Legado gráfico do futurismo
Laura Ferrari Rodrigues de Pina
De modo a melhor responder a este problema, tentarei dividir a questão das conotações políticas do futurismo em duas: o fascismo; e a política intrínseca ao próprio movimento. Tendo em conta a complexidade de ambas, penso que só então fará sentido falar em legado gráfico futurista e na sua continuidade ou não no tempo, algo acerca do qual me parece prematuro opinar. Assim, e em primeiro lugar, ao colocar a possibilidade de retirar conotações políticas ao Futurismo, o problema parece confuso, isto porque, citando Richard Humphreys, o Futurismo “era uma filosofia de vida altamente politizada”1. Essa politização está intrinsecamente relacionada com o próprio contexto político que o futurismo tem como pano de fundo, a formação ainda recente da Itália como nação e as discrepâncias económicas daí resultantes que culminam em descontentamento político e no aparecimento de cada vez mais partidos de oposição radicais: socialistas, sindicalistas, anarquistas e nacionalistas. Citando o escritor Giovanni Amendola, numa crítica de 1910 ao dirigente Giovanni Giolitti, “Repulsa e pena enchem-nos quando olhamos para trás, para as últimas décadas de vida política e administrativa no nosso reino, e vemos que esta foi marcada por deficiência moral e pobreza intelectual da classe dirigente.”2. Deste modo, é apenas lógico que o futurismo italiano herde do seu