Literatura de são tomé e princípe
Introdução à Literatura de São Tomé e Príncipe
Nota sobre a Literatura Santomense
A poesia de Francisco José Tenreiro
INTRODUÇÃO À LITERATURA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE Manuel Ferreira A evolução social de São Tomé e Príncipe teria sido paralela, em muitos aspectos, à de Cabo Verde. Mas, em meados do século XIX, implantando-se osistema de monocultura, a burguesia negra e mestiça vai ser violentamente substituída pelos monopólios portugueses, o processo social do Arquipélagoalterado e travada a miscigenação étnica e cultural. Mesmo assim, não podem deixar de ser considerados os efeitos do contacto de culturas. A suapoesia, de um modo geral, exprime exactamente isso; mas, na …exibir mais conteúdo…
Como pode ele reencontrar oseu equilíbrio psíquico? Alienado, in-consciencializado, batido no deserto social em que se movimenta, então cura libertar-se através de umacompensação. Revoltando-se? Clamando contra a injustiça que o atinge? Não. Contrapondo atributos morais. «Ah! pálida mulher, se tu és bela, [...] Amao belo também nesta aparência!». Amiúde as relacionações antinómicas vai buscá-las ao Cosmo:
«Só explendor por fóra,
Só trevas é no centro!
Ó Sol, és meu inverso:
Negro por fóra, eu tenho amor cá dentro» Com efeito, a sua poesia é a de um homem infelicitado. Amiúde recorrendo à comparação e à antítese, as figuras mais pertinentes são as quesignificam ou simbolizam as cores «negro» e «branco». Da erosão da sua alma transita para a obsessão infeliz, lutando por restabelecer a sua dignidadeno refúgio do apelo à evidência moralizante, por norma em poemas lírico-sentimentais ou de amor. Versos fica como o primeiro e único texto onde oproblema da cor da pele actua como motivo e de uma forma obsessivamente dramática. Consideramo-lo o caso mais evidente de negrismo da literaturaafricana de expressão portuguesa. Alguns autores angolanos coevos de Costa Alegre deram também uma contribuição para este fenómeno, maspercorrendo um espaço menos significativo. A LÍRICA Em capítulo anterior assinalámos que Caetano da Costa Alegre, poeta oitocentista são-tomense, fora o primeiro, em todo o espaço africano de línguaportuguesa, a dar ao tópico da cor um