Historiografia, totalidade e fragmentação

Enviado por Nildo Viana


  1. Resumo
  2. O método e a categoria de totalidade
  3. Conclusão
  4. Referências

Resumo:

O presente texto faz um balanço geral da força metodológica da categoria totalidade e de sua abdicação pela nova historiografia, mostrando a razão de ser deste acontecimento e do seu significado metodológico, marcado por um empobrecimento teórico e pela subs

tituição de elementos fundamentais do saber, tal como a explicação, a visão crítica, a percepção da totalidade, em favor da descrição, da neu

tralidade e da fragmentação.

Palavras-chave: totalidade, dialética, fragmentação, historiogra

fia, marxismo

Abstract:

The present text makes a general swinging of the methodological force of the category totality and of your abdication for the new historiography, showing the reason of being of this event and of your methodological meaning, marked by a theoretical impoverishment and for the substitution of fundamental elements of the knowledge, just as the explanation, the critical vision, the perception of the totality, in favor of the description, of the neutrality and of the fragmentation.

Word-keys: totality; dialetic; fragmentation; historiography, marxism.

O presente texto busca discutir a questão metodológica da abordagem do processo histórico centrado na totalidade ou no fragmento. Esta discussão se tornou central na historiografia, bem como perpassa as várias ciências humanas, e assume grande importância para o desenvolvimento da pesquisa social na contemporaneidade. Assim, o nosso objetivo fundamen

tal é discutir a problemática metodológica da totalidade e da fragmentação na análise dos fenômenos históricos. Para tanto, iniciaremos discutindo alguns conceitos fundamentais, tais como os de método, categoria e totalidade e, posteriormente, tomaremos o exemplo da "nova historiografia" ("história das mentalidades", "nova história"; "história em migalhas") como objeto de análise, visando apresentar seus limites e a razão de ser deste posicionamento metodológico que fornece primazia ao fragmento.

O MÉTODO E A CATEGORIA DE TOTALIDADE

Iniciaremos nossa discussão com a problematização de algumas questões metodológicas preliminares. A primeira delas refere-se ao conceito de método. O uso da expressão "método" é bastante amplo e, ao mesmo tempo, impreciso. Muitos manuais de metodologia ou de introdução às ciências humanas confundem método e técnica, bem como com outros termos correlatos. Neste sentido, torna-se interessante definir o conceito de método, para posteriormente lançarmos a discussão a respeito da categoria de totalidade e sua inserção em determinada perspectiva metodológica.

Poucos autores dedicaram-se a definir o conceito de método. Este é o caso de Kopnin, que forneceu a seguinte definição:

O método é um meio de obtenção de determinados resultados no conhecimento e na prática. Todo método compreende o conhecimento das leis objetivas. As leis interpretadas constituem o aspecto objetivo do método, sendo o subjetivo formado pelos recursos de pesquisa e transformação dos fenômenos, recursos esses que surgem com base naquelas leis. Por si mesmas, as leis objetivas não constituem o método; tornam-se método os procedimentos que nelas se baseiam e servem para a sucessiva interpretação e transformação da realidade, para a obtenção de novos resultados (KOPNIN, 1978, p. 91).

Esta definição, embora possua elementos com que possamos concordar, em sua totalidade é positivista, pois se fundamenta em uma identificação entre método e leis objetivas. Em primeiro lugar, é questionável a existência de "leis objetivas" (principalmente na esfera das relações sociais); em segundo lugar, e conseqüentemente, é questionável que o método possa compreender o conhecimento de algo cuja existência (as leis objetivas) seja questionável.

A posição de Hegel nos parece mais adequada. Para ele, o método é um instrumento subjetivo para se relacionar com o objeto (HEGEL apud KOPNIN, 1978). Esta posição está mais próxima da de Marx. Segundo Marx, a reconstituição da realidade concreta no pensamento ocorre de forma diferente do que ocorre na própria realidade concreta. Em outras palavras, a gênese da realidade concreta no pensamento difere de sua gênese real e o método é o recurso heurístico para realizar tal reconstituição mental da realidade (MARX, 1983; KORSCH, 1977).

Assim, podemos definir método como um recurso mental para analisar a realidade concreta e assim reconstituí-la no pensamento. A reconsti-tuição da realidade concreta no pensamento significa a expressão da realidade tal como ela é e o método é um recurso que possibilita isto. No entanto, tal recurso, em si, não garante a reconstituição da realidade concreta no pensamento, pois a utilização do método depende da perspectiva (valores, interesses, concepções) daquele que o utiliza (VIANA, 2001; MARX, 1988). Assim, o método é necessário mas não suficiente.


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.