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3.5 A edição de looks para o inverno 2007 de Alexandre Herchcovitch
É neste elemento constituinte do desfile, a edição de looks, que há maior interferência do stylist, segundo nossas entrevistas.
Segundo RICARD (1989:141), o look é o resultado da composição das roupas associada aos gestos, atitudes e acessórios de acordo com a aparência definida pelo criador.
A composição de um look compreende sua vestimenta, calçados e acessórios, a atitude (já discutida na coreografia do desfile) e a elaboração da maquilagem e cabelo, em que o stylist trabalha a criação do conceito em conjunto com o beauty-artist. Na edição dos looks encontram-se as composições de cada look, associadas ao casting, como também a passagem de um look a outro, criando um movimento pelos formantes plásticos.
Mauricio Ianês, parceiro de Alexandre Herchcovitch[44]desde suas primeiras coleções, atribui à edição dos looks o elemento do desfile em que o stylist tem maior influência. Ao fazer a edição, Mauricio sempre se preocupa com a harmonia estética da passagem de um look para o outro, enfatizando as cores e os materiais da coleção. Suas edições são cuidadosamente elaboradas, para que as cartelas de cores, formas e materiais sejam apresentadas ao público aos poucos, auxiliando a contar a história da coleção. Ele afirma que não consegue fazer o styling de um desfile sem pensar na estética do movimento das modelos pela passarela, sendo este movimento o ritmo da coleção.
Para análise da edição de looks, foi escolhido o desfile da coleção de inverno 2007 do designer Alexandre Herchcovitch, realizado em 24 de janeiro do mesmo ano. Conhecido por introduzir elementos de fora do sistema da Moda na construção de seus looks, Herchcovitch é um criador conceitual[45]ou seja, calcado na autenticidade, no uso ilimitado de elementos que extrapolam o universo da Moda, muitas vezes inaugurando novas categorias de expressão.
Em um cenário constituído unicamente de placas de madeira nas paredes e no chão, surgiu a primeira modelo, Carol Trentine, envergando um look quase tradicional, composto por um comportado casaco de algodão cru de comprimento 7/8 e uma sapatilha de camurça bege. Na cabeça, o elemento destoante da sobriedade do conjunto: um turbante, mais propriamente um pano amarrado, cujas pontas caíam soltas pela lateral do rosto. Seguiram-se outros looks, sempre adornados com o turbante. Na seqüência, o acessório foi substituído por um chapéu de palha, de feitio artesanal, muito utilizado por trabalhadores do campo. Além do chapéu, a modelo usava delicadas luvas transparentes. As cores vibrantes, entre vermelho, laranja e pink, ascendem à passarela seguidas da mistura das estampas florais em preto e branco, usadas com peças lisas mais pesadas.
Os looks seguintes apresentaram a volta do turbante, agora por baixo do chapéu de palha, e luvas, na verdade fitas de tecido que davam voltas na mão deixando os dedos de fora. As estampas e texturas foram apresentadas passo a passo. Na metade da apresentação, surgiu um inesperado vestido feito em saco plástico preto, de 100 litros. Por baixo, camisa xadrez e na cabeça, chapéu de palha. O saco plástico também foi utilizado para construir blusas e saias, acompanhando um luxuoso casaqueto em tecido estampado e brilhante. Para fechar a coleção, Herchcovitch apresentou um vestido de saco plástico, agora na versão azul, adornado por chamativas golas em xadrez e acompanhado do conjunto turbante-chapéu.
Podemos perceber o caminho harmonioso construído pelo stylist ao acrescentar sutilmente entre um look e outro a passagem pelos formantes plásticos. Pela cor, o desfile começa cru, seguido por estampas em tons de terra no cru, depois uma estampa branca e preta do chemise, os looks pretos (acompanhados pela introdução do azul também nas estampas), culminando com o vestido de saco de lixo preto com uma camisa de um xadrez azul, vermelho e branco. A partir desse momento, os tons frios passam para as estampas florais em vermelho e amarelo, chegando a peças inteiras pink, sempre intercaladas com peças pretas, retornando ao azul em xadrez com o marrom, fechando com o "vestido-saco-de-lixo" azul com gola xadrez.
Pela forma, o desfile começa com um casaco 7/8, seguido de vestidos-chemises, passando por looks longilíneos, caracterizados pela centralização das calças no meio do desfile, retornando ao 7/8 e finalizando com o vestido-saco. Na utilização de materiais, o desfile começa com materiais naturais, como algodão cru, seguidos pela seda estampada, misturando-se com a mousseline das luvas, malhas e emborrachados que pontuam o desfile, finalizando com o saco plástico.
Mauricio e Alexandre contam uma história que começa com produtos naturais e cores claras, tendo sua inspiração nos trabalhadores do campo do sertão nordestino. Seus looks transformam-se em estampas florais e xadrezes dos trabalhadores rurais. O campo torna-se uma cidade explorada pelas estampas gráficas e o saco de lixo e as proporções longilíneas das modelos remetem aos edifícios das cidades. A Moda híbrida, proposta pelo designer e seu stylist, nos surpreende no terceiro[46]momento do desfile, com a mistura deste trabalhador rural com o urbano na explosão de cores quentes, estampas florais rígidas e produção de lixo, seja ele preto ou azul.
Em release distribuído para a imprensa[47]Herchcovitch afirmou ter buscado sua inspiração nos trabalhadores do campo, fortemente referenciados pelo uso das luvas feitas de tiras de tecido, do chapéu de palha cobrindo o turbante, da sobreposição de roupas e por fim, do saco de lixo transformado em vestido. Todo o sentido do desfile está calcado no styling da edição de looks. O styling, neste caso, é o portador das conotações sociais que fazem parte da memória coletiva e são capazes de despertar emoção pelo reconhecimento de um cotidiano figurativo. A maneira como os looks foram apresentados, mesclando as criações com elementos de fora do sistema da Moda, produziu um discurso autoral que objetiva não somente o consumo comercial, mas também despertar uma atitude reflexiva no consumidor.
Propondo o uso urbano de elementos comuns aos trabalhadores do campo, o stylist inverte o significado do que é luxuoso ou elegante, remexendo em valores e tradições socialmente sedimentados. Desestrutura, também, um dos cânones da Moda ao escolher trabalhar com uma matéria-prima ordinária, o saco de lixo, deslocando-a de seu uso original e alçando-a à categoria de material habilitado à confecção de trajes finos.
Com essa atitude, ele desconsidera hierarquias culturais e anuncia a capacidade de qualquer matéria-prima de servir para um fim de produção de sentido.
