A utilização da telemática na construção do pensamento autônomo do aluno na educação especial: um relato.

Enviado por Teófilo Alves Galvão Filho

1. O aluno com necessidades educacionais especiais: educar para a autonomia
2. O ambiente computacional e a telemática como ponte para a construção da autonomia e da inclusão social do aluno com necessidades educacionais especiais: narrando uma experiência
3. Referências bibliográficas

Com muita freqüência a criança portadora de alguma deficiência, física, mental ou sensorial, por suas próprias limitações motoras e/ou sociais, agravadas por um tratamento paternalista não valorizador de suas potencialidades, cresce com uma restrita interação com o meio e a realidade que a cerca.

Muitas vezes, se não for adequadamente estimulada, assume posições de passividade diante da realidade e na solução de seus próprios problemas diários. É condicionada a que outros resolvam os seus problemas e até pensem por ela. Como faz notar Valente:

"As crianças com deficiência (física, auditiva, visual ou mental) têm dificuldades que limitam sua capacidade de interagir com o mundo. Estas dificuldades podem impedir que estas crianças desenvolvam habilidades que formam a base do seu processo de aprendizagem." (VALENTE, 1991).

E quando estas crianças com necessidades educacionais especiais ingressam em um sistema educativo tradicional, em uma escola tradicional, seja especial ou regular, freqüentemente vivenciam interações que reforçam uma postura de passividade diante de sua realidade, de seu meio.

Freqüentemente são submetidas a um paradigma educacional no qual elas continuam a ser o objeto, e não o sujeito, de seus próprios processos. Paradigma esse que, ao contrário de educar para a independência, para a autonomia, para a liberdade no pensar e no agir, reforça esquemas de dependência e submissão.

Exatamente pelas dificuldades e atrasos que estes alunos com necessidades especiais freqüentemente apresentam em seu desenvolvimento global, é vital, com mais ênfase nestes casos, oferecer-lhes um ambiente de aprendizagem que os ajude a abandonar essa postura passiva de receptores de conhecimento. Um ambiente onde sejam valorizadas e estimuladas a sua criatividade e iniciativa, possibilitando uma maior interação com as pessoas e com o meio em que vivem.

A proposta do aprendizado através de projetos, a chamada "pedagogia de projetos", é uma maneira de colocar em prática um processo de construção da autonomia do aluno em seu aprendizado. Em nosso trabalho educacional, já há oito anos utilizando o computador e a telemática na Educação Especial, diferentes conteúdos são desenvolvidos pelos alunos através de projetos.

Esses conteúdos desenvolvidos através de projetos, são definidos juntos por alunos e professor, mas a partir das necessidades e interesses dos alunos, utilizando os mais variados recursos computacionais abertos, facilmente encontrados e manipulados hoje, quando se construiu e se está inserido em uma cultura de informática. É importante também, neste modelo, que o professor conheça melhor o seu aluno:

"é imprescindível, para o professor, o conhecimento sobre o aluno, sua história, seu meio social, sua forma e estilo de interagir e construir o conhecimento." (GALVÃO FILHO, 2001).

Somente assim poderá intervir no sentido do desenvolvimento do pensamento autônomo desse aluno.

O nível de complexidade dos projetos pode variar, desde o mais simples e elementar, até um mais complexo e sofisticado, sempre em função do potencial cognitivo e capacidade de abstração do aluno, mas, ao mesmo tempo, sempre num nível que o desafie a produzir saltos de qualidade em seus conhecimentos e capacidades atuais.

Em consonância com essa filosofia e metodologia de trabalho, a aprendizagem através de projetos, chegamos, no início deste ano de 2001, à proposta da construção e lançamento na rede das páginas pessoais e trabalhos dos alunos (informações detalhadas sobre nosso trabalho em http://infoesp.vila.bol.com.br).

Gostaria de apresentar o desenvolvimento deste projeto, como um exemplo concreto de utilização do ambiente computacional e da telemática na educação especial, como forma de favorecer a construção da autonomia e a inclusão social dos alunos.

Inicialmente, o objetivo principal era proporcionar-lhes novos canais de comunicação e interação com diferentes pessoas. Mas, no decorrer do caminho, o trabalho mostrou ser muito mais do que apenas isso... Diversas outras realidades e possibilidades se foram abrindo, ampliando significativamente o leque de metas e resultados que foram sendo traçados e alcançados.

Pudemos perceber três momentos bem diferenciados no processo de construção e lançamento das páginas: