Quanto Vale a Competência
Jéferson quer o cargo de Solano. Esse poderia ser o mote de uma crônica de intrigas protagonizada por dois personagens anônimos numa empresa qualquer. Mas, ao contrário do que acontece rotineiramente no mundo corporativo, podemos contar sem puxões de tapete, decisões arbitrárias e picuinhas a história dos gaúchos Jéferson de Lourenço e Solano Flores, funcionários da área de engenharia da Marcopolo, a maior fabricante de carrocerias para ônibus da América Latina, com faturamento de 1 bilhão de reais em 2001. Cada um deles sabe exatamente a que distância está do próximo passo de sua carreira. Mais: um ajuda o outro a chegar lá. O perfil ideal para os 202 cargos da empresa -- detalhados em aspectos técnicos, comportamentais e, no caso dos executivos, até emocionais -- está na intranet e em pastas espalhadas em quiosques de duas fábricas da Marcopolo em Caxias do Sul, na serra gaúcha.
O enredo, no entanto, já foi bem diferente. Até 1996, a descrição de cargos na empresa se resumia a meia dúzia de palavras sobre as tarefas reservadas a quem os ocupasse -- esquecida nas gavetas do departamento de recursos humanos. "Os aumentos salariais, por exemplo, seguiam