As viagens na minha terra
As Viagens na Minha Terra foram escritas em 1846. Desde logo foi um sucesso de vendas com sucessivas reedições que rapidamente se esgotaram. O acolhimento do público foi marcante, podemos dizer que para isso contribuiu o carácter amplo e global deste livro. Um sentido Abarcador. Vontade de dizer tudo, Ambição Romântica semelhante à de Goethe que foi uma influência decisiva para Garrett que estudou alemão para o ler no original – Ambição revelada e assumida, quando nos diz no segundo capítulo: “Nesta minha viagem Tejo arriba está simbolizada a marcha do nosso progresso humano”…“A crónica do passado, a história do presente, o programa do futuro” - Ironia que se alia ao humor também quando se refere ao livro …exibir mais conteúdo…
O narrador, escritor e viajante ao passar pelo Vale de Santarém vê uma casa com uma janela. Refere que “se enamora com a janela juntamente com o leitor” – A partir desta janela o narrador, encantado deixa-se guiar pela imaginação, que expõe num diálogo com o leitor – Primeiro imagina uma mulher atrás da sua janela, usando o condicional para reforçar que o seu pensamento é fluído mas imaginário e nesta exposição da construção da novela diante do leitor e num aparente e ficcional diálogo com ele, introduzir-nos no segundo nível narrativo: guiar-nos até ao trama, primeiro a partir da criação de uma personagem feminina: “se fosse uma mulher o quadro seria perfeito” – esta que está atrás da janela, a descrição física vai sendo corrigida– a personagem Joaninha surge da visão apaixonada com a janela – quase um exercício de imaginação infantil e inocente. A criação do trama revelado muito ao jeito de “Névoa” de Miguel de Unamuno – Também nas “Viagens na Minha Terra” o narrador que criou o trama depara-se com as personagens que criou num momento de cruzamento entre os dois níveis narrativos – Na metalepse, as personagens tornadas duplamente reais num jogo de