Alexandre Herchcovitch sempre foi um designer conceituado. Seus desfiles usualmente conseguem amplo espaço na mídia e ele é um dos poucos criadores brasileiros com penetração no mercado internacional, participa da semana de moda de Nova York e no primeiro semestre desse ano abriu sua primeira loja em Tóquio, no Japão. A coleção apresentada no desfile em questão esteve de acordo com o conceito da marca, que sempre propõe novas maneiras de observar uma roupa. Entretanto, o styling do desfile conseguiu não somente reforçar a autenticidade da marca como deslocou as pessoas do território confortável de espectadores para inseri-los em algumas problemáticas sociais, como a questão da qualidade de vida dos trabalhadores do campo e a fabricação de grandes quantidades de lixo. Ao utilizar roupas-lixo, o designer ainda questiona os padrões da Moda em relação ao excesso de consumo.
3.6 A trilha sonora ao vivo do inverno 2006 de Fause Haten
Sound-track "1:Som, música ou diálogo tocado durante a apresentação de um filme. 2: um álbum de música selecionado como trilha-musical de um filme. 3: Acompanhamento musical". MERRIAM-WEBSTER"S (2003:versão digital).
Na passarela, consideramos trilha sonora os ruídos auditivos apresentados durante o desfile, desde os saltos que podem fazer barulho ao caminhar até as músicas apresentadas. Cabe à trilha tudo que podemos ouvir, mesmo que tal mensagem às vezes possa não estar planejada. Normalmente, a trilha também é responsável pelo ritmo das modelos na passarela.
Para análise da trilha sonora, foi escolhido o desfile da coleção masculina de inverno 2006 do designer Fause Haten, realizado em 22 de janeiro do mesmo ano. Neste desfile, a trilha sonora foi personagem tão importante quanto a própria coleção. Ao convidar Maria Rita, cantora de sucesso no Brasil, Haten deu a ela o direito de compartilhar as atenções do desfile, fazendo um show dentro de outro show. Num palco montado no meio da passarela, a cantora interpretou duas canções do compositor Marcelo Camelo[48]
Em um ambiente mergulhado na penumbra, a única sombra perceptível era a de um músico, que produzia batidas ritmadas em seu instrumento de percussão. No momento seguinte, iluminou-se a figura de Maria Rita, em pé no palco, em destaque no meio da passarela. A cantora, vestida em roupas de corte masculino com recortes ousados, começou a cantar. Sua voz forte, acompanhada unicamente pelas batidas do instrumento, dominou o local e deu cadência ao elenco de modelos masculinos que começou a desfilar no ambiente recém iluminado.
O cenário se resumia à passarela e ao palco. A coleção mostrou peças clássicas como ternos, calças sociais, jeans e blazers, mescladas com toques de humor, como sapatos coloridos, estampas surreais e jeans salpicados de tinta. A performance apaixonada da cantora dividiu a atenção com os looks da passarela. A música interpretada falava de um amor não-correspondido, a entonação em conjunto com a movimentação de Maria Rita pelo palco carregava a cena de intensa dramaticidade, levando o espectador a uma dimensão passional. Ao fim da apresentação/desfile, Fause Haten subiu ao palco e se ajoelhou aos pés da cantora.
Neste desfile, a trilha sonora foi elemento auditivo e visual constituinte da cena sincrética do desfile, personificada no palco onde a cantora se apresentou. O trajeto dos modelos acontecia junto ao palco, e era em frente a ele que se localizava o pit[49]dos fotógrafos. Entre o pit e o palco, os modelos posavam para fotos, fazendo com que Maria Rita estivesse presente em praticamente todas imagens registradas.
A concepção de styling deste desfile foi orquestrada em torno da cantora e, por conseqüência, da trilha sonora. A escolha do repertório privilegiou a potência da voz de Maria Rita, ressaltada pelo uso mínimo de acompanhamento instrumental, e também sublinhou sua forte presença de palco. Mais do que a tristeza inerente ao tema, Maria Rita carregou de dramaticidade e intensidade sua interpretação. Intensidade e paixão são adjetivos que permeiam as coleções e o processo criativo de Fause Haten[50]e a performance de Maria Rita construiu o clima passional no qual o objetivo foi realçar não somente a coleção apresentada, mas o próprio ato de criar. No desfile, o styling associa a moda à arte e evidencia a harmônica coexistência entre esses dois territórios. Segundo DUGGAN (2002:4), "Já na década de 1910, colaborações entre artistas e couturiers reforçaram essa conexão a ponto de diluir criativamente o limite entre os mundos da arte e da moda."
Num primeiro momento, a inserção do show de Maria Rita pareceu ter o propósito único de surpreender o público, fugindo do roteiro tradicional de um desfile de moda. Analisando o styling como um todo, ele não foi organizado de maneira a evidenciar uma associação entre o show no palco e o show na passarela, enxergando a moda como expressão de arte musical.
Porém, analisando o desfile sob o prisma das entrevistas concedidas por Fause Haten e Paulo Martinez, stylist que o acompanha desde 1999, é possível identificar os motivos nos quais foi fundamentado o styling do desfile. Fause Haten declarou que seu processo de criação é um "antiprocesso", pois não é coerente e não tem uma estrutura linear. Muitas vezes, ele se irrita quando lhe perguntam no que se inspirou para criar uma coleção, pois a inspiração surge de todos os detalhes do cotidiano. Para ele, uma coleção de sucesso é aquela que o faz feliz, independente da reação da mídia. O mais importante, em suas próprias palavras, é ser "coerente com sua alma". Por esse motivo, acha que desfile é um momento de diversão no qual ele se dá a liberdade de inserir tudo o que lhe foi significativo nos últimos seis meses, espaço entre as coleções de verão e inverno. Dentro dessa perspectiva, fica claro que a escolha de Maria Rita teve como motivo principal a admiração pessoal do designer pela cantora, reforçada pelo seu ato de se ajoelhar e beijar os pés dela no final da apresentação.
FIg. 51: Fause Haten, demonstrando sua admiração por Maria Rita no final de seu desfile. Fotos: Charles Naseh. Fonte: site Chic.
Quanto à edição de looks, as escolhas tornam-se claras frente ao modo de trabalhar do stylist Paulo Martinez. Segundo Haten, a parceria de ambos é bem-sucedida porque há respeito mútuo e clara identificação do território onde cada um possui excelência. Tendo a personagem de Maria Rita como mote do desfile, Martinez definiu sua abordagem. Como ele mesmo diz a respeito de seu trabalho, "após definição do tema, gosto de ir para o oposto porque o contraponto é instigante e faz o interlocutor pensar". Sendo assim, em vez de mostrar personagens sofredores por um amor não correspondido, o que se viu na passarela foram jovens de aparência compenetrada, trajando roupas clássicas ou casuais, cujo diferencial era trazer sempre um surpreendente detalhe bem-humorado, como sapatos coloridos ou estampas surreais. A paixão ao criar ou interpretar, conceito importante no processo criativo de Fause Haten, foi claramente defendido por Maria Rita no palco, enquanto na passarela a edição de looks de Paulo Martinez mostrou que além de apaixonado, o homem que usa a marca também cultiva o bom humor, sempre com muita elegância.
