As origens do pensamento grego
Por Prof. Murillo Mendes
A iniciativa pessoal já estava nitidamente em processo de formação na pólis no final do VI a.C. (J.P.Vernant,1988: 33), permitindo ao cidadão fazer escolhas e ter opções. Este fenômeno tem relação com a expansão econômica, a conquista do Mediterrâneo, o impulso ao desenvolvimento do comércio e do artesanato (W.Burkert,1991:23). Atenas permitiu o enriquecimento de outros setores econômicos situados no espaço urbano que buscavam a afirmação social através do uso da escrita e da centralização dos cultos religiosos na área da ásty de Atenas, porém devemos acrescentar que durante todo este período a ações coletivas prevaleceram. A autonomização do cidadão acentua-se a partir …exibir mais conteúdo…
Nos referimos a posse de mais uma alma errante - psyké de um biathanatos (6) ou de um aoroi. Reafirmamos que a realização do desejo do solicitante conferia prestígio e aumentava o poder do magos, devido ao controle de mais um ser sobrenatural que, através de ritos e palavras mágicas, permaneceria subordinado às suas ordens. Consideramos os katádesmoi como o domínio da téchne do saber-fazer o que lhe era solicitado. Os magoi, por vezes chamados de feiticeiros, faziam uso deste conhecimento para representar e alterar a realidade que eles próprios haviam construído. No mundo mágico o objeto era substituído pela imagem; o ato de proferir o nome substituía a pessoa e a voz era criadora porque detinha o poder de tornar presente o que era invisível. Na ação mágica, objeto e símbolo se confundiam misteriosamente e apresentavam-se como um processo total de transferência de poderes do ser e do fazer do magos.
.Frazer,1982; A. Bernand, 1991:passim).
O pensamento mágico, sendo integrante de uma forma específica de conceber a organização do universo, necessitava da formulação de outras abordagens, diferente das desenvolvidas pela Antropologia do período de Frazer e das atuais análises descritivas das fórmulas mágicas. Isto porque, tais abordagens suprimem a voz dos praticantes da magia , e/ou constroem lhe um outro significado. Neste sentido a magia ocupa o lugar do outro, o diferente, o não inteligível pela ordem estabelecida, torna-se a prática do desvio, e como