Sociocentrismo
Dessa forma, a tolerância com relação à diferença é válida, mas seu limite não está claro, pois como podemos aceitar pacificamente o apedrejamento de mulheres ou a mutilação de seus corpos? Daí a necessidade da reflexão constante sobre tais limites, uma vez que o maior objetivo sempre será o convívio harmonioso e a valorização da vida.
O sociocentrismo se materializa quando, a partir dos padrões de vida, valores e crenças de um determinado grupo social, se estabelece um conjunto de comparações com outros, colocados, em geral, em condições de inferioridade. Os discursos estabelecidos em relação aos espaços populares, dentre outros, seguem esse padrão. Por isso, a valorização das ausências é eixo dos olhares dirigidos àquelas áreas urbanas: a favela e a periferia são definidas, de forma quase homogênea, por uma pretensa carência, seja de serviços públicos e equipamentos urbanos, de leis, de beleza e, no limite, de noções básicas de moral e de ética. Seriam o espaço da violência e do caos, por definição.
O sociocentrismo vem sempre acompanhado do adultocentrismo. Da mesma forma que a prática anterior, essa é marcada pela visão hierárquica estabelecida em relação aos jovens. Esse juízo afeta, naturalmente, os jovens de todas as classes sociais, mas em relação aos de origem popular as práticas repressivas são bem mais graves. O adultocentrismo parte do pressuposto, como Aristóteles, que a principal característica da