O "Projeto Estrada Real", visa incentivar o conhecimento das trilhas seguidas pelos primeiros viajantes no Brasil. Para a adequada abordagem do tema é fundamental a organização de bancos de dados cartográficos e alfanuméricos sobre as ocorrências de serviços, infra-estrutura, espaços de visitação e características naturais na paisagem. Acreditamos que estudos desta natureza contribuem para a ampliação da aplicação das ciências cartográficas no ensino, na pesquisa e na prática profissional.
PALAVRAS CHAVES: Mapeamento para o Turismo, Modelo Digital de Elevação, Comunicação Visual.
ABSTRACT
The "Projeto Estrada Real" – Real Road Project -. This project aims at motivating the knowledge of the tracks taken by the first travelers in Brazil. In order to approach this theme it is essential to organize a cartographic and alphanumeric database about the service occurrence, infrastructure, and space for visit and natural characteristics of the landscape. We believe that these kinds of studies are a contribution to develop the use of cartographic sciences on studies, researches and professional practices.
KEY WORDS: Tourism Mapping, Visual Communication, And Digital Terrain Model
Decididos a impedir que a exuberância dos recursos e da natureza brasileira despertassem a cobiça dos demais povos europeus, por três séculos, os portugueses mantiveram o Brasil completamente fechado aos olhos estrangeiros.
O final do século XVII e início do século XVIII marcaram um importante período para ocupação do território brasileiro, tendo em vista que os caminhos descobertos ou traçados por sertanistas pioneiros passaram a constituir importantes vias para ocupação dos futuros territórios de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, assim como as regiões do Rio São Francisco, da Bahia e de Pernambuco. Por essas vias de circulação também eram conduzidos os (des)caminhos do ouro e do diamante, as riquezas minerais recém descobertas pela
Coroa.
Apesar das severas proibições da Coroa Portuguesa impedindo as viagens ao interior do Brasil, essas nunca se efetivaram de forma absoluta. A coroa tinha como objetivo controlar da melhor maneira possível esses caminhos, instalando registros para controle dos viajantes e das mercadorias, e proibindo a circulação de quaisquer informações que pudessem facilitar o acesso ao interior.
No fim do século XVII, o interior do Brasil ainda precisava ser povoado e houve um grande surto de exploração das riquezas minerais, provocando uma grande corrente migratória de povoamento em direção ao território mineiro. Com o descobrimento do ouro das chamadas Minas Gerais, cujos dois grandes percussores foram D. Francisco de Sousa, no começo do século XVII e Fernão Dias Pais entre 1674 e 1681, contribuiu para a abertura dos chamados caminhos gerais para as minas.
Ao longo do século XVIII (principalmente na primeira metade), estes caminhos estiveram constantemente presentes na preocupação destas autoridades, que se mantiveram informadas sobre seus roteiros, como vigiá-los e como impedir a abertura de picadas e rotas alternativas.
O mais antigo desses caminhos era aquele através do qual haviam passado várias bandeiras partindo de São Paulo "até as ramificações superiores do Rio São Francisco, conhecido como Caminho Geral do Sertão". Em meados dos séculos XVII e XVIII, houve uma conexão desse caminho com o caminho construído a partir da sede da Capitania do Rio de Janeiro, permitindo o acesso dos habitantes dessa capitania à região das Minas, passando por São Paulo. Esta estrada passou a ser conhecida como o Caminho Velho, distinguindo-se de outro caminho, mais curto e novo, cuja construção iniciou-se em fins de 1698 e ficou conhecido como Caminho Novo ou do Garcia.
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