A terceira via: alternativa ou continuísmo?

Enviado por Dejalma Cremonese


  1. Anthony Giddens: o ideólogo da terceira via
  2. Elementos definidores da terceira via
  3. A terceira via à Brasileira
  4. Algumas críticas à terceira via
  5. A terceira via de Blair: a outra face do neoliberalismo inglês
  6. Uma terceira via alternativa
  7. Bibliografia

A "terceira via" é composta de partidos políticos chamados genericamente de sociais-democratas, ligados de uma forma ou de outra à Segunda Internacional Socialista, partidos políticos de centro-esquerda que se opõem aos partidos conservadores.

Tony Blair, primeiro-ministro britânico e Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, são os principais representantes da "terceira via". Dinamarqueses, suecos, italianos e, principalmente, brasileiros (Fernando Henrique Cardoso), pretendem integrar-se em breve a esse novo modelo. A "terceira via" é, então, uma forma que "ex-socialistas e ex-sociais-democratas ortodoxos encontraram para classificar sua atual conversão a favor de grande parte dos preceitos liberais". Há algum tempo o termo é utilizado em alguns países da Europa (Itália e Suíça), mas é na Inglaterra que a "terceira via" faz mais "sucesso". Tony Blair utilizou a ideologia da "terceira via", juntamente com seu pseudo-trabalhismo, para vencer as eleições depois de 18 anos de um governo conservador, o governo Tatcher. O mentor intelectual vem da London School of Economies, da qual Anthony Giddens é o diretor. Políticos, como Tony Blair (Inglaterra), Lionel Jospin (França), Romano Prodi (Itália) e Fernando Henrique Cardoso, buscavam esse modelo como norteador para seus governos.

Contrariando tais expectativas, esse modelo afastou-se da tradição original da social-democracia e empenhou-se em reafirmar e reforçar os velhos vícios do neoliberalismo, como a desregulamentação econômica e o predomínio da economia sobre o social, sendo os ministros da área econômica os presidentes dos bancos centrais o coração de seus governos. A subordinação de comportamentos segundo as pesquisas de opinião, bem como o processo de alianças políticas possíveis e impossíveis, foram comuns nos referidos governos.

O interesse dos teóricos da "terceira via" é a subordinação de seus comportamentos às pesquisas de opinião: "não há verdades, mas conveniências de marketing", "não há mais alianças possíveis e impossíveis", mas objetivos a conseguir que justificariam aliar-se a quem quer que seja. Não há mais valores éticos, que não possam ser driblados por boa companhia midiática, ou seja, a mídia ajuda a deturpar os valores éticos fazendo uma homogeneização de pensamento (o pensamento único) da classe dominante.

O termo "terceira via" não é novo, surgiu na década de 20, sendo usado por alguns notórios movimentos da época. Mais tarde, a "terceira via" passou a ser mencionada para expressar o socialismo de mercado, uma idéia que não chegou a lugar algum. Atualmente, o conceito "terceira via" fica entre a velha esquerda social-democrata e a nova direita (neoliberalismo). Na social-democracia, a economia é mista, o Estado é cooperativista, domina a sociedade civil e seu papel na assistência social é extremamente forte: "proteção do berço até à sepultura". No neoliberalismo o mercado é soberano e o papel do Estado é mínimo. A "terceira via" pretende criar uma nova economia mista e um novo Estado democrático.

Anthony Giddens: o ideólogo da terceira via

De fato, o mentor intelectual da "terceira via" é Anthony Giddens diretor da London School of Economics. Mesmo sofrendo algumas resistências, o termo foi introduzido aos pouco no governo de Tony Blair. Para Giddens, infelizmente, a Inglaterra se recusa a aceitar a "terceira via", a chegar a um porto seguro, pois resiste ao progresso e à atualidade, embora contando com o grande esforço de Blair que é, segundo Giddens, um grande estadista com visão teórica correta: "A Grã-Bretanha é ingrata! A Grã Bretanha não merece o Sr. Blair, não merece a London School of Economics, não merece a mim, desabafa Giddens.[1]

Elementos definidores da terceira via

No entendimento de Giddens, o problema da antiga esquerda é que ela era muito identificada com o Estado, enquanto a nova esquerda se identifica com a democracia e a democratização do Estado. É um momento cuja força de trabalho está crescendo, pois a antiga esquerda nunca esteve enfraquecida.

Giddens acredita que a globalização não é apenas econômica, mas também um fenômeno social e intelectual: "E já não devemos voltar atrás. Acabou a família, com a igualdade das mulheres; e acabou o Estado-Nação, com a vitória do liberalismo econômico e a imposição do comércio mundial. Só resta nos adaptarmos e entrarmos na corrida". Questionado sobre o impacto negativo da globalização em países e povos empobrecidos e sobre o injusto crescimento das desigualdades sociais, com a crescente concentração da riqueza nas mãos de poucos e o empobrecimento das maiorias, Giddens não soube dar uma resposta convincente, o que deixa claro que essa não é a preocupação da "terceira via".


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