O Mercosul e a projeção política do Brasil, as incertezas e os temores dos empresários, os limites e objeções. As necessidades estratégicas para o desenvolvimento e a credibilidade do Mercosul e do Brasil rumo ao desenvolvimento de estratégias e alianças econômicas que projetem um Brasil rumo ao desenvolvimento.
A organização do mundo em torno de blocos econômicos e não mais pelas ideologias levou ao acirramento dos mercados globais, as economias nacionais crescem menos do que os volumes internacionais de negócios (KOTABE et al. 2000, p. 73) e o interesse do autor pelo tema ocorre exatamente deste fato, pois a área de livre comércio formada pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o Mercosul, é uma decisão estratégica para o desenvolvimento da América do Sul (CORRÊAS 1998) .
A participação política do Brasil de maneira mais expressiva no cenário internacional de fato começou por volta dos anos 90. Entre os fatores que marcaram esta nova era da política externa brasileira pode-se citar alguns exemplos: a abertura da economia, a estabilização da economia interna com o fim da inflação, a formação do Mercosul, a reunião dos 11 presidentes latino-americanos em Brasília, a formação do G-X e a maior participação das tropas brasileiras em missões internacionais (Angola, Timor Leste e o mais recente no Haiti).
"O envio do maior contingente brasileiro a serviço da ONU na história, iniciado em junho, é parte da tentativa do governo para assumir o papel de mediador em crises regionais e obter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.."
HAY, 2004
Este artigo tem o objetivo de apresentar e analisar alguns riscos e oportunidades para a estratégia brasileira na condução de sua política externa e os impactos nas empresas, envolvendo a discussão entre os possíveis acordos entre o Mercosul e a União Européia e também do projeto da ALCA e a hegemonia norte-americana.
O colapso das negociações da ALCA com o Mercosul, e dos esforços que o Brasil vem fazendo para integrar a América do Sul, apesar de toda a fragilidade dos países sulamericanos, lança algumas dúvidas para as empresas instaladas no Brasil, nacionais ou multinacionais quanto á questão dos blocos econômicos.
Enquanto as projeções para acordos com a ALCA em 2005 se desfazem o Brasil propõe uma união sul-americana priorizando a integração (SOLIANI 2004) e o fortalecimento regional. Estas ações praticadas em especial pelo Brasil, que assumiu a posição de liderar a América do Sul (SOTERO 2000) e os esforços de integração acabaram encontrando apoio de várias nações fora da própria geografia da América do Sul.
Não se pode discutir a ALCA sem analisar o NAFTA, o acordo de livre comércio entre Estados Unidos, Canadá e México. A favor das empresas está o fato que o NAFTA impulsionou os negócios no México, aumentando o PIB mexicano consideravelmente, por outro lado quando discute-se a integração econômica, não há equilíbrio, principalmente quando trata-se de produtos da terra, o próprio México sofre com restrições americanas e até o Canadá sofre com ações unilaterais dos Estados Unidos (KOTABE et al. 2000, p. 69).
Apesar das diferenças econômicas, regionais e da abrangência não poderia ser diferente a discussão da ALCA com a América do Sul. Mesmo para o Brasil e a Argentina, que são os países de maior peso na região sul das Américas, a discussão dos itens da terra é muito importante. Para todo país de menor nível de desenvolvimento econômico o "pacote agrícola" assume um papel muito importante na negociação de uma área de livre comércio.
Alerta-se que não são apenas os produtos da terra que são discutidos e que causam controvérsias, mas se uma nação ou blocos econômicos buscam a integração econômica e o desenvolvido não se pode deixar de lado esta discussão, principalmente países sulamericanos.
Para os setores desenvolvidos e competitivos da economia brasileira a ALCA é bem-vinda e desejada, representa novas oportunidades de negócios, mais mercados e investimentos, o colapso das negociações para acordar a ALCA em 2005 representa uma ameaça para as empresas que buscam a expansão e ao mesmo tempo são competitivas. Outro receio é que os Estados Unidos fechem acordos bilaterais com países sul-americanos deixando de "fora" os países que se opõem tenazmente.
Estrategicamente não é bom para o Mercosul, e para o Brasil, ficar de fora da ALCA e não é nada interessante para os Estados Unidos fechar a ALCA sem os grandes pesos da economia sul-americana: Brasil e Argentina.
O foco das discussões e pressões contra a ALCA é baseado no fato que o modelo de área de livre comércio praticamente imposto pelos norte-americanos não promoverá a integração econômica e também se pergunta que modelo de desenvolvimento os países sulamericanos desejam em uma área de livre comércio de tamanha magnitude?
" Resumindo: a Alca pode ser benéfica para o Brasil, mas não se deve esperar que ela resolva todos os nossos problemas de desenvolvimento econômico e social no curto ou médio prazo; estes só podem ser encaminhados internamente, com a mobilização de outros vetores de transformação estrutural " educação, capacitação profissional, investimentos em ciência e tecnologia, modernização institucional etc. ", não de maneira exógena a partir de um impulso originado no entorno econômico externo."
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