Neste trabalho pretendemos esclarecer alguns aspectos da profissão docente. Dado tratar-se de uma profissão que abrange um largo leque de aspectos, os aqui tratados são alguns entre muitos. Não nos foi fácil escolher quais os pontos a debater, no entanto, pensamos que esta abordagem irá mostrar o que é isto de ser professor.
Começamos pela evolução histórica para compreendermos melhor o porquê de esta profissão se encontrar nesta fase. Segue-se depois o percurso do docente, a apresentação das suas características base (embora aqui devamos ter em atenção que são muitas as variáveis), os papéis a desempenhar e suas funções . Os tempos são de mudança e os papéis mudam, devendo actualmente o professor ter essas questões em atenção.
A questão da educação encontra-se muito em voga em. Uma mudança de atitudes está a surgir no nosso país, apercebendo-se cada vez mais da importância que este campo constitui para uma real evolução do país. Constituindo um pequeno apanhado do discutido esperamos que algumas dúvidas se esclareçam e que este trabalho sirva de mote para abrir discussão sobre este tema.
Começa-se por falar de ensino a partir do século XVI. Começou a cargo das congregações religiosas, com especial destaque para os jesuítas. O ensino estava fortemente ligado ao poder clerical sendo os professores na maior parte das vezes também sacerdotes. Este tipo de ensino prolongou-se até aproximadamente ao século XVIII. Só estava reservado a uma elite e servia meramente como actividade acessória.
A partir do século XVIII procedeu-se a uma grande mudança no ensino. Este passou das mãos do Clero para o poder do Estado. Esta mudança não foi estabelecida de uma maneira muito brusca. Foi o Marquês de Pombal quem inaugurou na Europa as reformas estatais de ensino. A sua grande preocupação foi a de constituir um corpo laico de professores que pudessem servir de agentes do estado nas diversas localidades e povoações do país, essencialmente passar a tutela do ensino para o Estado. A intervenção do Estado vai provocar uma homogeneização, uma unificação e uma hierarquização à escala nacional, de todos estes grupos, os professores aparecem, então como corpo profissional. A elaboração de um conjunto de normas e de valores é largamente influenciada por crenças e atitudes morais e religiosas. A princípio, os professores aderem a uma ética e a um sistema normativo essencialmente religiosos.
No século XIX a expansão escolar acentua-se sob a pressão de uma procura social cada vez mais forte: "a instrução foi encarada como sinónimo de superioridade social, mas era apenas o seu corolário" (Furet e Ozouf, 1977). As escolas responsáveis pela formação dos professores começam a surgir e os professores adquirem um estatuto social. Este estatuto não está inserido nos outros já presentes, visto eles não estarem propriamente relacionados com o clero, nobreza, povo ou burguesia. Mas a comunidade tem bem presente a sua importância e a necessidade de criar boas condições para eles.
A visão de que os professores são necessários para uma evolução do país torna-se cada vez mais presente. Assim, procurou-se fazer da educação o instrumento político de afirmação como regime. Elaboram-se políticas de combate ao analfabetismo e tentou-se criar uma nova consciência cívica.
Formação do Professor
A sociedade exige, crescentemente, um professor qualificado, tanto nos planos científico e tecnológico como nos planos culturais e pedagógico. Só através de uma qualificação adequada, o professor terá condições de desempenhar eficazmente as funções que lhe compete, quer no sistema educativo quer na sociedade.
Sabe-se que a formação do professor é um processo que ocupará toda a duração da sua actividade profissional, distinguindo-se três grandes componentes estruturais: a formação inicial, a formação contínua e a formação especializada.
No entanto nenhuma destas componentes age isoladamente, a sua articulação com as restantes é inevitável, interferindo-se sistematicamente os seus campos específicos. Em termos de organização institucional da formação, significa isto, por exemplo, que a formação inicial deve logo pressupor o seu desenvolvimento na formação contínua e a sua diversificação na formação especializada.
Sentir-se professor ou assumir-se como professor é o resultado de um processo evolutivo, construído dia a dia e ao longo dos anos, desde o momento da opção pela profissão docente, à custa, fundamentalmente, de um saber experiencial, resultante do modo como os professores se apropriam dos saberes de que são portadores, que deverão reconceptualizar; da capacidade de autonomia com que exercem a sua actividade; e do sentimento de que controlam o seu trabalho (Nóvoa, 1992).
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