Vida para consumo
Bauman inicia seu livro descrevendo alguns casos acerca dos hábitos altamente mutáveis da sociedade. A mania das redes sociais que supriu necessidade de mostrar ao mundo, mesmo que seja ao reduzido número de amigos, o que se sente, o que se faz e o que se pensa a todo o momento; a facilidade na seleção de clientes em potencial, poupando tempo e aumentando a produtividade de funcionários; e um programa de imigração seletiva, restringindo a permissão de entrada apenas a pessoas inteligentes e que realmente fossem necessárias aos interesses do país receptor.
Por mais diferentes que pareçam, as pessoas envolvidas em cada um desses três casos podem ser interligadas por um objetivo em comum: todas elas buscam possuir a melhor …exibir mais conteúdo…
A característica mais marcante da sociedade de consumidores é a transformação dos consumidores em mercadorias, o que caracteriza a subjetividade do sujeito. A tarefa dos consumidores, e o principal motivo que os estimula a se engajar numa incessante atividade de consumo, é sair da invisibilidade, destacando-se da massa de objetos indistinguíveis e assim atrair o olhar dos consumidores. Diante de uma sociedade de consumo excessivo, a necessidade de mobilidade e visibilidade é cada vez maior, deflagrando uma constante reformulação das identidades como formas de assegurar os princípios de inclusão elaborados pelo mercado.
Karl Marx censurou os economistas da época pela falácia do “fetichismo da economia”: o hábito de, por ação ou omissão, ignorar ou esconder a interação humana por trás do movimento das mercadorias. Isto quer dizer, o trabalho, apesar de ser tratado como uma mercadoria como outra qualquer, não pode ser considerado como tal, uma vez que no seu caso, os compradores não poderiam levar a mercadoria para casa e nem usá-la a seu bel prazer.
Segundo Bauman, o fetichismo da subjetividade é alimentado pela alta taxa de desperdício. A sociedade consumista tende a tornar seus objetos de consumo descartáveis. Com a velocidade em que novos produtos surgem no mercado, os antigos vão perdendo cada vez mais depressa seu valor para os consumidores. Não que eles sejam realmente ultrapassados ou inferiores aos mais recentes, mas o simples fato de ser uma