Neste estudo foi possível notar o desenvolvimento da Moda no Brasil, cujos desdobramentos, como o Calendário Oficial da Moda, permitiram
o crescente destaque dos desfiles. Os desfiles representam o ápice da criação de um designer e, por isso, sua apresentação ao público é encarada como uma grande responsabilidade. Uma vez que as imagens geradas pelo desfile estão carregadas de significados, sua elaboração é etapa tão importante quanto o próprio processo de criação da coleção. Dentro dessa premissa, procuramos investigar a figura significativa na construção de imagens.
A princípio, a importância da atuação de um stylist num desfile parece óbvia, uma vez que sua interferência pode transformar a roupa mais básica em um grande desejo de consumo e alçar um desfile banal à categoria de show espetacular. Para perpetrar essas transformações, ele conta com os recursos de ambientação, edição de looks, coreografia, trilha sonora e casting, entre outros.
Ao analisarmos detalhadamente cinco desfiles em que se destacaram os itens acima, cada qual em um desfile específico, percebemos que a figura do stylist é importante como viabilizador do styling, este sim o grande diferencial de um desfile. Podemos dizer que styling é a imagem construída. Pode ser a conjugação dos elementos constituintes de um desfile ou se resumir a somente um item, cujo realce acaba por se sobrepor aos outros elementos caracterizando todo o show. A execução de um bom styling não é exclusividade do stylist, podendo ser feita também pela equipe do designer. Portanto, concluímos que o diferencial de um desfile não acontece pela interferência direta do stylist e sim se deve a um styling eficiente que encontre receptividade no observador seja por empatia, reconhecimento, desejo de compra ou por gerar mídia espontânea.
Verificamos em nossa pesquisa de campo que alguns designers são stylists de seu próprio desfile. São profissionais que se destacam dos demais pela sensibilidade em construir discursos narrativos por meio de elementos sincréticos. Possuem visão global, enxergam o processo de maneira a articular o conceito da coleção com a performance da passarela, somado ao diálogo que desejam estabelecer com o espectador e com a mídia.
Muitas vezes, o significado de uma coleção e a maneira como é transmitido criam mais impacto do que a coleção em si. A roupa deixa de ser o centro em torno do qual gira o espetáculo para ser o complemento de um objetivo maior, que é a transmissão de uma imagem, um modo de vida, uma filosofia, um conceito. Não é o stylist enquanto personagem que comunica tudo isso, e sim o styling, que nada mais é do que a maneira como o show é apresentado.
Aqui retornamos à teoria da existência mediada por imagens, levantada por Guy Debord em sua obra Sociedade do Espetáculo. A roupa, objeto real, deveria ser o objetivo maior do show. Entretanto, ela passa a ser um pretexto para a apresentação de um universo fantástico, que convida o observador a entrar em um mundo idealizado. Por isso, podemos dizer que o styling, ou seja, a imagem construída, é mais importante que o stylist. Como disse o stylist Mauricio Ianês, em entrevista anexada a este trabalho: "Desfile é para mostrar a imagem da coleção e não [para mostrar] o produto necessariamente".
Conclusions
In this study, we were able to notice the development of the fashion market in Brazil, of which consequences, like the Official Calendar of Fashion Events, provides an outstanding growth of the fashion shows which represents the summit of the artistic creation. Therefore, their presentation is regarded as a major responsibility. Once the images created by the show are quite meaningful, their elaboration is as important a step as the creation process of the collection itself. Taking this fact into account, we decided to investigate the meaning figure in the image construction.
In the beginning, the importance of the stylist"s work in a fashion show seems to be obvious, once his interference can turn the simplest clothes into one shiny object of consumption and enhance a mainstream fashion show to the spectacle level. To make such changes, the stylist depends upon resources of the environment, looks editing, choreography, soundtrack and casting.
Upon further analyses of the five fashion shows in which those items were observed, being each one in a specific show, we learn that the stylist"s role is relevant in order to make the styling viable (and this is the distinguishable element of a fashion show). We can call styling the constructed image which can be either the conjunction of constituent elements of a show, or the narrowing down to just one item, of which distinction ends up overlapping the other elements, qualifying the whole show. Making a good styling is not a distinctive attribute of the stylist, for it can also be made by the producer"s team. Thus, we conclude that the differentiation of a fashion show does not happen because of the direct interference of the stylist, but it occurs because of an efficient styling which finds receptivity in the viewers due to empathy, acceptance, desire to buy or creation of spontaneous mass communication.
We have verified in our field research that some designers are the stylists of their own shows. They are professionals that shine among the others because of their sensitivity to create narrative speeches by syncretic elements. Such designers have a global view, and see the whole process as the means to articulate the collection concept with the performance on the runway, added to the dialogue that they intend to establish with the viewer and the media.
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Entrevista por e-mail
Alexandre Herchcovitch, entrevistado por e-mail em 27 de junho de 2007.
1 - Do início do trabalho até a data atual você nota alguma mudança de valores? Algum novo aspecto específico que as pessoas estejam valorizando mais na sua marca?
Qualidade, diferenciação.
2 – Quais os conceitos que você busca passar no seus desfiles?
Além dos conceitos da marca, a idéia de cada coleção, ou seja, os temas.
3 – Como você prefere ser chamado: designer de moda ou estilista?
Estilista ou designer de moda, tanto faz.
4 - Quais são suas inspirações?
Diversas. Procuro me inspirar em qualquer coisa e sempre estar aberto a novos desafios.
5 - Como você descreveria o processo de criação e desenvolvimento do seu trabalho?
Começamos pela escolha do tema e então pensamos de que maneira ele seria melhor explicado, através de quais cores, formas e materiais.
6 - Existe uma metodologia específica?
Não, apenas uma cronologia rígida a ser seguida.
7 – Ao fazer o styling de um desfile, quais e como seriam as etapas do procedimento?
Em minha marca, o stylist é também um consultor criativo que trabalha na coleção o ano todo. Portanto, quando chega a hora de fazer o styling do desfile, ele já conhece a coleção, sendo assim muito mais eficaz. Só acredito num trabalho de styling que seja acompanhado o ano todo.
8 - A partir de quando o stylist começou a participar dos seus desfiles?
Desde o primeiro desfile, de maneira informal, sem sabermos que existia esta profissão.
9 - O stylist participa como "consultor" no desenvolvimento da coleção ou trabalha apenas na elaboração do desfile?
Já respondido.
10 - Quais elementos do desfile sofrem interferência do stylist?
A montagem dos looks, trilha sonora, cenário, casting, convite.
11 - Do seu ponto de vista, qual seu desfile foi mais impactante e por quê?
Independente da reposta da imprensa, qual desfile você mais gosta? Gosto de vários, é difícil responder.
12 -Como você vê a importância do styling (conjugando casting, cenário, trilha sonora, composição dos looks, etc) no cenário atual?
Total importância. Um olhar de fora sempre ajuda na miopia !
