António Sérgio Pedagogo e Político



Partes: 1, 2, 3, 4, 5, 6

  1. Biografia Contextualizada do Autor
  2. Situação Social e Educativa em Portugal, os fins do Século XX a 1969
  3. Pensamento Pedagógico de António Sérgio: uma visão Global sobre Educação e Homem
  4. Releitura da obra sergiana: enquadramento com escritos actuais
  5. Conclusões
  6. Bibliografia Escritos de António Sérgio
  7. Notas

"Conheci o Sérgio pessoalmente. Era um homem de muito valor. "

Rómulo de Carvalho, Professor Metodólogo de Física e Química, membro da Academia das Ciências de Lisboa, Poeta (António Gedeão) e Historiador da Educação, O Homem É O Exemplo Do Desumano, entrevista a Rui Ochoa, Expresso, Revista, 4 de Junho de 1994, p.104.

Biografia Contextualizada do Autor

António Sérgio de Sousa nasceu em 3/9/1883 em Damão, sendo filho do Governador1; foi com os pais para África, aonde viveu até aos dez anos e mais tarde, por tradição familiar, estudou no Colégio Militar, completou o curso da Marinha, viajou a Cabo Verde e Macau. Aos dezoito anos deveria ser apresentado à família real – o que recusa, sendo tal gesto interpretado pelo seu próprio pai como indício de Republicanismo – o que Sérgio nega2. Quando a República é implantada abandona a Armada e – diz-se – parte a espada de oficial, – episódios que Sérgio narra de maneira diferente, segundo A. Campos Matos. Para Campos Matos, Sérgio deixou a Armada, com um simples requerimento.

Mesmo se olharmos de relance para este relato, muitas falhas notamos. Mas, voltando ao relato do episódio mencionado, assinale-se que Sérgio não considerava a questão do regime (República ou Monarquia) como muito importante.

Importante seria para Sérgio o progresso económico e moral do País. Fala explicitamente do "Socialismo", embora como sabemos esta sua ideia não seja, nem de longe, aparentada com o "Socialismo Marxista".

Daniel Hameline e António Nóvoa, publicaram em 19903 uma «Autobiografia inédita de António Sérgio»,

escrita aos 32 anos no Livre d'Or do Instituto Jean-Jacques Rousseau (Genève), biografia essa que apresentaram comentada, bem como o seu Fac-Símile.

Sabemos assim por estes autores, que "Entre 1914 e 1916 António Sérgio esteve em Genève no Instituto Jean-Jacques Rousseau, onde conviveu com um «micro-cosmos» muito influente no movimento internacional de renovação educativa. A circunstância de António Sérgio ter produzido para o Livro do Instituto uma autobiografia considerada exemplar (...) [mostra] a dimensão social de que a pedagogia sergiana era portadora. "

Na Introdução a esta autobiografia, Daniel Hameline e António Nóvoa, dizem-nos que "António Sérgio manifestou sempre uma grande indiferença pelas abordagens biográficas, não lhes concedendo qualquer importância para a compreensão das obras, que na sua opinião deviam ser analisadas sem jamais fugir para a biografia do autor, ou para divagações literateiras sobre a psicologia deste."

Sérgio sempre terá deixado de lado preocupações de ordem biográfica, mas como observam Hameline e Nóvoa, "também praticou o gesto autobiográfico. Aos 32 anos de idade, instalado em Genève (Suíça), escreveu no Livre d'Or do Instituto Jean-Jacques Rousseau um documento autobiográfico do maior interesse, o único deste género que se conhece ao autor dos Ensaios"4.

Estes autores dizem que "levantarão algumas hipóteses sobre a importância que apassagem por Genève teve na estruturação das suas ideias pedagógicas e dos seus ideais educativos"5. Sabemos que: "A Escola das Ciências da Educação, foi fundada em 1912 graças à iniciativa do psicólogo Edouard Claparède, que confiou a direcção ao filósofo Pierre Bovet, tornou-se conhecida sobretudo pela sua designação secundária, que constitui de per si um autêntico programa: Instituto Jean-Jacques Rousseau. A ideia tinha nascido no meio universitário, mas para Claparède era fundamental assegurar não só a cientificidade académica, mas também a liberdade de acção, de atitude e de propaganda. A sua opção irá no sentido de criar uma fundação privada. O Instituto só se ligará à Universidade em 1929. Desde o início o Instituto pretende assumir a formação dos professores da República de Genève, o que só se verificará a partir de 1921. Entretanto, de Outubro de 1912 a Julho de 1916 estiveram inscritos no Instituto cerca de 100 alunos, dos quais 80 eram estrangeiros".

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