Violência urbana e a antropologia social
6965 palavras
28 páginas
GULLO, Álvaro de Aquino e Silva. Violência urbana: um problema social. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(1):G O A R T I Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(1): 105-119, maio de 1998. 105-119, maio de 1998.Violência urbana um problema social
ÁLVARO DE AQUINO E SILVA GULLO
RESUMO: O presente artigo reúne um conjunto de reflexões sobre diversos aspectos em que se manifesta a violência social. Essas reflexões, apresentadas em momentos diferentes, como aulas, debates e num congresso, foram agrupadas sob o título de Violência Urbana porque concorrem para a compreensão da violência cotidiana enquanto problema da sociedade urbana. Dos cursos regulares, registro a concepção inicial, tomada da antropologia social, que …exibir mais conteúdo…
A violência é um fenômeno social inerente a qualquer tipo de sociedade; 2. A forma sob a qual se manifesta reflete o tipo de sociedade e mostra o seu significado nessa sociedade; 3. A violência depende, portanto, de estímulos provenientes da própria sociedade.
O banditismo social na sociedade rural
A abordagem desse fenômeno social analisado através da metodologia científica, cuja preocupação é a de buscar explicações baseadas em dados empíricos levantados, selecionados e coligidos mediante técnicas de observação e análise comuns a todo investigador, possui validade universal de acordo com as condições comuns em que o fenômeno social é considerado. Devido à complexidade dos fenômenos sociais, as uniformidades e regularidades variam de uma sociedade para outra, daí os seus resultados se apresentarem como generalizações empíricas – menos rígidas do que a formulação de “leis” do comportamento –, embora devido à sua natureza lógica
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GULLO, Álvaro de Aquino e Silva. Violência urbana: um problema social. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(1): 105-119, maio de 1998.
se configurem como uma representação conceitual da realidade. Para ilustrar esse procedimento podemos citar o estudo de Eric J. Hobsbawn (1976) sobre o banditismo social, mostrando sua notável uniformidade em todas as épocas e continentes. A análise do comportamento real do bandido corresponde a um papel social que lhe foi atribuído no drama da vida camponesa e o caracteriza como um