13 - Você acha que a forma de apresentar a coleção é tão importante quanto a própria coleção?
Sim.
14 - O que você acha desta frase: "Já não importa mais o que você está usando, mas como está usando"?
É relativo. A única coisa que importa é que você use o que gosta e como se sente melhor.
15 - Você acha que a imagem do desfile divulgada é uma co-parceria stylist designer?
Sim.
16 - O que seria uma parceria ideal entre o stylist e o criador da marca?
Acredito que seja como eu faço, o stylist estando presente desde a escolha do tema da coleção, ou seja, o stylist atuando como um consultor.
Transcrições das entrevistas
As entrevistas realizadas pessoalmente então na íntegra em formato mp3 no DVD em anexo. As transcrições dos trechos das entrevistas utilizados nesse trabalho seguem abaixo em ordem alfabética.
Daniel Ueda, stylist realizada em 02 de maio de 2007
Começo
Daniel Ueda: Quando comecei não existia isso, não existia, não falava stylist, falava editor de moda. Foi legal nesse processo todo ver o surgimento do stylist como stylist e a profissionalização e valorização dele. Até então as pessoas não sabiam quem era, não entendiam ... Tinham dúvida qual era o papel dentro da moda. Hoje tem um respeito maior ... Tem um respeito maior pela profissão.
Papel do stylist
Daniel Ueda: Você tem que ter mais uma visão geral de tudo ... No caso do desfile, você deve saber o que o estilista quer pra tentar direcionar isso de uma forma que você consiga amarrar as idéias dele, tentar passar isso de uma forma completamente nova para as pessoas.
Elementos do desfile
Daniel Ueda: Junto com o diretor de desfile, você tem que amarrar a trilha sonora, o casting, o cabelo, a maquiagem, tentar unir isso tudo dentro de uma história só.
SPFW
Daniel Ueda: Foi interessante ver esse processo. Tudo aconteceu muito rapidamente nesses últimos dez anos, de como era e de como virou hoje, como se profissionalizou. Agora é o momento de mostrar a profissionalização. Fiz um desfile em Nova Iorque e vi que nós não devemos nada para eles, estamos até muito mal-acostumados com as facilidades que temos, lá as coisas são bem diferentes.
Consultoria e styling de desfile
Daniel Ueda: É muito mais fácil quando você começa, por exemplo, para desfile, desde o começo (do que) se eles te chamam muito em cima da hora só para você pegar o que já está pronto para fazer uma edição e por ali na passarela. Eu prefiro em forma de consultoria, que você começa muito antes, junto com uma equipe de criação. Você desenvolve uma idéia que vai ser a idéia da coleção e, muito provavelmente, do desfile. Eu acho que as coisas ficam muito mais amarradas quando você começa com uma idéia junto.
Inspirações
Daniel Ueda: É tão vago isso, na verdade. Vem muito da música, do cinema, do cotidiano. Acho que uma vantagem que eu tenho é que sou muito interessado em tudo, é isso o que eu falo para as pessoas, não ficarem dentro só do universo da moda. Também é legal você entender um pouco de tudo. No final tudo se junta. Tudo está ligado à estética.
Fause Haten, designer realizada em 07 de junho de 2007
Inspirações
Fause Haten: O dia-a-dia, na verdade vêm de tudo, tudo é referência. Coisas que eu estou vivendo no período, momentos pessoais.
Processo de criação
Fause Haten: Meu processo é um anti-processo, não é corrente, depende da minha vontade, de assuntos que me interessam, aí eu começo a procurar. (...)Sentir vontade, após uma coleção, aí eu começo a criar uma história. Quero saber quais conexões as pessoas fazem.
Etapas do styling
Fause Haten: Começa com uma conversa, um bate-papo, depois vem um encontro onde já mostro a coleção desenhada, a gente discute, ele me dá umas orientações. Existem conversas anteriores, talvez sugestões durante o desenvolvimento da coleção.
Interferências do stylist
Fause Haten: A escolha da modelo na passarela só o stylist faz. Ele observa mais a parte técnica. Ele sabe qual modelo fica bem, fotografa bem. O papel do stylist é ser um organizador e não um construtor. Ele vai organizar a vida do criador. Tem uma visão imparcial que o estilista não tem. Incentivo o desfile feito por uma equipe e todos contribuem para o resultado final.
Desfile
Fause Haten: É um momento de diversão, tudo o que me movimentou nos últimos seis meses eu posso colocar lá. Tem que estar coerente com minha alma, para mim o sucesso de uma coleção é quando ela me faz feliz.
Mauricio Ianês, stylist realizada em 11 de maio de 2007
Stylist ou editor
Mauricio Ianês: Tem uma diferença: é que, no Brasil, a palavra editor de moda é associada à revista e geralmente é meio que o chefe da parte de moda dessa revista. Mas eu acho que seria a tradução adequada para stylist. Stylist é a pessoa que mexe com o estilo. O stylist é meio psicólogo do estilista. Preciso entender o universo dele além daquilo [a moda].
Campos em que atua dentro da moda
Mauricio Ianês: Desfile, revista e consultoria de estilo.
Diferença entre consultoria de estilo e styling
Mauricio Ianês: Consultoria é mais profunda, você trabalha a coleção inteira, desde a tabela de cores até o acabamento que vai na peça tal. Quando faz somente o styling, você chega em cima da hora.
Styling de desfile
Mauricio Ianês: Eu tenho um processo narrativo quando eu faço um desfile. Eu crio uma narração com começo, meio e fim num desfile. A edição de um desfile é uma coisa muito importante, se eu não consigo fazer a passagem do preto para o amarelo direitinho eu surto, eu começo a ficar nervoso. Tem que ter um lacinho amarelo no vestido preto, na calça preta que vem depois do vestido amarelo, senão já não deu a transição certa. Tenho a preocupação de fazer um desfile didático.
Desfile – Imagem
Mauricio Ianês: [Desfile] não é para o consumidor final, claro que se você conseguir atingi-lo , melhor. Um desfile é imagem, é para mídia, é o que vão falar da marca. Desfile é para mostrar a imagem da coleção e não [para mostrar] o produto necessariamente.
Imagem
Mauricio Ianês: É o que eu mais gosto de fazer. Eu adoro criar uma imagem. É o trabalho do stylist, é um trabalho de imagem.
Metodologia de trabalho
Mauricio Ianês: Tenho uma metodologia rígida de trabalho, de criação. A coleção deve ser concisa, tudo deve estar ligado ao tema ou à história. É importante deixar claro na coleção inteira o que estava pensando quando criou. Trazer também esse espírito da coleção na cenografia, trilha e na beleza.
Elementos do desfile
Mauricio Ianês: Eu gosto de participar da trilha do desfile e da cenografia. Eu já fiz trabalhos onde eu crio uma imagem, o cenógrafo cria outra, o DJ cria uma trilha e quando colocamos tudo junto não funciona, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Gosto do trabalho que passa pela concepção inteira do desfile.
