho os corações batem ritmos de noites fogueirentas os pés dançam sobre palcos de místicas tropicais Os sons não se apagam dos ouvidos

O ió kalunga ua mu bangele...

Nós somos!

Negação

Agostinho Neto

Não creio em mim Não existo Não quero eu não quero ser

Quero destruir-me atirar-me de pontes elevadas e deixar-me despedaçar sobre as pedras duras das calçadas

Pulverizar o meu ser desaparecer não deixar sequer traço de passagem pelo mundo

Quero que o não-eu se aposse de mim

Mais do que um simples suicídio Quero que esta minha morte seja uma verdadeira novidade histórica um desaparecimento total até mesmo nos cérebros daqueles que me odeiam até mesmo no tempo e se processe a História e o mundo continue como se eu nunca tivesse existido como se nenhuma obra tivesse produzido como se nada tivesse influenciado na vida se em vez de valor negativo eu fosse zero

Quero ascender elevar-me até atingir o Zero e desaparecer

Deixai-me desaparecer!

Mas antes vou gritar Com toda a força dos meus pulmões Para que o mundo oiça:

- Fui eu quem renunciou a Vida! Podeis continuar a ocupar o meu lugar ·Vós o que mo roubastes

Aí tendes o mundo todo para vós para mim nada quero nem riqueza nem pobreza nem alegria nem tristeza nem vida nem morte nada

Não sou Nunca fui Renuncio-me Atingi o Zero

E agora vivei cantai chorai casai-vos matai-vos embriagai-vos dai esmolas aos pobres Nada me pode interessar que eu não sou Atingi o Zero

Não contem comigo para vos servir as refeições nem para cavar os diamantes que vossas mulheres irão ostentar em salões nem para cuidar das vossas plantações de algodão e café não contem com amas para amamentar os vossos filhos sifilíticos não contem com operários de segunda categoria para fazer o trabalho de que vos orgulhais nem com soldados inconscientes para gritar com o estômago vazio vivas ao vosso trabalho de civilização nem com lacaios para vos tirarem os sapatos de madrugada quando regressardes de orgias nocturnas nem com pretos medrosos para vos oferecer vacas e vender milho a tostão nem com corpos de mulheres para vos alimentar de prazeres nos ócios da vossa abundância imoral

Não contem comigo Renuncio-me Eu atingi o Zero

E agora podeis queimar os letreiros medrosos que às portas de bares hotéis e recintos públicos gritam o vosso egoísmo nas frases "SÓ PARA BRANCOS" ou COLOURED MEN ONLY" Negros aqui brancos acolá

E agora podeis acabar com os miseráveis bairros de negros que vos atrapalham a vaidade Vivei satisfeitos sem colour lines sem terdes que dizer aos frequeses negros que os hotéis estão abarrotados que não há mais mesas nos restaurantes Banhai-vos descansados nas vossas praias e piscinas que nunca houve negros no mundo que sujassem as águas ou os vossos nojentos preconceitos com a sua escura presença

Dissolvei o Ku-Klux-Klan que já não há negros para linchar!

Porque hesitais agora! Ao menos tendes oportunidade para proclamardes democracias com sinceridade

Podeis inventar uma nova história inclusivamente podeis inventar uma nova mística direis por exemplo: No princípio nós cria o mundo Tudo foi feito por NÓS E isso nada me interessa

Ah! Que satisfação eu sinto por ver-vos alegres no vosso orgulho e loucos na vossa mania de superioridade

Nunca houve negros! A África foi construída só por vós A América foi colonizada só por vós A Europa não conhece civilizações africanas Nunca houve beijos de negros sobre faces brancas nem um negro foi linchado nunca matastes pretos a golpes de cavalo-marinho para lhes possuirdes as mulheres nunca extorquistes propriedades a pretos não tendes nunca tivestes filhos com sangue negro ó racistas de desbragada lubricidade

Fartai-vos agora dentro da moral!

