As Funções da Polícia na Sociedade Moderna
BITTNER, Egon. Aspectos do Trabalho Policial (2003). São Paulo: EDUSP. (cap.4).
Reinaldo Vieira1
Na obra Aspectos do Trabalho Policial que traz, dentre outros importantes temas, uma análise das funções da polícia na sociedade atual, Egon Bittner, um dos mais renomados pesquisadores acadêmicos voltados para os assuntos sobre a atividade policial, apresenta importantes estudos fundamentado no polinômio polícia-justiça-legalidade-comunidade. No capítulo 4, Bittner demonstra que a imagem da polícia americana antes de 1930, era associada a uma força brutal, corrupta e desumana, que com o passar dos tempos, diga-se de passagem, em poucas décadas resgatou sua identidade, de tal maneira que os incidentes de corrupção e abusos …exibir mais conteúdo…
Inclui que a atividade policial é uma ocupação com baixa remuneração, levando a crê, de uma maneira equivocada, que a função da polícia pode ser executada por homens com pouca ou nenhuma educação formal, a quem é associada à ideia geral que toda a polícia é ignorante, corrupta e truculenta. Conceito errôneo que é fortalecido com o surgimento de abusos por parte de alguns poucos policiais, sem compromisso com a ética moral e profissional, que insiste em macular a imagem da polícia perante a coletividade, reforçando o pensamento que a sociedade, especialmente a classe hipossuficiente, é o inimigo a ser combatido e, para essa parcela frágil, a polícia nada mais é do que fogo combatendo fogo. O segundo traço percebido por Bittner, associado ao trabalho da polícia, expõe que o trabalho policial não é visto, apenas, como uma ocupação corrupta. A atividade policial está em constante confronto com algum interesse humano, visto que a ação da polícia, quase sempre, é dirigida em prol de alguém contra outra pessoa. Na maior parte da ação policial exige-se a tomada de rápidas decisões, que somente após esta, pode-se avaliar se as consequências foram ou não acertadas, esta ação chamada por Bittner de “ação agressiva” nem sempre é acertada ou livre de excessos, condenada, geralmente, a ser injusta e ofensiva para alguém (Bittner, 2003, p.101), contrapondo-se a cobrança, no mínimo quimérica, que exige perfeição, justiça