O movimento agroecológico como espaço de educação



  1. Resumo
  2. Tecnologia e estrutura social
  3. A tecnologia na agricultura
  4. A construção de tecnologias como processo de educação na agricultura familiar
  5. Referências

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Resumo:

A agricultura não está isolada do desenvolvimento geral da sociedade. Na sociedade capitalista, as características e funções do emprego e aplicação da técnica correspondem à lógica de reprodução do capital, tanto na indústria como na agricultura. Elementos específicos da produção agrícola, no entanto, interferem na velocidade dos avanços técnicos, o que explica, até o presente momento, as dificuldades de uma completa industrialização da agricultura. As características específicas do desenvolvimento técnico na agricultura, no entanto, somente podem ser entendidas em associação com o desenvolvimento do capitalismo.

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O conhecimento é um produto social, que reflete os interesses e necessidades de uma sociedade. Na sociedade capitalista, a construção do conhecimento é determinada, tendencialmente, pela classe dominante, assegurando a necessária produção e reprodução das formas de produção capitalista. Tanto a construção do conhecimento como sua aplicação dependem da forma como a sociedade está organizada e de suas relações de produção. O conhecimento, portanto, está associado à estrutura social e, tendencialmente, se orienta à legitimação do poder constituído. "A técnica é um projeto histórico e social; nela está projetado o que uma sociedade e os seus interesses dominantes pensam em fazer com os seres humanos e com as coisas. Esta finalidade de dominação é "material" e pertence à forma própria da razão da técnica" (MARCUSE, 1979: 127).

O conhecimento não está livre da ideologia, e seu desenvolvimento, sua seleção, e aplicação são definidos politicamente pelas relações de poder hegemônicas na sociedade. Em relação aos avanços tecnológicos na agricultura, portanto, a nossa pergunta fundamental é a seguinte: a quem, afinal, serve o desenvolvimento técnico?

1. Tecnologia e estrutura social

Como Ullrich (1979) acentua, a técnica domina quando a mesma funciona e enquanto ela funciona. A pergunta em relação a que, como e para quem ela é produzida, é decisiva não somente quando a técnica já está desenvolvida, mas também, e especialmente, quando a técnica está sendo desenvolvida. "O conceito de razão técnica é talvez ele mesmo ideologia. Não somente sua aplicação, porém já a técnica em si é dominação (sobre a natureza e sobre os seres humanos). Uma dominação metódica, científica, calculada e calculadora" (MARCUSE, 1979: 127). Portanto, a técnica não é politicamente neutra, porque não está isolada da estrutura de poder da sociedade. "A técnica predominante no mundo originou-se, no e através do capitalismo, nas relações de produção capitalistas" (SZÉLL, 1982: 25). O objetivo da inovação técnica na sociedade capitalista, portanto, não é tornar o trabalho o mais confortável possível, como poderia aparentar, e sim o aumento da produtividade do trabalho com vistas a uma maior geração de valor. "Uma firma questiona apenas o que deve ser feito para produzir o máximo de valor de mercado de uma mercadoria com o mínimo de investimento" (GORZ, 1980: 70).

Na medida em que o capitalismo foi se desenvolvendo, historicamente, e a produção de mercadorias se generalizou, este subjugou o conteúdo e a finalidade da produção científica e seu emprego a seus interesses. Em decorrência, a eficiência se constitui especificamente como regra básica: maximizar o lucro particular do proprietário dos meios de produção. Isto é possível através de mudanças na organização do trabalho (através de sua especialização e divisão) ou do uso de máquinas e ferramentas apropriadas. Por isso, na lógica capitalista, o principal desafio da pesquisa é "acelerar o obsoletismo e a substituição das mercadorias, tanto dos bens de consumo quanto dos bens de investimento, a fim de acelerar o ciclo de reprodução do capital e criar lucrativas possibilidades de investimento e uma crescente taxa de lucros" (Idem, 1973: 96).

Mesmo que o aumento da produtividade do trabalho seja mais antiga que a sociedade capitalista, esta aprofundou a submissão do trabalho em relação à técnica de produção. Como Marx descreve em sua obra O Capital, o trabalho necessário para a produção de mercadorias pôde ser diminuído através da mecanização, com a finalidade de baratear as mercadorias e aumentar a mais-valia.


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