Moda
Mauricio Ianês: O que eu sou apaixonado na moda na verdade é que o meio de criar vínculos com a pessoa é pela emoção. Eu gosto de trabalhar com a emoção.
Desfile Inverno 2007 de Alexandre Herchcovitch
Mauricio Ianês: Foi super mal-compreendido. Pela primeira vez na história do Alexandre ele resolveu fazer um pré-release, com uma estratégia super errada de simular as perguntas que os jornalistas fariam. A maioria dos jornalistas achou super arrogante. A imagem da coleção foi super difícil. No Brasil, falaram que a coleção era comercial e em Nova York a opinião foi exatamente o contrário, que a coleção era ótima, mas não era nem um pouco comercial.
Parceria com Alexandre Herchcovitch
Mauricio Ianês: É um lugar no qual eu tenho uma liberdade que eu sei que não vou encontrar em outros lugares, e isso para mim é muito legal. Tem um relacionamento ali que a gente se olha e não precisa nem falar. Ao mesmo tempo, eu estou fazendo um dos desfiles mais importantes do Brasil.
Marca de trabalho
Mauricio Ianês: Preocupo-me com proporção e em lidar com contrastes, que se traduzem em mistura de estampas e cores.
Paulo Martinez, stylist realizada em 03 de maio de 2007
Mercado de trabalho atual
Paulo Martinez: A grande mudança no mercado da época em que eu iniciei é o preço. Contrata-se pelo valor financeiro. Hoje não se dá importância para o nome, e sim o quanto custa. No passado, menos pessoas trabalhavam na área. A idéia é o mais importante, indiferente do preço.
Papel do stylist
Paulo Martinez: Meu papel é quase catequese, um passo à frente, mostrar caminhos, sempre um passo à frente. Roma já foi inventada, é preciso inventar coisas novas. Muitas vezes, a fotografia, a imagem é muito mais importante do que a novidade, do que a roupa em si, o enfoque que você dá. Sou um fazedor de imagens.
Inspirações
Paulo Martinez: Às vezes, do nada, vem uma idéia. Às vezes, uma única idéia, um sapato, o jeito como uma pessoa está sentada.
Processo de criação
Paulo Martinez: Qual será o tema, a história e aí gosto de ir para o oposto porque o contraponto é instigante, faz o interlocutor pensar.
Styling de desfile
Paulo Martinez: Posso fazer uma consultoria para o estilista, acompanhar e sugerir. Ou depois que a coleção estiver pronta, falo para mostrar o que é mais importante ou tirar o que não é. Mas o stylist tem que ter cuidado, em algumas marcas você consegue ver até onde chegou o stylist. O trabalho do stylist não pode estar explícito.
Desfile Ideal
Paulo Martinez: O desfile ideal é quando consegue mostrar o conceito, surpreender os jornalistas, que gere notícias. O casamento perfeito é quando a gente acerta o casting, a música, o cenário.
Anexos em formato digital – DVD
No DVD encontram-se o projeto em formato pdf, as entrevistas inseridas na integra em formato mp3:
-Daniel Ueda, stylist
-Fause Haten, designer
-Mauricio Ianês, stylist
-Paulo Martines, stylist
Os trechos dos desfiles analisados pela pesquisa imagética, tanto pessoalmente, por uma das enunciatárias como pelos vídeos disponíveis em diversos sites, estão localizados no mesmo DVD. Os vídeos foram copiados do site You Tube e Uol:
-Alexandre Herchcovitch, inverno 2007. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=-eKPo6OXpQE Acesso entre abril a junho de 2007.
-Ellus, inverno 2006. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=GvhF-oGyi0E Acesso entre abril a junho de 2007.
-Fause Haten, inverno 2006. Disponível em: http://app.uol.com.br/tvuol/player.php?video=spfashion/22010608. Acesso entre abril a junho de 2007.
-Jum Nakao, verão 2005 realizado em Paris, França. Disponível em: http://app.uol.com.br/tvuol/player.php?video=spfashion/17060402# Acesso entre abril a junho de 2007.
-Jum Nakao. Disponível no site da Uol: http://app.uol.com.br/tvuol/player.php?video=spfashion/17060402# Acesso entre abril a junho de 2007.
-Karlla Girotto, verão 2007. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=bpQSfaVjGBU. Acesso entre abril a junho de 2007.
-Karlla Girotto. Disponível no site da Uol: http://app.uol.com.br/tvuol/player.php?video=spfw2006/16070606. Acesso entre abril a junho de 2007.
Lista de Figuras
Capa: A banda Wry. Fotos: Charles Naseh. Fonte: site Chic. Disponível em: http://chic.ig.com.br/materias/351501-352000/351635/351635_1.html. Acesso em junho de 2007.
Fig. 1: Reportagem de Adriana Bechara sobre stylist da Vogue. Fotos: Rodrigues Marques. Fonte: Revista Vogue Brasil. "Clássico repaginado". Número 338, edição de outubro de 2006. São Paulo: Carta Editorial, 2006.
Fig. 2: Campanha da operadora Vivo realizada pela agência África. Fonte: folder Vivo.
Fig. 3 e 4: Figurino de Kika Lopes para o filme homônimo. Fonte: site Zuzu Angel. Disponível em:: http://wwws.br.warnerbros.com/zuzuangel/. Acesso em junho de 2007.
Fig. 5: Capa da Revista Key número 4 de novembro de 2006. Foto: André Schiliró. Stylist: Mauricio Ianês. Beauty: Theo Carias. Fonte: Revista Key. "Gabaret". Numero 4, edição de novembro de 2006. São Paulo: Gráfica Burti, 2006.
Fig. 6: Desfile de inverno 2007 do designer Alexandre Herchcovitch. Fotos: Silvia Boriello. Fonte: Site Erika Palomino. Disponível em: http://www.erikapalomino.com.br/moda/fashionview/index.php?md_event_id=1102. Acesso em junho de 2007.
Fig. 7: Gabriela Duarte durante o lançamento do MG Hair Design, inaugurado em 18/05/2005. Foto: Gisele França. Fonte: site Erika Palomino. Disponível em: http://www.erikapalomino.com.br/erika2006/busca.php?search=mg%20hair&p=2. Acesso em junho de 2007.
Fig. 8: A banda Wry. Fotos: Charles Naseh. Fonte: site Chic. Disponível em: http://chic.ig.com.br/materias/351501-352000/351635/351635_1.html. Acesso em junho de 2007.
Fig. 9:. Letícia Birkheuer com o primeiro look do desfile. Fotos: Silvia Boriello. Fonte: site Erika Palomino. Disponível em: http://erikapalomino.ig.com.br/desfile/desfile_thumb_action.php?id=356&tipo= 1&offset=12&numero=55. Acesso em junho de 2007.