Que satisfação eu sinto por não terdes que falsear os padrões morais para salvaguardar o prestígio a superioridade e o estômago dos vossos filhos

Ah! O meu suicídio é uma novidade histórica é um sádico prazer de ver-vos bem instalados no vosso mundo sem necessidade de jogos falsos

Eu elevado até o Zero eu transformado no Nada-histórico eu no início dos tempos eu-Nada a confundir-me com vós-Tudo sou o verdadeiro Cristo da Humanidade!

Não há nas ruas de Luanda negros descalços e sujos a pôr nódoas nas vossas falsidades de colonização

Em Lourenço Marques em New York em Leopoldville em Cape Town gritam pelas ruas fogueteando alegrias nos ares

- Não há negros nas ruas! Nunca houve Não há negros preguiçosos a deixar os campos por cultivar e renitentes à escravização já não há negros para roubar Toda a riqueza representa agora o suor do rosto e o suor do rosto é a poesia da vida Viva a poesia da vida! Viva!

Não existe música negra Nunca houve batuques nas florestas do Congo Quem falou em spirituals? Os salões enchem-se de Debussy Strauss Korsakoff que não há selvagens na terra Viva a civilização dos homens superiores sem manchas negróides a perturbar-lhe a estética! Viva!

Nunca houve descobrimentos a África foi criada com o mundo

O que é a colonização? O que são os massacres de negros? O que são os esbulhos de propriedade? Coisas que ninguém conhece

A história está errada Nunca houve escravatura Nunca houve domínio de minorias orgulhosas da sua força

Acabei com as cruzadas religiosas A fé está espalhada por todo o mundo sobre a terra só há cristãos VÓS sois todos cristãos

Não há infiéis por converter Escusais de imaginar mais infidelidades religiosas para justificar repugnantes actos de barbarismo

Não necessitais enviar mais missionários a África nem nos bairros de negros Nunca houve mahamba nem concepções religiosas diferentes nunca houve religiosos a auxiliar a ocupação militar

Acabai com os missionários os seus sofismas os seus milagres inventados para justificar ambições e vaidades

Possuis tudo TUDO e sois todos irmãos

Continuai com os vossos sistemas políticos ditaduras democráticas isso é convosco Explorai o proletariado matai-vos uns aos outros lutai pela glória lutai pelo poder criai minorias fortes apadrinhai os afilhados dos vossos amigos criai mais castas aburguesai as ideias e tudo sem a complicação de verdes intrusos imiscuir-se na vossa querida e defendida civilização de homens privilegiados

E agora homens irmãos daí-vos as mãos gritai a vossa alegria de serdes sós SÓS! Únicos habitantes da terra

Eu atingi o Zero

Isto significa extraordinariamente a vossa ética ·Ao menos ·não perca a ocasião para serdes honestos

Se houver terramotos calamidades cheias ou epidemias ou terras a defender da evasão das águas ou motores parados em lamas africanas raios vos partam! já não tereis de chamar-me para acudir as vossas desgraças para reparar os vossos desastres ou para carregar com a culpa das vossas incúrias Ide para o diabo!

Eu não existo Palavra de honra que nunca existi Atingi o Zero o Nada

Abençoada a hora do meu super-suicídio para vós homens que construís sistemas morais para enquadrar imoralidades

O sol brilha só para vós a lua reflecte luz só para vós nunca houve esclavagistas nem massacres nem ocupações da África

Como até a história se transforma num tratado de moral sem necessidade de arranjos apressados!

Os pretos dos cais não existem Nunca foram ouvidos cantos dolentes misturados com a chiadeira do guindaste Nunca pisaram os caminhos do mato carregadores com sem quilos às costas são os motores que se queimam sob as cargas

Ó pretos submissos humildes ou tímidos sem lugar nas cidades ou nos escaninhos da honestidade ou nos recantos da força dançarinos com a alma poisada no sinal menos polígamos declarados dançarinos de batuques sensuais Sabeis que subistes todos de valor atingistes o Zero sois Nada e salvastes o homem

Acabou-se o ódio e o trabalho de civilização e a náusea de ver meninos negros sentados na escola ao lado de meninos de olhos azuis e as extorsões e compulsões e as palmatórias e torturas para obrigar inocentes a confessar crimes e medos de revolta e as complicadas demarches políticas para iludir as almas simples

Acabaram-se as complicações sociais!

