O descompasso entre evolução tecnológica e a discussão ética. As empresas assumindo seu papel social diante da evolução dos mercados. A ética na sustentação de mercados, a imagem das organizações e o emprego da ética como vantagem competitiva para os negócios.
Talvez, nos dias atuais, todo o conhecimento que uma criança de oito anos possua represente muito mais que quase todo o conhecimento prático que um monge medieval possuía do mundo ao final da vida naqueles tempos.
Agora, é muito provável que um jovem leitor de Ficção Científica nos anos 40 ou 50 ficaria decepcionado se visse até onde chegamos, ou melhor, evoluímos, nas áreas de conservação e geração de energia, sem falar nas áreas de propulsão e locomoção e em métodos para deter o envelhecimento ou prolongar a vida. Ainda em 2005 o Homem não pousou em Marte, não gerou novas formas de energia e nem transpôs a barreira tempoespaço. Porém os criadores do supercomputador ENIAC I nos Estados Unidos da América ou do COLOSSUS, o super-secreto decifrador de códigos nazista inglês da II Guerra Mundial, não imaginariam que seria possível escrever este texto em uma residência com um notebook que cabe em uma pasta e bem mais poderoso do que os históricos computadores valvulados dos anos 40 e 50, isto pouco mais de 60 anos depois.
Não se chegou ao futuro anti-utópico do Admirável Mundo Novo de Aldous Husley[1], mas muitas coisas são parecidas ao mesmo tempo em que outras são totalmente diferentes e inimagináveis pelas mais férteis mentes dos tempos passados. Vive-se em um mundo paradoxos, diferenças e contrastes.
Criam-se facilidades, a vida fica mais fácil e também por causa da tecnologia ou de não saber como lidar com ela criam-se problemas de difícil solução. Leis, normas, acordos internacionais, fóruns de discussão, pesquisas e desenvolvimentos foram dirigidos e estão em discussão para tornar a Sociedade, agora Sociedade Global mais humana. Nas últimas décadas, onde os blocos econômicos triunfaram sobre as ideologias, volta-se para o Capitalismo com outros olhos. O novo pensar agora não é pela defesa do Capitalismo, o que se discute é até onde ir e onde parar quando se depara com uma tênue fronteira: a ética.
A espinha dorsal da sociedade pós-moderna que movimenta a sociedade são as organizações, e aquelas voltadas aos negócios lidam com os fatores de produção, serviços e sustentação do bem estar "por meio destes meios". Os gigantescos capitais que estas corporações movimentam, alguns destes capitais privados ultrapassam a pujança de nações, nutrem a economia com:
-Impostos para o Estado, para gerir a máquina pública, as pesquisas, direta ou indiretamente;
-Com remuneração aos trabalhadores e prestadores de serviço;
-Investimentos diretos e indiretos em outros negócios, multiplicam-se as oportunidades;
-Buscam o próprio conhecimento investindo em pesquisa;
-Geram mais riqueza e bem-estar em um ciclo, que se deseja ser perfeito.
Colocando como eixo central da sociedade pós-moderna a relação capital-trabalho e lucro-renda, a sociedade mais rica é aquela que mais consome por ter riqueza para gastar e o consumo é no sentido amplo, quando mais saciadas as necessidades básicas mais o homem se volta para o saber[2], o pensamento se arma com as ciências e com as facilidades tecnológicas e aí surge uma explosão de novos conhecimentos.
Este artigo tem o objetivo de discutir dentro de certos limite a ética nas organizações e a tecnologia.
Talvez nos últimos anos do Século XX e nos primeiros do Século XXI ocorreram e ocorram pequenas revoluções industriais em escala menor, mas multiplicadoras, a velocidade de conhecimento gerado e aplicado acelera-se assustadoramente, o que se pergunta:
-Há espaço para reflexão entre descobrir e aplicar?
-Discutem-se situações onde decisões devem ser tomadas?
-Pode a decisão por um produto ou conhecimento pesar mais do que a decisão de um presidente (uma Nação)?
-Há espaço para reflexão entre descobrir e aplicar?
Albert Einstein foi um gênio, a Teoria da Relatividade ficou famosa, improvável diretamente até agora, mas não impossível. Será que Einstein e o casal Cury continuariam seus estudos e experimentos se pudessem antever as explosões em Hiroshima e Nagasaki?
Ou alguém dirá que isto não importa, pois o raio X, a tomografia e a energia nuclear para bens pacíficos salvou milhões de vidas aos longos do anos e são resultados diretos e indiretos dos Cientistas que estudaram o átomo.
O que faltou foi uma discussão ética, não dos inventores e desbravadores do conhecimento, houve desvio de quem praticou o que se aprendeu, quando ocorreram as eclosões de Hiroshima e Nagasaki nem todos os efeitos eram conhecidos, só se sabia do imenso poder destrutivo, foi uma terrível experiência com seres humanos.
"A partir do momento em que a ciência e a tecnologia começaram a ocasionar enormes riscos e malefício á natureza e á humanidade - por meio de eventos como a Segunda Guerra Mundial; contaminação de rios, lagos, mares e alimentos por substâncias tóxicas; ocorrência de danos ecológicos; exploração abusiva das florestas; poluição ambiental; desastres nucleares como o de Chernobyl; guerras bacteriológicas; manipulação genética e clonagem, a dimensão ética e valorativa adquiriu novo relevo, vindo a ocupar a mente e os debates de muitos cientistas e, mesmo, de todos os seres humanos."
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