Conto de enigma
A face amarela
Arthur Conan Doyle Um dia, no começo da primavera, Sherlock Holmes estava tão bem-disposto que saiu comigo para um passeio no Hyde Park. [...] Eram já quase cinco horas quando regressamos à Baker Street. — Desculpe, senhor — disse nosso criado, ao abrir a porta —, mas esteve aqui um cavalheiro que perguntou pelo senhor. — Quanto tempo esteve à espera? — Meia hora. Era um cavalheiro inquieto. Todo o tempo que aqui esteve, andou de um lado para outro e batia os pés no chão. [...] "Esse homem nunca mais vem?" Foram essas suas próprias palavras, senhor. Eu respondi: "Queira esperar um pouco mais". "Então esperarei …exibir mais conteúdo…
[...] — Meu caro Sr. Grant Munro — começou Holmes. O nosso visitante saltou na cadeira. — O quê? — gritou. — O senhor sabe meu nome?! — Se quiser manter-se incógnito — respondeu Holmes —, sugiro-lhe que deixe de escrever seu nome no forro do chapéu, ou então volte a copa para a pessoa a quem se dirigir. [...] Visto que o tempo é sempre de primordial importância, peco-lhe para expor o caso sem mais delongas. [...] De repente, fazendo com a mão o gesto de quem se liberta de um peso, começou: — Os fatos são estes, sr. Holmes, sou casado há três anos, minha mulher e eu amamo-nos sempre com paixão e temos sido felizes como se nunca houvéssemos vivido um sem o outro. Nunca tivemos uma divergência, por pensamentos, palavras ou obras. Mas agora, desde segunda-feira passada, surgiu de súbito uma barreira entre nós e descobri que existe alguma coisa em sua vida e em seus pensamentos que conheço tão mal como se se tratasse de uma estranha que cruzasse comigo na rua. Mas há uma coisa que desejo salientar antes de prosseguir, Sr. Holmes: Effi me ama. [...] Sei disso, sinto-o, e não venho aqui para discuti-lo. Um homem pode saber com facilidade quando a mulher o ama. — Tenha a bondade de me apresentar os fatos, Sr. Munro — disse Holmes com impaciência. — Começarei pelo que sei da história de Effi. Era viúva quando a encontrei pela primeira vez, embora muito nova, pois