Atingi o Zero Cheguei à hora do início do mundo e resolvi não existir

Cheguei ao Zero-Espaço ao Nada-Tempo ao eu coincidente com vós-Tudo

E o que é mais importante: Salvei o mundo!

Kinaxixi

Agostinho Neto

Gostava de estar sentado

Num banco do kinaxixi

Ás seis horas duma tarde muito quente

E ficar.

Alguém viria talvez sentar-se

Sentar-se ao meu lado

E veria as faces negras da gente

A subir a calçada

Vagarosamente

Exprimindo ausência do kimbumdu mestiço

Das conversas

Veria os passos fatigados dos servos de pais também servos

Além uma embriagues em cada álcool

Nem felicidade nem ódio

Depois do sol-posto

Acenderiam as luzes

E eu

Iria sem rumo

A pensar que a nossa vida é simples afinal

Demasiado simples

Para quem está cansado e precisa de marchar.

Agostinho Neto

Voz do sangue

Palpitam-me

Os sons do batuque

E os ritmos melancólicos do blue

Ó negro esfarrapado do Harlem

Ó dançarino de Chicago

Ó negro servidor do south

Ó negro de África

Negros de todo o mundo

Eu junto ao vosso canto

A minha pobre voz

Os meus humildes ritmos.

Eu vos acompanho

Pelas emaranhadas africas

Do nosso rumo

Eu vos sinto

Negros de todo o mundo

Eu vivo a vossa dor

Meus irmãos.

Poesia Africana

Agostinho Neto

Lá no horizonte

O fogo

E as silhuetas escuras dos imbondeiros

De braços erguidos

No ar o cheiro verde das palmeiras queimadas

Poesia africana

Na estrada

A fila de carregadores bailundos

Gemendo sob o peso da crueira

No quarto

A mulatinha dos olhos meigos

Retocando o rosto com rouge e pó de arroz

A mulher debaixo dos panos fartos remexe as ancas

Na cama

O homem insone pensando

Em comprar garfos e facas para comer á mesa

No céu o reflexo

Do fogo

E as silhuetas dos negros batucando

De braços erguidos

No ar a melodia quente das marimbas

Poesia africana

E na estrada os carregadores

No quarto a mulatinha

N a cama o homem insone

Os brasileiros consumindo

Consumindo

A terra quente dos horizontes em fogo.

Quitandeira

Agostinho Neto

A quitanda

Muito sol

E a quitandeira á sombra

Da mulemba.

- Laranja, minha senhora,

Laranjinha boa!

A luz brinca na cidade

O seu quente jogo

De claros e escuros

E a vida brinca em corações aflitos

O jogo da cabra-cega

A quitandeira

Que vende fruta

Vende-se.

- Minha senhora

Laranja, laranjinha boa!

Compra-me também o amargo

Desta tortura

Da vida sem vida.

Compra-me a infância do espírito

Este botão de rosa

Que não abriu

Principio impelido ainda para um início.

Laranja, minha senhora!

Esgotaram-se os sorrisos

Com que chorava

Eu já não choro.

E aí vão as minhas esperanças

Como foi o Sangue dos meus filhos

Amassado no pó das estradas

Enterrado nas roças e o meu suor

Embebido nos fios de algodão

Que me cobrem.

Como o esforço foi oferecido

Á segurança das máquinas

Á beleza das ruas asfaltadas

De prédios de vários andares

Á comodidade de senhores ricos

Á alegria dispersa por cidadãos

E eu

Me fui confundindo

Com os próprios problemas da existência.