Fig. 10 e 11: As modelos surgindo do chão com seus girassóis e as modelos "fantasmagóricas" com suas pernas de pau. Fotos: Charles Naseh. Fonte: site Chic. Disponível em: http://chic.ig.com.br/materias/351501352000/351635/351635_1.html. Acesso em junho de 2007.
Fig. 12: A apoteose do desfile. Fotos: Charles Naseh. Fonte: site Chic. Disponível em: http://chic.ig.com.br/materias/351501352000/351635/351635_1.html. Acesso em junho de 2007.
Fig.13 e 14: O primeiro modelo militar entrando com os balões e os modelos masculinos posicionados anexando os vestidos flutuantes nas pedras. Fotos: Daniel Pinheiro. Fonte: site Erika Palomino. Disponível em: http://erikapalomino.ig.com.br/desfile/desfile_thumb_action.php?id=702&tipo=1. Acesso em junho de 2007.
Fig.15 e 16: Imagens do casting inanimado re-significador nos looks flutuantes da coleção de vestidos. Fotos: Daniel Pinheiro. Fonte: site Erika Palomino. Disponível em: http://erikapalomino.ig.com.br/desfile/desfile_thumb_action.php?id=702&tipo=1. Acesso em junho de 2007.
Fig.17 e 18: Na primeira o encerramento do desfile, na segunda um dos balões se soltou, em palestra na UAM em 06 de novembro de 2006, a designer Karlla Girotto afirmou ser obra do acaso. Fotos Daniel Pinheiro. Fonte: site Erika Palomino. Disponível em: http://erikapalomino.ig.com.br/desfile/desfile_thumb_action.php?id=702&tipo=1. Acesso em junho de 2007.
Fig.19 e 20: Looks de papel da coleção de Jum Nakao para o verão de 2005. Fotos: Silvia Boriello. Fonte: Site: Erika Palomino. Disponível em: http://www.erikapalomino.com.br/moda/colecoes/colecao3.php?colecoes_id= 2331&cid_colecoes_id=63&pag=2&mais=0. Acesso em junho de 2007.
Fig. 21 e 22: Imagens da passarela mostrando a seqüência da coreografia na performance. Fotos: Fernando Louza. Fonte: NAKAO, Jum. A costura do invisível. São Paulo: Editora Senac, 2005.
Fig. 23 e 24: Imagens da fila final e das modelos rasgando sua indumentária. Fotos: Renato Marques. Fonte: site Terra. Disponível em: http://moda.terra.com.br/spfw2005verao/interna/0,,OI327252-EI3781,00.html Acesso em junho de 2007.
Fig. 25 a 48: Desfile de inverno de Alexandre Herchcovitch. Fotos: Silvia Boriello. Fonte: site Erika Palomino. Disponível em: http://www.erikapalomino.com.br/moda/fashionview/index.php?md_event_id= 1102. Acesso em junho de 2007.
Fig. 49 e 50: A cantora Maria Rita e um dos looks da coleção masculina. Fotos: Charles Naseh. Fonte: site Chic. Disponível em: http://chic.ig.com.br/materias/352001-352500/352106/352106_1.html Acesso em junho de 2007.
FIg. 51: Fause Haten demonstrando sua admiração por Maria Rita no final de seu desfile. Fotos: Charles Naseh. Fonte: site Chic. Disponível em: http://chic.ig.com.br/materias/352001-352500/352106/352106_1.html Acesso em junho de 2007.
Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação de Jornalismo de Moda e Estilo de Vida da Universidade Anhembi Morumbi Orientação: Cristiane Mesquita. São Paulo, agosto de 2007
Banca examinadora: Cristiane Mesquita; Kathia Castilho; Tarcisio D"Almeida
Dedicamos as nossas famílias e aos apaixonados por Moda.
Agradecemos a Daniel Ueda, Paulo Martinez, Mauricio Ianês, Fause Haten e Alexandre Herchcovitch, que apesar de estarem às vésperas do SPFW edição verão 2008, não somente encontraram tempo para nos atender como o fizeram com genuíno interesse e grande simpatia.
Agradecemos também a Ilana Berenholc, Giovanni Frasson e Amir Slama, não citados aqui por força dos novos contornos que o trabalho adquiriu, mas que foram de grande importância ao compartilharem conosco suas experiências e percepções nas respectivas áreas de atuação. O panorama por eles apresentado ajudou-nos em nossa percepção sobre o universo estudado.
Autores:
Mariana Rachel Roncoletta
Yara Rocha Guimarães de Barros
[1] Para BARTHES (1967:19-27) a palavra Moda com "M" maiúsculo é utilizada para identificar seu sistema, enquanto a palavra moda com "m" minúsculo é empregada para abordar os modismos e tendências. Segundo LIPOVETSKY (1989:107-115) a Moda como sistema marcou sua importância no séc. XIV na Europa Ocidental, passando a ser uma regra social, de costumes e boas maneiras exclusiva da nobreza e de seus modos de vestir. As outras classes sociais não se incluíam no Sistema (caracterizado por uma duração breve, um fenômeno social ou cultural que consiste na mudança periódica dos hábitos, gostos e estilos em diversos fatores).
[2] Segundo PALOMINO (2003:41) "stylist é a pessoa que faz o styling". O styling é o produto criativo do stylist.
[3] O termo fashion é empregado para reafirmar a importância da Moda como sistema, sendo os fashion stylists destacados como organizadores de uma imagem de moda, como veremos em breve. No mercado, as pessoas responsáveis pela construção da imagem de moda são conhecidos simplesmente por stylist.
[4] Beauty-artist ou beauty-stylist é o termo utilizado na Moda para identificar o responsável pela beleza da modelo como conjunto de maquilagem e cabelo. No Brasil a maioria dos profissionais fazem as duas funções; no exterior, a beleza é dividida entre cabeleireiros, chamados de hair-artists, e maquiladores, chamados de make-up artists. Os djs são responsáveis pela trilha sonora, elemento analisado no terceiro capítulo.
[5] Para CATELLANI (2003:327) o "fashion designer é o desenhista de moda, seja ele técnico, ilustrador ou estilista". Em seu livro, a autora não usa o termo estilista. Já estilista, segundo SABINO (2007:254) "...Derivado de estilo, o vocábulo destina-se a designar alguém que consiga, a partir de uma matéria-prima qualquer, imaginar uma roupa, um acessório ou um par de sapatos, por exemplo". Em seu dicionário, o autor não cita o termo designer. Devido á definição de Catellani ser mais abrangente, vamos optar mais uma vez pelo termo em inglês, designer, para identificar os criadores estudados, com a ressalva de que tais profissionais não trabalham somente para a indústria da Moda. Alexandre Herchcovitch desenvolve uma linha de artigos para cama para marca Zelo e Karlla Girotto e Jum Nakao participam de exposições de arte. Não nos cabe discutir a abrangência de tais designers, mas definitivamente são mais do que estilistas ou criadores de moda e, por esse motivo, utilizaremos o termo em inglês.
