O Mercosul e os problemas internos que mais preocupam os países-membros. As dificuldades de acertos de divergências entre a Argentina e o Brasil, as controvérsias que abalam a credibilidade do Mercosul com impacto em setores específicos da economia de cada País. As dúvidas sobre o futuro do Mercosul e da capacidade política da Argentina e do Brasil.
O interesse do autor pelo tema ocorreu do fato que o Mercosul é o maior e mais ambicioso projeto da política externa brasileira segundo o próprio Itamaraty (CORRÊAS, 1998) e assumiu a forma de um imenso compromisso de integração regional na América do Sul.
Este grande acordo comercial é um fato real que foi fruto e ao mesmo tempo conseqüência da aproximação entre o Brasil e a Argentina e o desejo da criação de um mercado comum, embora o Mercosul Político esteja muito longe de uma realidade, segundo Gobbo (2003, p. 39) existem dois tipos de mercados, um é a cooperação e o segundo é a integração econômica, o Mercosul é sem dúvida um poderoso instrumentos de integração com todas as sua dificuldades.
Na prática o Mercosul, na sua forma e como foi criado, passou por várias fases, no início reuniu todos os elementos para a criação de uma área de livre comércio para promover o desenvolvimento e a projeção dos quatro países membros na economia internacional. A segunda fase foi a União Aduaneira, cujo maior marco foi a criação da TEC[1] (GOBBO 2003, p. 44). A terceira fase é a formação do Mercado Comum permitindo circulação de pessoas, bens, serviços e capitais.
Hoje o Mercosul apresenta-se como uma União Aduaneira imperfeita, mas é um forte agente de polarização regional, colocando o Brasil como líder regional e internacional 1 em assuntos envolvendo vias de desenvolvimento nos países que não estão no eixo central das grandes economias globais.
"Washington, EUA -O governo dos Estados Unidos foi efusivo nesta sexta-feira em seus elogios aos resultados da primeira Cúpula de Presidentes da América do Sul e enalteceu o ato de liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso de convocar e realizar o histórico encontro. "Eu não poderia estar mais satisfeito", disse ao Estadão.com o embaixador norte-americano em Brasília, Anthony Harrington.".
SOTERO 2000
Justifica-se neste aspecto o interesse pelo tema, pois a fragilidade dos países membros e as incertezas não permitem a identificação de uma clara definição do destino do Mercosul rumo ao futuro.
Este artigo tem o objetivo de apresentar e analisar sob um ponto de vista o Mercosul, sua importância estratégica, sua prática e possíveis projeções resultantes desta análise.
A fragilidade da América Latina, política, econômica e social, já foi analisada e estudada por muitos, propor soluções isoladas para cada país resolve parcialmente o problema, algumas vezes criam-se outros problemas causados pela polarização econômica, como exemplo podemos citar os Estados Unidos da América e a constante massa de imigrantes que para lá se dirigem todos os anos, uma grande parte desta massa é de origem latina, incluindo brasileiros, com suas conseqüências sociais e econômicas (UOL, 2004).
A concepção do Mercosul, que na sua essência é um projeto comercial entre os países signatários (BRASIL, 2004), prevê uma série de etapas de integração econômica rumo a uma união econômica, os desafios para cumprir estas etapas são os dados de cada país membro (Anexo1). Apesar dos países membros estarem em um mesmo contexto histórico e geográfico, estes possuem diferenças significativas.
Estas diferenças contrastam entre os países membros, pois vão desde a extensão territorial, distribuição da população, capacidade industrial e nível de desenvolvimento, entre outras. As dificuldades enfrentadas por todos os países são comuns, mas as soluções e detalhamento de como resolvê-las é exclusiva para cada país-membro e por causa disso o Mercosul não segue uma linha de soberania supranacional, como é o caso da União Européia. O Mercosul preserva a soberania de cada país-membro (Estado-parte) do tratado (BRASIL, 1994 e ALMEIDA, 2001).
As maiores conseqüências destas diferenças sentiram-se com abalos causados no plano internacional, que afetaram as economias internas dos maiores membros do Mercosul: Brasil e Argentina, estes abalos testaram a solidez do Mercosul, gerando crises de credibilidade e impactos econômicos em alguns setores.
A primeira crise foi causada pela mudança da política cambial brasileira em janeiro de 1999 (ALMEIDA, 2001), se é que podemos chamá-la de crise, foi seguida de uma série de críticas, principalmente por parte da Argentina ao Brasil.
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