Aí vão as laranjas

Como eu me ofereci ao álcool.

Par me anestesiar

E me entreguei ás religiões

Para me insensibilizar

E me atordoei para viver.

Tudo tenho dado.

Até mesmo a minha dor

E a poesia dos meus seios nus

Entreguei-os aos poetas.

Agora vendo-me eu própria.

- Compra laranjas

Minha senhora!

Leva-me para as quitandas da vida

O meu preço é único:

- Sangue.

Talvez vendendo-me

Eu me possua

- Compra laranjas!

Agostinho Neto

Civilização ocidental

Latas pregadas em paus

Fixados na terra

Fazem a casa

Os farrapos completam

A paisagem íntima

O sol atravessado as frestas

Acorda o seu habitante

Depois as doze horas de trabalho

Escravo

Britar pedra

Acarretar pedra

Britar pedra

Acarretar pedra

A velhice vem cedo

Uma esteira nas noites escuras

Basta para ele morrer

Grato

E de fome.

Agostinho Neto

Criar

Criar criar

Criar no espírito criar no músculo criar no nervo

Criar no homem criar na massa

Criar

Criar com os olhos secos

Criar criar

Sobre a profanação da floresta

Sobre a fortaleza impúdica do chicote

Criar sobre o perfume dos troncos serrados

Criar

Criar com os olhos secos

Criar criar

Gargalhadas sobre o escárnio da palmatória

Coragem nas pontas das botas do roceiro

Força no esfrangalhado das portas violentadas

Firmeza no vermelho sangue da insegurança

Criar

Criar com os olhos secos

Criar criar

Estrelas sobre o camartelo guerreiro

Paz sobre o choro das crianças

Paz sobre o suor sobre a lágrima do contrato

Paz sobre o ódio

Criar

Criar paz com os olhos secos

Criar criar

Criar liberdade nas estradas escravas

Algemas de amor nos caminhos paganizados do amor

Sons festivos sobre o balanceio dos corpos em forcas

Simuladas

Criar

Criar amor com os olhos secos.

Fogo e ritmo

Agostinho Neto

Sons de grilhetas nas estradas

Contas de pássaro

Sob a verdura húmida das florestas

Frescura na sinfonia adocicada

Dos coqueirais

Fogo

Fogo no capim

Fogo sobre o quente das chapas do cayatte

Caminhos largos

Cheios de gente cheios de gente

Em êxodo de toda a parte

Caminhos largos para os horizontes fechados

Mas caminhos

Caminhos abertos por cima

Da impossibilidade dos braços

Fogueiras

Dança

Tamtam

Ritmo

Ritmo na luz

Ritmo na cor

Ritmo nas gretas sangrentas dos pés descalços

Ritmo nas unhas descarnadas

Mas ritmo

Ritmo

Ó vozes dolorosas de África!

ANEXO Nº 3. OBRAS LITERÁRIAS DE AGOSTINHO NETO

Poesia

1957- Quatro poemas de Agostinho Neto, Póvoa do Varzim

1961- Poemas, Lisboa, casa dos estudantes do império

1974- Sagrada Esperança, Lisboa, Sá da costa (inclui poemas dos dois primeiros livros)

1982- A Renúncia Impossível, Luanda, INALD (edição póstuma)

Politica

1974- Quem é o inimigo. qual é o nosso objectivo?

1976- Destruir o velho para construir o novo

1980- Ainda o meu sonho

 

 

Autores:

Elvira Ngueve Chapanga Gaspar

Aspirante

PhD. Ivanhoe Luciano González Sánchez

ivanhoe0053[arroba]yahoo.es

Tutor

Departamento de Ciências da Educação

Instituto de Ciências da Educação ISCED HUILA

Huila . Angola

Trabalho de fim de curso apresentado para obtenção de título de Licenciado em Ciências de Educação. Opção: Pedagogia

Partes: 1, 2, 3


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