CAPÍTULO I
O ser treinador exige conhecimentos e requer experiências que transcendem as aquisições de uma carreira desportiva como atleta, por mais destacado que ele tenha sido.
Segundo Bruceta (1996), os treinadores pensam e decidem os objectivos a alcançar pelos atletas a seu cargo, planificam o trabalho a realizar, decidem o tempo de treino e a estratégia a seguir na competição, dão instruções, aprovam ou recriminam acções, animam, criticam, etc. Têm, definitivamente, uma grande responsabilidade global sobre o rendimento dos seus atletas e, por isso, o seu próprio comportamento incide consideravelmente sobre esse rendimento. Ainda de acordo com o mesmo autor, apesar de ser importante o conhecimento que o treinador possui, é a sua competência na sua aplicação que distingue a intervenção de excelência da mera intervenção comum. Está inerente à função do treinador a responsabilidade da direcção do processo de treino pelo qual os atletas se preparam para a performance, por conseguinte a análise do seu comportamento assume-se como uma preocupação fundamental na actualidade desportiva.
Segundo Damásio & Serpa (2000), a questão em torno do "bom" treinador é determinante, sendo actualmente tema de grande discussão, uma vez que os comportamentos adequados dos treinadores são específicos de cada situação, resultando de quatro ordens de factores: (1) Características da actividade desportiva; (2) Características dos jogadores; (3) Características dos treinadores e; (4) Do enquadramento situacional.
De acordo com Weimin (1991) um treinador deve ser um educador, um director do treino e um "manager" quotidiano das coisas da vida. Um treinador deve ser ambicioso e auto disciplinado, deve fazer face aos seus jogadores, um colectivo que exige competências de líder.
Para a liderança existe um consenso de que liderar significa a capacidade de influenciar pessoas para trabalharem juntas, para o alcance das metas e objectivos de maneira harmónica. Embora no senso comum se envolvam uma série de características para se estabelecer uma concepção teórica deste processo, a definição de liderança não é tarefa fácil.
No âmbito desportivo, esta influência deve ser entendida nas tomadas de decisões, nas relações interpessoais e nas posições de direcção do grupo ou equipa com confiança, poder de persuasão. Em termos gerais, o líder é a pessoa que, em dado tempo e lugar, por suas acções, modifica, orienta, dirige ou controla atitudes, acções e comportamento social.
A liderança deve ser considerada de forma específica, de acordo com a tarefa executada, ou seja, se uma pessoa surge como líder de uma equipa desportiva, isto não significa que, necessariamente, se tornará líder em outras situações. Não se sabe até onde o tipo de liderança do treinador interfere na derrota ou na vitória de uma partida, mas segundo Simões (1994), não restam dúvidas de que ele exerce um papel importante na busca de rendimento de uma equipa. Por esse motivo, o treinador de uma equipa tem uma responsabilidade que se estende muito além do resultado desportivo.
No desporto o rendimento é um processo considerado complexo que resulta de um conjunto de variáveis que têm sido valorizadas de uma forma distinta ao longo da evolução do desporto, perspectivado na sua dimensão de fenómeno de rendimento humano, cujo impacto social, como é por todos sabidos, tem vindo a crescer nos últimos anos.
Tal como acontece nos outros temas da Psicologia do Desporto, a investigação sobre o treinador e sua relação com atleta está relacionado com a sua forma de liderança, que liga à construções do conhecimento realizado noutros domínios da Psicologia.
O treinador na sua essência, ao lidar com um grupo de atletas que formam uma equipa, onde os indivíduos possuam, dentro de uma diversidade de potencialidades individuais, atingir em conjunto objectivos comuns e, onde o todo não é necessariamente igual à forma das partes, deve estar dotados de domínios sólidos no contexto dos factores psicológicos associados ao rendimento desportivo, de forma a tornar a equipa mais produtiva e funcional e o treinador deve encontrar um ponto de equilíbrio entre as variáveis motoras e sócio-psicológicas aplicáveis no âmbito da potenciação do rendimento desportivo dos seus atletas.
Por outro lado, sua justificação reside, na necessidade de preencher a lacuna na literatura Moçambicana sobre o tema e, por outro lado, o fornecimento de informação qualitativa capaz de melhor potenciar a eficácia da gestão comportamental de atletas e treinadores Moçambicanos.
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