[6] A primeira edição do Calendário Oficial de Moda, hoje conhecido como São Paulo Fashion Week (anteriormente chamado Morumbi Fashion Brasil) aconteceu em 1996, organizada por Paulo Borges segundo BORGES (Op. cit.:999). Entraremos em maiores detalhes no capítulo seguinte.
[7] O termo "produtor de moda" não foi abolido do mercado editorial. Muitas revistas, como a Vogue, ainda utilizam o termo para classificar e diferenciar os produtores como aprendizes (assistentes) dos stylists ou ainda do próprio editor. Este último termo é empregado para categorizar os profissionais Giovanni Frasson e Maria Prata, ambos contratados da revista Vogue. O colaborador Paulo Martinez, hoje editor da revista ffMag assinava os editoriais da revista Vogue como editor.
[8] Termo utilizado pelo stylist Daniel Ueda no livro O Brasil na Moda 2. BORGES (Op. cit.: 1016).
[9] Segundo o dicionário on line CAMBRIDGE "Stylist é a pessoa cujo o trabalho é dar forma ou projetar algo". Já o dicionário digital MERRIAM-WEBSTER'S define o stylist como "a pessoa que desenvolve, projeta ou informa estilos...é um coordenador da moda". Esta função de coordenador, no mercado de Moda brasileiro, era destinada até os anos 90 ao produtor.
[10] Lembramos que revista tem cheiro de papel, do plástico que a embala. Em alguns editoriais de moda internacionais são indicadas músicas para acompanhar a imagem, como é o caso da revista inglesa Dazed and Confused. Os desfiles possuem trilha sonora, mas não podemos tocar as peças. Cada mídia explora os sentidos de maneiras diferentes, e os mais usados são a visão, audição e o tato.
[11] Para POYNER (2003:8-17), o pensamento pós-moderno se constitui através da subjetividade em contraposição á formalidade dos movimentos artísticos modernos. Não nos cabe definir um conceito de arte ou moda pós-moderna, utilizamos o termo para ressaltar o pensamento híbrido dos diversos articuladores deste discurso, sejam eles os autores deste ensaio, sejam os stylists e designers estudados.
[12] LIPOVETSKY (Op. cit.:111) chama os criadores de moda do prêt-á-porter de designers, conhecidos no Brasil como estilistas. São os responsáveis pelo produto de moda industrializado e pela proliferação das grifes e suas gigantescas campanhas publicitárias imagéticas, auxiliando na consolidação da própria sociedade da imagem.
[13] Enunciador: sujeito produtor do discurso, segundo GREIMAS (Op. cit.:150).
[14] A identidade de uma marca não é algo sólido, principalmente no mundo da Moda, onde as tendências ditam a moda, porém cabe ao stylist filtrar tais tendências e dissolve-las para seus clientes em harmonia com as características da marca ou pessoa.
[15] Para SABINO (Op. cit.:264) "figurinista é o profissional responsável pela criação de roupas e acessórios, seguindo o perfil dos personagens, propostos pelo autor e/ou diretor em filmes, óperas, balés, peças teatrais, novelas, seriados ou outros programas de televisão".
[16] Muitos stylists trabalham em harmonia com editores ou diretores de arte de determinado veículo. A construção do conceito pode ser realizada a várias mãos, mas normalmente é o stylist que acompanha o desenvolvimento do editorial, sendo responsável por tal.
[17] Termo utilizado por BAITELLO (2005) em sua obra A Era da Iconofagia, para descrever uma sociedade onde o consumo frenético de imagens se configura como uma verdadeira devoração das imagens.
[18] Termo utilizado por LIPOVETSKY (Op. cit.:221) ao se referir ás culturas que privilegiam um entretenimento que não demanda esforço e que faça esquecer as mazelas da vida cotidiana. Exemplos atuais: os reality shows e Second Life. A Moda age de maneira semelhante ao oferecer não somente uma distração sem necessidade de aprofundamento como também por possibilitar que as pessoas construam, por meio das roupas, um personagem idealizado.
[19] A palavra "moderno" foi usada entre aspas para assinalar uma expressão coloquial que indica atual. Evitaremos o uso das palavras moderno e modernidade, pois seu sentido extrapola o tempo presente. Para saber mais sobre modernidade, ver LIPOVETSKY (2004) em seu livro Os tempos hipermodernos, no qual o autor aborda os desdobramentos da modernidade frente a novos fatos e novas realidades.
[20] Segundo DINGEMANS (Op. cit.:X) "Na década de 1960 toda garota bonita queria ser modelo. Nos anos 1990 a palavra stylist está nos mesmos lábios bonitos". Pela afirmação da autora podemos perceber que o profissional conhecido como stylist ganha visibilidade no exterior ao mesmo tempo que a moda ganha visibilidade no Brasil.
[21] Termo apropriado da língua inglesa que, na Moda, indica um resumo distribuído á imprensa e aos convidados. Contém informações do desfile tais como ficha técnica, conceito artístico e materiais utilizados na confecção das roupas.
[22] Karin Rashid é um designer egípcio radicado em Nova York que atua em diferentes frentes, desde a concepção de objetos domésticos até projetos arquitetônicos.
[23] Propaganda é segundo KLOTER E KELLER (2006:533) "qualquer forma paga de apresentação e promoção não pessoais de idéias, mercadorias ou serviços por uma anunciante identificado."
[24] Nos campos de atuação, separamos o figurinista de publicidade do fashion stylist para podermos assim enfatizar nosso objeto de estudo, os stylists de desfiles. Neste momento, abrimos parênteses unindo os campos de atuação para podermos enfatizar uma realidade decorrente do mercado de Moda no Brasil.
[25] O termo é aqui empregado segundo o Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa: "Performance é: s.f. (ingl.) 1. Resultado obtido, em cada uma de suas exibições em público, por um artista, por um atleta, etc. - 2.Conjunto de resultados obtidos em um teste: desempenho. - 3. Proeza esportiva. - 4.Modo de expressão artística que consiste em produzir gestos, atos e "acontecimentos" cujo desenrolar no tempo e cujas implicações, previstas em maior ou menor grau, constituam a obra em si". Para maior aprofundamento no tema, ver DUGGAN, Ginger Grergg. "O maior espetáculo da terra: os desfiles de moda contemporânea e sua relação com a arte performática", artigo publicado no periódico Fashion Theory.
[26] Charles Frederick Worth, considerado o pai da alta costura segundo SEELING (2000:15), nasceu no início do século XIX na Inglaterra.
[27] Anteriormente nos desfiles não se fazia uso de acessório exótico ou não pertencente ao ambiente de moda para EVANS (Op. cit.:57-59).
[28] Para definir conceitual ou autoral: segundo GARCIA e MIRANDA (2004:46), "o que diferencia a autoria da releitura é o fato de que a primeira não apenas atualiza as variantes do sistema de moda com inovações tecnológicas, como eventualmente inaugura nele novas categorias por introduzir elementos de outros sistemas."
