Resenha crítica: estado, classe e movimento social
- A substituição da classe pela “identidade” e da exploração pela “exclusão”
Os trabalhadores sofrem com os impactos objetivos da crise: desemprego, precarização do trabalho, dos salários e dos sistemas de proteção. Além disso, estão sofrendo também no plano ideológico: a veneração de um subjetivismo e um ideário fragmentador que faz apologia ao individualismo exacerbado contra as formas de solidariedade e atuação coletiva e social.
A fragmentação, ou seja, essa dissensão atua na prática organizativa das classes trabalhadoras e cria, especialmente, numa crise, institucionalização corporativa da organização e a exclusão de grande número de trabalhadores da representação sindical. Ainda …exibir mais conteúdo…
Neste movimento das classes trabalhadores, os interesses dos trabalhadores são cada vez mais diferenciados até opostos rompendo com a tendência da bipolarização que ocorreu até o séc XIX. Na verdade agora ocorre a “pulverização” e a maioria dos trabalhadores fica oculta nesse cenário.
Dessa forma, como consequência, o poder político das organizações cai significamente, por que:
- a diminuição do espaço fabril leva à redução de número de pessoas no sindicato;
- a subcontratação, a informalização do trabalho e a heterogeneização (diferenciação) dos setores trabalhadores excluem amplos segmentos da organização sindical fundamentalmente composta por trabalhadores assalariados;
- o ocultamento das lutas de classes e o desprestígio do movimento operário têm, por outro lado, uma expansão social a fim de tornar a ideia da luta dos trabalhadores antiquada e antipopular, substituindo as “lutas de classes” e a “exploração” pela noção de “ação social” e “exclusão social”;
- a transformação da organização sindical: inexiste uma forte organização internacional, e os sindicatos nacionais passam a ser sindicatos por indústria, como no Japão, em que há organizações sindicais por empresa, o que ratifica e enfatiza a perda do poder de luta dos trabalhadores. Dessa forma, ocorre a “ramificação” e setorialização das medidas de lutas: cada vez mais greves e negociação por ramo e categoria e até acordo direto entre patrão