Guimarães rosa entrevista a günther lorenz
2916 palavras
12 páginas
ROSA, Guimarães & LORENZ, Günter. “Diálogo com Guimarães Rosa”. In: Guimarães Rosa. COUTINHO, Eduardo (org.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983, p. 62-97. (Fortuna Crítica, vol. 6) [Entrevista de 1965, em Gênova, Itália]POLÍTICA: Além disso, eu sou escritor, e se você quiser, também diplomata; político nunca fui. (p. 63)
POLÍTICA: Tenho a impressão de que todos eles discutem demasiado, e por isso não conseguirão realizar tudo o que desejam. (...) Mas você já observou que os que mais falam de política são sempre aqueles que têm menos livros publicados? (63)
ARTE E COMPROMISSO: As palavras de Borges revelaram uma total falta de consciência da responsabilidade, e eu estou sempre do lado daqueles que arcam com a …exibir mais conteúdo…
Em outras palavras: gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. O crocodilo vem ao mundo como um magister da metafísica, pois para ele cada rio é um oceano, um mar da sabedoria, mesmo que chegue a ter cem anos de idade. Gostaria de ser um crocodilo, porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma do homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como os sofrimentos dos homens. Amo ainda mais uma coisa de nossos grandes rios: sua eternidade. Sim, rio é uma palavra mágica para conjugar eternidade. A estas alturas, você já deve estar me considerando um charlatão ou um louco. (72)
SOLIDÃO: Apenas na solidão pode-se descobrir que o diabo não existe. E isto significa o infinito da felicidade. Esta é a minha mística. (...) Provavelmente, eu seja como meu irmão Riobaldo. Pois o diabo pode ser vencido simplesmente, porque existe o homem, a travessia para a solidão, que equivale ao infinito. (73)
POÉTICA: Mas quero ainda ressaltar que credo e poética são uma mesma coisa. Não deve haver nenhuma diferença entre homens e escritores; esta é apenas uma maldita invenção dos cientistas, que querem fazer deles duas pessoas totalmente distintas. Acho isso ridículo. A vida deve fazer justiça à obra, e a obra à vida. Um escritor que não se atém a esta regra não vale nada, nem como homem nem como escritor. (74)
CRÍTICA: A tarefa do crítico é diferente da do autor. Além disso, não tenho uma opinião muito