A implantação da TV pública no Brasil e a grande imprensa nacional



  1. Introdução
  2. Breve histórico da TVE
  3. O projeto da TV Pública
  4. A repercussão na grande Imprensa
  5. Conclusão
  6. Bibliografia

"A minha ética como marceneiro é igual à a minha ética como jornalista. Não existe uma ética específica do jornalista: sua ética é a mesma do cidadão." (Cláudio Abramo, autor de A Regra do Jogo)

Introdução

Este trabalho visa a investigar a cobertura realizada pela grande imprensa brasileira acerca da implantação de um sistema público de televisão no país. Através de matérias publicadas entre os dias 01/11/2007 e 02/12/2007, nos três jornais de maior circulação no Brasil – Folha de São Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo –, à época em que a TV Brasil entrou no ar, no primeiro domingo de dezembro (02/12/2007), vislumbro trazer à luz a discussão sobre uma temática muitas vezes ignorada pelos conglomerados de mídia que concentram a informação produzida e distribuída em todo o território nacional. Aliás, este assunto fazia parte do cotidiano dos funcionários que lá trabalhavam, fato que eu pude comprovar enquanto estagiário no ano de 2009.

Desde o início contrários ao projeto de uma televisão pública brasileira, os mais diversos veículos da chamada grande mídia fizeram de tudo para barrar a transformação da TVE – TV Educativa do Rio de Janeiro –, de capital misto, na TV Brasil, de financiamento inteiramente público. Receosos de que logo se tornaria propriedade do governo federal, antes mesmo do funcionamento desta que é a primeira emissora brasileira de televisão inteiramente pública, os donos das principais empresas de comunicação tentaram inviabilizar a sua implantação no congresso nacional, cuja medida provisória foi aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado, em Brasília.

Capitaneado desde o início pelo ministro Franklin Martins, secretário de Comunicação Social do Governo Federal, o projeto de uma tevê pública brasileira engloba, até agora, muitas dúvidas e poucas certezas.

Desde a sua entrada em vigor, a TV Pública acumula erros. Por exemplo, a transferência da TV Pública para Brasília, no lugar de mantê-la no Rio de Janeiro, sede da TVE, e a contratação dos dois principais jornalistas que até então cobriam o cenário político na capital federal – além do próprio Franklin, ex-comentarista de política do "Jornal da Globo", a ex-colunista de política do jornal O Globo e hoje presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), criada para gerir a TV Brasil, Tereza Cruvinel.

Com uma grade de programação que deve obedecer ao interesse público, a TV Brasil não deve e não pode apostar nos famigerados índices de audiência para competir com as emissoras comerciais. Deve, isso sim, melhorar a aparelhagem técnica para a recepção de áudio e imagem nos lares onde for possível sintonizar o sinal da TV Pública; expandir a ideia de uma tevê educativa, permanecendo antenada com as transformações correntes no Brasil e no mundo; fazer coberturas em profundidade, alimentando o debate entre todos os setores da sociedade, permitindo que o Brasil se conheça melhor através de programas realizados em todas as regiões do país. Assim, a recém-nascida e até hoje única emissora brasileira totalmente pública, teria mais chances de assumir o logotipo difundido pela Radiobrás, através da TVE, no Rio de Janeiro, logo ignorado e esquecido pela EBC, através da TV Brasil, em Brasília: "Você escolhe. Você programa. Você assiste."

Breve histórico da TVE

Se quisermos tratar da implantação de uma emissora de televisão pública no Brasil, é preciso, prioritariamente, remetermo-nos a Edgard Roquette-Pinto e o seu pioneirismo na radiodifusão brasileira. Não só pela sua proposta de aliar Comunicação e Educação através do rádio, mas, também, porque se fazia necessária a transferência de tecnologia, equipamentos e conhecimento, do segundo para o primeiro. E em 19 de dezembro de 1960, no último mês do governo de Juscelino Kubitschek, a revista PN – de Publicidade e Negócios – trazia a seguinte manchete: "O escândalo da TV Educativa no Brasil", "que reconstituía os primeiros passos da tentativa de implantar uma televisão educativa no país e o descaso das autoridades políticas com sua implementação." (MILANEZ, L., 2007, p. 11).

O chamado "descaso das autoridades políticas" não é diferente da tentativa empreendida pelo Governo Lula, efetivamente, desde o fim de 2007. Ou seja, o atual investimento realizado no sentido de criar uma emissora de televisão inteiramente pública tem sido atropelado por interesses próprios do Poder Executivo, portanto, alheios ao que se entende pelo binômio televisão e público, o que podemos perceber é que também a tevê educativa já enfrentara o mesmo problema, quando "foi implantada sem obedecer a um planejamento que decorresse de uma política setorial de governos. Poucas foram as que surgiram com objetivos explicitamente definidos." (FRADKIN, A. In.: Carmona, B., 2003, p. 56).


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