As entrevistas preliminares na psicanálise com uma criança
Myriam R. Fernández
Nessa apresentação, vamos focalizar, na prática analítica, as entrevistas preliminares com os pais e a criança. Quanto ao analisante—a criança — as entrevistas preliminares são, como sabemos, o tempo necessário à emergência da transferência e a sua condição como campo do trabalho analítico.
O paciente, um menino, esteve em análise por dois anos e meio, quando, então, o tratamento foi concluído. No caso de uma criança, se não é possível dizer que houve um final de análise como o formulado logicamente por Lacan no seminário do Ato Analítico, pode-se, no entanto, afirmar que, naquele momento, essa análise terminara. Ao iniciá-la, o paciente tinha cerca de cinco anos e oito meses e anteriormente estivera em tratamento por um ano e meio. Era encoprético. Filho mais velho de um casal jovem já separado, tinha um irmão mais moço que nascera quando estava com aproximadamente dois anos e meio. Poucos meses depois deu-se a separação dos pais. O menino sofrerá algumas perdas praticamente concomitantes: a saída da ilha onde vivera com os pais (uma espécie de ilha encantada para ele), o nascimento do irmão (e conseqüentemente perda do lugar de filho único) e a separação dos pais.
A queixa fundamental dos pais era a encoprese, mas a mãe falava da agressividade do filho e o pai considerava-o manhoso e mimado.
Aí estava, pois, a demanda dos pais com a sua queixa. Demanda que, já sabemos,
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