Procura-se a delimitação de alguns aspectos da didática e da prática em um contexto econômico mundial vinculado aos problemas históricos e sócio-econômicos do Brasil como o centro de sérias discussões sobre o ensino brasileiro. Identifica-se a necessidade de desenvolver a competitividade da mão de obra nacional para fazer frente aos efeitos negativos da Globalização em países em vias de desenvolvimento e a preocupação de se aproximar os ideais didáticos do cotidiano das pessoas como agente promotor desta competitividade.
O interesse do autor pela didática e da prática na formação universitária ocorreu por meio do contato deste com a vida acadêmica ao ingressar no curso de graduação, por ter vivido e acompanhado as transformações dos anos 80, 90 e do início deste século, além de sua experiência docente em cursos de três de graduação noturna .
Também houve o interesse ao observar-se a mudança no mercado de trabalho durante a década de 90 que exigiu maior competitividade no perfil profissional por parte dos jovens ingressantes neste mercado e dos esforços do corpo docente em discutir e tentar propor alterações didáticas que atendam as demandas de mercado e as dificuldades em delinear e aplicar esta abordagem.
Este artigo tem o objetivo de apresentar e analisar alguns dos muitos aspectos da didática e da prática na virada do século.
A industrialização no Brasil não ocorreu no mesmo período da Revolução Industrial na Europa e América do Norte e também não foi no mesmo ritmo, a industrialização no Brasil possuiu momentos históricos de desenvolvimento industrial indo da atividade quase nula até a intensa. Constitui-se de um processo não uniformizado de crescimento.
O maior ímpeto industrial deu-se a partir de 1935-40 quando o Brasil abandona a antiga postura de país exclusivamente agrário e monocultor e passa a desenvolver a indústria de base. A próxima fase de industrialização, ocorrida entre 1950-60, na era JK, que entre outras indústrias trouxe a automobilística seguida das auto-peças.
Nos anos 70 deu-se a consolidação do parque industrial brasileiro com grande projeção nas áreas química e petroquímica e na ampliação e multiplicação das indústrias já instaladas ou nos mercados formados[1].
Passada a Década Perdida (CASTELLS 1999, p. 129-145), os anos 80, caracterizada por um período de estagnação no Brasil, o país entra na década de 90, esta década é marcada como a da Globalização e ocorre no Brasil uma grande abertura da sua economia (PRAXEDES e PILETTI 1997, p.7-9 e 37).
Foi nos anos 90 que a abertura da economia brasileira permitiu novos ingressantes no mercado nacional, mas as sucessivas tentativas de ajustes econômicos para conter a inflação abalaram as empresas até a metade da década (CASTELLS 1999, p. 146-147).
Com o lançamento de um processo de estabilização econômica, chamado de Plano Real, ocorreu finalmente a contenção do mecanismo inflacionário. Foi também nos anos 90 que ocorreu um maior ímpeto na vinda e na concentração da indústria de alta tecnologia baseada em telecomunicação além de outros segmentos que se mantiveram afastados até então (O ESTADO DE SÃO PAULO, matérias diversas, 09/03/2001, 12/03/2001 e 09/02/2000).
O processo de capacitação da mão de obra, para acompanhar estas mudanças, também não ocorreu de maneira uniforme e eficaz. Já Ianni (IANNI 1963, p. 206) alertava para estas dificuldades no Brasil. De fato o processo de globalização, globalização que foi acelerada principalmente com o desenvolvimento dos meios de transporte e de telecomunicações. Mas a globalização não ocorreu de maneira uniforme, não é abrangente, exclui e cria abismos econômicos e pressões sociais terríveis (CASTELLS 1999, p. 120 e PRAXEDES e PILETTI 1997, p. 14).
Se os processos de desenvolvimento econômico e industrial no Brasil não ocorrem de maneira uniforme, também o mesmo se dá na Educação. Há uma série de desconexões entre a didática e a prática. Martins (MARTINS 2003, p.16) explica que os conflitos sociais são capazes de gerar processos pedagógicos e isto vai de encontro a outra afirmação desta autora (MARTINS 2003, p. 39) de que foi ao longo da década de 80, a década perdida citada acima, que os educadores iniciaram uma busca mais árdua para a aproximação entre o pensar e o agir em termos de educação, preocupados que estavam com o decisivo papel da educação na formação da mão de obra qualificada para competir.
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