Resenha a Invenção do trabalhismo
A FORÇA DA "PALAVRA OPERÁRIA" A Invenção do Trabalhismo de Angela de Castro Gomes
São Paulo, Vértice/Iuperj, 1988 por Elina G. da Fonte Pessanha Angela de Castro Gomes já nos fornecera, há anos atrás, com Burguesia e Trabalho (1970), um belo e importante estudo sobre a conformação da legislação trabalhista no Brasil, a partir do exame da atuação do patronato carioca. Em A Invenção do Trabalhismo, como ela mesma diz, a questão dos direitos sociais recoloca-se em termos de sua relação com a cidadania dos trabalhadores e incorpora os dois atores centrais desse processo, que a autora antes não privilegiara: a própria classe trabalhadora e o Estado.
Utilizando a moderna Ciência Política, mas movimentando-se com freqüência até as fronteiras da História Social e da Antropologia, Angela acompanha os diferentes projetos que, da Primeira República ao fim do Estado Novo, tentam constituir a classe trabalhadora em ator coletivo socialmente reconhecido.
Dos pressupostos teóricos, dois se destacam. O primeiro está ligado à construção da "palavra operária" (Sewell, 1981)*, discurso cujos elementos fazem a classe reconhecer-se como tal e definem suas formas de organização.
O segundo, para além da ótica da ação coletiva regida por uma lógica predominantemente material (Olson, 1970), abre-se ao enfoque que privilegia a presença de uma lógica simbólica orientando a experiência dos homens. (Thompson, 1966, por exemplo).
A autora vai buscar em Pizzorno (1976) a idéia