NIETZSCHE

A crítica de Nietzsche à metafísica se resume, basicamente, na valorização teórica das ilusões. Mais do que criticar, o filósofo pretendia desvendar as origens humanas das criações metafísicas, o que explica a valorização da mentira e do embuste como formas de mascarar a realidade. Nietzsche desconstruiu o edifício filosófico e moral, amparado na cultura ocidental. Porém, desmascarar as ilusões não é nada mais do que dar legitimidade a elas no campo filosófico. Uma máscara esconde sempre outra máscara e nunca uma realidade pura e verdadeira. Portanto, tudo é efeito e superfície.

Em sua estratégia de combate, Nietzsche usou o “método científico”, já que a meta principal seria demonstrar que a invenção da metafísica tem sua origem em erros da razão, fraquezas e psicopatologias de seus autores. A criação de um mundo suprassensível, tido como ideal e verdadeiro, passaria a ser entendido não mais como a verdade absoluta, mas como uma invenção humana, algo entre um sonho e uma alucinação.

Uma filosofia da suspeita

A filosofia de Nietzsche é mesmo paradoxal: reconhecer o que não passa de calúnia em seu valor de calúnia. Para ele a vida não é o reflexo da moral: “a vida quer ilusão, vive da ilusão”. Diante dessa afirmação é possível perceber o tom antimetafísico que reconhece a legitimidade da ilusão como um mecanismo artístico útil à própria vida. Toda argumentação metafísica não passa de uma criação artística na qual o erro, o embuste, a mentira, o engano