[29] Para aprofundamento no cenário da era Collor ver CALDAS (2006) que discorre sobre o quadro socioeconômico da década de 1990 e também analisa as influências, tendências e características do período.
[30] Segundo PALOMINO (Op. cit.:221-243), os clubbers são os personagens vestidos de forma extravagante e comportamento exibido; lançadores de moda que vêm dos clubes noturnos, tais personagens ganharam espaço graças ao Mercado Mundo Mix (conhecido como MMM) iniciado em dezembro de 1994. Dele participaram diversos jovens designers como Alexandre Herchcovitch, André Lima, marcas como Salve Rainha, Ad Libitum, etc. Alguns destes jovens freqüentadores dos clubes noturnos saíram do universo "underground" tornando-se talentos da Moda brasileira.
[31] Segundo RONCOLETTA (2007), em seu artigo "Performances de Chalayan: singularidade entre designers de moda e re-design de corpos", a partir dos anos 1990 teremos um mesmo designer propondo diversas conversas no mesmo desfile, na mesma coleção. "Um designer busca inspirações nas mais variadas fontes reunindo-as aparentemente num caos estético pós-moderno. As apropriações do criador se fundem em diversos códigos complexos numa mesma coleção. Cada look de uma mesma coleção é uma proposta singular. São vários nomes da Moda com propostas singulares num mesmo desfile: Walter van Beirendonck, Comme des Garçons, Alexander McQueen e os brasileiros Alexandre Herchcovitch, Marcelo Sommer, Jum Nakao, Icarius, Ronaldo Fraga dentre outros." Estas propostas híbridas permitem ao usuário uma maior escolha, apesar das pressões da própria indústria da Moda e da beleza. Neste estudo analisaremos as propostas dos designers sugeridas na passarela, e não a pressão da mídia em impor tendências.
[32] Expressões utilizadas por LEITE NETO (2007:E7) no artigo "Verão das Metrópoles".
[33] ECO et al. (1989:7-20), em seu artigo "O Hábito Fala Pelo Monge", afirma que a Moda é uma forma de comunicação e o vestuário é uma linguagem articulada. Segundo ele, a forma como se transmite o significado de uma vestimenta é tão importante quanto seu próprio significado. Muitas vezes, a escolha do vestuário muda de significado de acordo com o contexto em que se insere.
[34] Segundo GREIMAS (Op. cit.:150) "...o enunciatário não é apenas destinatário da comunicação, mas também sujeito produtor do discurso, por ser a "leitura" um ato de linguagem (um ato significador) da mesma maneira que a produção do discurso propriamente dito". Concordamos, portanto, que o espectador do desfile é personagem indispensável como enunciatário na "leitura" do show, já que o mesmo faz parte do desfile presencialmente (ou de modo não-presencial na análise de imagens e vídeos, caso de uma das articulistas deste ensaio). Utilizaremos, portanto, a palavra enunciatário como espectador ativo da cena.
[35] Em entrevista concedida ás autoras, o stylist Daniel Ueda afirmou que desenvolve para algumas marcas um trabalho que abrange o processo criativo até a construção do desfile.
[36] Bia Lessa é diretora, "a partir dos anos 90, artista múltipla, trabalhando em cinema e realizando curadorias e cenografias para eventos de artes plásticas e decoração". ITAÊ Cultural on line. Tem dirigido vários desfiles de moda.
[37] Grupo musical originário de Sorocaba - SP, hoje em Londres. Para saber mais: wrymusic.com.
[38] "Palavra utilizada para denominar os jovens britânicos do início do séc. XIX que se vestiam de maneira excêntrica e possuíam comportamento afetado (...) posteriormente tornou-se também sinônimo de elegante e preocupado com a aparência". SABINO (Op. cit.: 214).
[39] Em entrevista á jornalista de moda Alexandra Farah, do site Chic, Karlla Girotto contou que "as mulheres dessa coleção são leves e os homens são mais densos". Leveza caracterizada pelos vestidos flutuantes e rigidez masculina acentuada pela estética militar.
[40] "No modelo semiótico, a unidade mínima de análise é o texto. Esta noção é concebida ao se buscar descrever e examinar minuciosamente aquilo que se diz e como se faz para dizer o que se diz." GARCIA E MIRANDA (Op. cit.:27).
[41] Observam-se nos anúncios publicitários voltados ao público cuja numeração é superior ao nº 40, as expressões "extragrande", "moda maior", "tamanhos especiais".
[42] Pequenos bonecos de plástico da marca "Estrela", caracterizados pelo cabelo recortado e corpo monocromático.
[43] Texto extraído de ensaio publicado em 1942 por Albert Camus, chamado "El mito de Sísifo" uma análise sobre o mito. Retirado do site La insígnia.
[44] Em entrevista, Alexandre Herchcovitch afirma a co-autoria do stylist na imagem da passarela. Em sua marca, Mauricio Ianês trabalha como consultor durante o ano todo.
[45] Segundo GARCIA e MIRANDA (Op. cit.:34-46), existem criadores autorais e aqueles que baseiam suas criações em releituras de tendências e até mesmo de coleções passadas. "No "look de reutilização", muitas vezes chamado de "releitura", o efeito de sentido construído é de renovação, enquanto no "look de autoria", que no meio da moda é chamado "conceitual", o autor arquiteta a produção de efeito de sentido de autenticidade." O temo "releitura" foi primeiramente usado pela mídia especializada para qualificar looks que se utilizavam de diferentes referências recombinadas numa nova disposição.
[46] O desfile é dividido em três momentos: o primeiro, natural, composto pelos tecidos e cores da terra; o segundo apresenta as estampas florais e as cores vivas; o terceiro traz as formas mais longilíneas e largas em conjunto com as estampas florais duras e o abuso do preto. Ressaltamos que o styling harmônico em movimento não possibilita identificar claramente em qual look se dá a passagem de um significante para outro. Os últimos dois looks, do 7/8 xadrez e o vestido saco de lixo azul, retomam o começo do show, reafirmando a proposta do próprio desfile.
[47] O release foi distribuído para imprensa pela assessoria MKT Mix. KALIL, Glória. Site Chic.
[48] "Marcelo Camelo, carioca, 28 anos, é cantor e guitarrista da banda Los Hermanos. Além das canções de seus quatro discos, compôs também para outros músicos brasileiros, como a cantora Maria Rita". Para saber mais: marcelocamelo.globolog.
[49] Pit é uma pequena arquibancada onde os fotógrafos e cenógrafos ficam. Geralmente está localizada no final da passarela e no roteiro do desfile é onde os modelos fazem uma rápida parada para que a roupa possa ser fotografada e filmada.
[50] Em entrevista concedida ás autoras, Fause Haten descreve seu processo criativo.
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