A estrutura fundiária do Espírito Santo de 1970 a 2006
ROBERTO AMADEU FASSARELLA
MILENA ARAUJO REGO
RESUMO: O presente trabalho objetiva estudar as mudanças na estrutura fundiária no Estado do Espírito Santo no período de 1970 a 2006. Os dados utilizados nesse trabalho são os publicados nos Censos Agropecuários de 1970 e 2006 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As medidas utilizadas nesse artigo para análise da evolução da estrutura fundiária no Estado do Espírito Santo são Índice de Gini, área média e taxa de crescimento do número de estabelecimento por estrato de área e taxa de crescimento da área ocupada pelos estabelecimentos rurais por extrato de área. O Índice de Ginni, passa de 0,604 em 1970 …exibir mais conteúdo…
No Espírito Santo, os cafezais aumentavam continuamente. Na medida em que, iniciando-se o lento arranco para o desenvolvimento material e capitalista do País, o café dilatava a fronteira agrícola, monopolizava também a área ocupada pela lavoura canavieira, que terminará, praticamente, por ceder todo o seu espaço. Até em São Mateus, uma tradicional zona produtora de farinha de mandioca e isolada do Norte da Província, chegou-se a contar 55 fazendas, produzindo cerca de 30 mil arrobas anuais de café. Mas era no Sul que o café se apresentava em melhores perspectivas. Para o vale do Itapemirim, nas excelentes terras de Cachoeiro de Itapemirim e Veado (Guaçui), é que se deslocava a nova frente do café mineiro e fluminense (BITTENCOURT, 2006, p. 163).
Juntamente com o café, um fator importante para a formação da estrutura fundiária capixaba foi a política de imigração. Conforme Souza Filho (1990), a região central foi ocupada pela imigração européia, constituída por pequenas propriedades e baseada no trabalho familiar. E no sul, com fim do escravagismo1 houve o esfacelamento das grandes fazendas, o que deu origem ao emprego de parceiros como forma de reter a força de trabalho. Segundo Almada (1981):
No Espírito Santo, foi somente após 1886 quando já se desintegrava o sistema escravista, que alguns fazendeiros propuseram-se a introduzir o trabalho de europeus em suas fazendas de café. Antes disso, todos os esforços do governo no estabelecimento