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ALMEIDA 2001 (b)
Para responder a pergunta anterior deve-se antes responder a uma questão: Qual modelo estratégico os países da América Latina devem seguir? Os Estados Unidos reclamaram que o Brasil não vem deixando claro qual é sua política de alinhamento internacional.
Apesar não estar declamado em lugar algum, é claro para todos e talvez não para os EUA, que o Brasil vem adotando uma clara política de distanciamento dos Estados Unidos. Este distanciamento não reflete inimizade ou desafetos, muito pelo contrário, é a necessidade profunda de uma maior independência no cenário internacional e econômico.
Na prática esta estratégia está dando certo, os parceiros econômicos do Brasil e os destinos das exportações brasileiras estão mudando o "mapa econômico" das exportações brasileiras.
O que se deve notar é que o Mercosul, desacreditado pelos norte-americanos, como força política e estratégica, funcionou. Este ousado projeto da política externa amadureceu as relações do Brasil com seus vizinhos e aumentou a força política do Brasil na região.
Os próprios norte-americanos viram-se diante da necessidade de reagirem á formação de vários blocos econômicos. O Mercosul saiu da simples tentativa e se transformou em realidade, seja sucesso econômico ou estratégico.
A dificuldade enfrentada para acordar a ALCA nasce do fato que os desafios de formação de um bloco econômico ou área de livre comércio envolvendo parceiros desiguais cria, entre outros problemas, a polarização econômica. Como exemplo de polarização econômica pode-se citar novamente os Estados Unidos da América e o NAFTA e dentro do Mercosul os problemas entre Brasil e Argentina.
Para os próximos anos a maior preocupação é se esta estratégia de aumentar parceiros comerciais continuará funcionando na prática, pois depender de poucos "clientes" sempre foi uma ameaça, mas quando se fala de nações o contexto é diferente. Também há outra preocupação e nem um pouco pequena: Na defesa dos seus interesses os norte americanos tem-se mostrado um pouco truculentos, basta rever suas ações a partir da segunda metade do século XX.
Usando uma frase de então Presidente Fernando Henrique Cardoso na crise da "Vaca Louca", ao se referir as medidas que o Brasil usaria na retaliação comercial contra os canadenses, " Guerra é guerra e na guerra vale tudo", muitas questões poderão surgir em espectro amplo nas ações dos EUA, como exemplos:
-A questão do urânio enriquecido.
-Gestão de fronteiras e o narcotráfico.
-Amazônia Brasileira e a atração que os EUA têm por esta região.
Paralelo a estas questões, que aparecem fatos que podem ou não se associar a estas possibilidades:
-Os estudos para a formação de uma "Força Militar do Mercosul" (BRASIL, 2000);
-A possibilidade do Brasil, Índia e África do Sul formarem um grupo de cooperação comercial na área de defesa (BRASIL, 2004).
Estas ações não são afrontas a qualquer força político-militar, mas a demonstração e o exercício da possibilidade de oferecer proteção contra o contrabando, narcotráfico, pirataria clássica, tráfico de armas e o terrorismo nas regiões de passagem entre fronteiras terrestres e oceanos. Enquanto que na reunião da OEA os Estados Unidos propõem novamente dissolução das forças armadas dos países latinos e a formação (conversão) de forças policiais para combater justamente os mesmos problemas.
Por enquanto estas discussões não estão afetando o desempenho da indústria brasileira e nem as exportações, os problemas existentes para exportar os produtos nacionais para os EUA seguem as regras protecionistas dos norte-americanos e não retaliações políticas.
As multinacionais ainda têm o Brasil como interessante mercado, apesar do número de multinacionais européias terem aumentado bastante (resultado de um maior acirramento da concorrência mundial e do bom desempenho da União Européia), as multinacionais de origem norte-americana também consideram o Brasil um bom mercado.
Embora existam receios, principalmente sobre o futuro econômico brasileiro, as organizações na prática avançam mais rápido do que os blocos ou acordos e estes últimos agem mais como facilitadores.
"Os industriais consideram "fracos" os resultados das negociações com China e Rússia, porque o Brasil teria feito concessões demais e recebido pouco. Pedem também revisão do acordo do Mercosul. "Precisamos avaliar se o Mercosul vale a pena como união aduaneira, porque limita nossa capacidade de fechar acordos com outros países", diz José Augusto de Castro, vicepresidente da AEB. "Queremos mudança na postura do Itamaraty, com maior ênfase em acordos bilaterais e regionais", diz Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais da Fiesp."
MELLO, 2004
É evidente que esta "elasticidade de negócios" possuí limites e a preocupação dos empresários é real, quanto mais rápidos forem os acertos e acordos políticos, tanto internos como externos, mais rápido o Brasil entrará no círculo virtuoso: produz mais e melhor e por isso emprega mais e melhor, emprega por investir mais e melhor e por investir mais cada vez mais melhora a técnica e o empregado...a população consome mais por estar empregada e exporta mais por produzir melhor...
Pode-se concluir que o Mercosul ajudou o Brasil a se projetar no mercado internacional como liderança política e econômica, mas é exatamente como vai lidar com as limitações regionais e os problemas que vai ditar o sucesso ou o fracasso dos próximos passos e colaborar ou não para o contínuo crescimento dos negócios em 2005.
ALMEIDA, Paulo Roberto. O Mercosul em crise; o que fazer? Espanha, Baiona (Pontevedra): Tempo Exterior, revista de análise e estudios interncionales, segunda etapa, vol. IV, nº 8, Janeiro-Junho de 2003.
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Jundiaí, 20 de Dezembro de 2004.
Autor:
Reinaldo Toso Júnior
tosojr-prof[arroba]yahoo.com.br
Wisconsin
International University
Doutorado
Administração De Negócios
ética No Trabalho
W1027
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