Shopping Primitivo: um estudo de caso em turismo e identidade regional



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Arcaico, residual ou emergente?
  4. O estereótipo
  5. O regional e a globalização
  6. Identidade cultural
  7. Considerações finais
  8. Referências

Resumo:

Esse artigo analisa aspectos da produção cultural e identidade regional, em um restaurante popular, o Shopping Primitivo, localizado na cidade de Itabuna, no sul da Bahia. O Shopping atende a uma freguesia local, formada por trabalhadores que, diariamente, buscam seu restaurante popular; e a uma freguesia de turistas, nacionais e estrangeiros, que, principalmente nos meses de novembro a fevereiro, passam de carro em frente à loja, para chegar às praias de Ilhéus, Itacaré e Canavieiras.Sua estratégia de comunicação com os turistas baseia-se na construção de um simulacro do imaginário do discurso colonial eurocêntrico. Entretanto, ao reafirmar esse discurso num contexto de mera propaganda comercial, ele o hibridiza, isto é, fragmenta sua autoridade pois incorpora nele o que tal  discurso nega: o olhar e os saberes do colonizado. A classificação do Shopping Primitivo nas categorias de arcaico, residual e emergente, torna-se problemática em razão da heterogeneidade do seu público. O estereótipo colonial das frutas tropicais e da "sensualidade bestial", associado aos países periféricos, pode estar reverberando nas estratégias de comunicação do Shopping Primitivo.

Palavras-chave: comunicação, cultura, identidade.

Abstract:

This paper analyses aspects of the cultural production, regional identity, communication and tourism in a popular restaurant. The Primitivo Shopping, placed in Itabuna city, at state Bahia" south. The Shopping has local workers costumers and tourists, national and foreigners, costumers. Its communication strategy to tourists is based in a colonial discourse simulacrum Eurocentric. At do this, the colonial discourse becomes hybrid because it incorporates which denies: the colonized knowledge. Classifies Shopping as archaic, residual or emergent depends of the relation to local public or tourists. The stereotype of tropical fruits and "bestial sensuality", associated to peripherical countries can be present in the communication strategies of the Primitivo Shopping.

Key words: culture, identity, communication.

 

Introdução

O objetivo desse trabalho é analisar aspectos da produção cultural, identidade regional, comunicação e turismo em um restaurante popular, o Shopping Primitivo, localizado na cidade de Itabuna, no sul da Bahia. Trata-se de uma micro-empresa que articula produção cultural, para um público popular local, com produção cultural para turistas, usando elementos da identidade regional e meios artesanais de comunicação.

Monografias.com

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Edílson Primitivo Matos Santos, 58 anos, mais conhecido como Primitivo, nasceu em Itabuna, de família de classe média e estudou até a 5ª. série. Há 15 anos, Primitivo abriu uma mercearia na Av. Juracy Magalhães, no Bairro de Fátima, em Itabuna. A mercearia vendia gêneros de primeira necessidade à vizinhança local. No entanto, estava localizada na única via de saída de Itabuna para Ilhéus e para a faixa litorânea mais próxima, incluindo Olivença, Canavieiras e Itacaré. Ao abrir a mercearia, logo Primitivo se deu conta do enorme fluxo de turistas, nacionais e estrangeiros, que, principalmente entre os meses de dezembro e fevereiro, passava em frente ao seu comércio. Para atraí-los, pendurou palhas secas de banana e frutas regionais, na frente da mercearia, além de oferecer carvão, churrasqueiras artesanais e carne-de-sol. Na frente da loja, entre as duas vias da Avenida Juracy Magalhães, colocou uma tabuleta anunciando a "batida sex de cacau". Diz ele, em entrevista ao autor:

Eu não tinha dinheiro e, aí, a gente precisa ser criativo. Sou o único que decora a loja com palha seca de banana. E aí eu pendurei cacau, jaca e coisas da região. Tudo o que se faz é incentivado pela mídia. Todo mundo copia. E você tem que ser ousado: não copiar a Globo, mas a Globo é que tem de copiar você. No verão a loja é mais aberta, a mercadoria na porta, por chover pouco. O importante no comércio é a vitrine.

A cidade de Itabuna é um entroncamento rodoviário, onde se cruzam a BR-101 e a BA-116. Pela primeira, ao sul, têm acesso a Itabuna, os municípios de Mascote, Pau Brasil, Santa Luzia, Camacã, Jussari, São José da Vitória e Buerarema, além de outros; ao norte, pela mesma estrada, ligam-se a Itabuna os municípios de Itajuípe, Coaraci, Almadina, Itapitanga, Uruçuca, Aurelino Leal, Ubaitaba, Ubatã, Gongogi, Ibirapitanga, Barra do Rocha, Ipiaú, Aiquara, Dário Meira, Jequié, além de outros. A BR-101, construída ao longo do litoral brasileiro, é também a via de acesso a Itabuna e Ilhéus, de turistas vindos de todas as regiões do país. Pela BA-116, estão ligados a Itabuna os municípios de Lomanto Júnior, Itapé, Ibicaraí, Floresta Azul, Santa Cruz da Vitória, Itamirim, Itororó, Ibicuí, Iguaí, Itapetinga e Vitória da Conquista, além de outros. Como essa estrada liga o interior com o


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